26 Abril 2024, Sexta-feira
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Como é que se afere o valor da vida do agente da Polícia de Segurança Pública, Fábio Guerra?

Esta crónica vem precisamente na esteira da redigida na semana passada, sobre a morte da menina Jéssica, de três anos, selvaticamente assassinada.

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Recorde-se que Fábio Guerra, 26 anos, agente da PSP, faleceu no dia 21 de Março, no Hospital de São José, em Lisboa, na sequência de graves lesões cerebrais provocadas por agressões de que foi alvo no exterior da discoteca Mome, em Lisboa, quando, fora de serviço, interveio, na sequência de confrontos entre dois grupos.

Após a sua morte, foi elaborado um inquérito, cujo relatório final concluiu pela existência de nexo de causalidade entre o risco inerente à função policial ou de segurança e a morte do agente, pelo que se irá proceder à compensação monetária de 176 mil euros ou seja, 250 vezes a retribuição mínima mensal garantida, que era então de 705 euros, o que se traduz nesse montante global e que será entregue aos pais.

Retribuição mínima mensal garantida? A palavra mínima neste contexto, soa mal, pessimamente, é insultuosa e obscena.

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A vida de um agente das forças de segurança vale isso? Como é que se afere o valor da vida?

Existe alguém que consegue fazer estas contas miseráveis, ir para casa e dormir descansado?

E o que é que se diz aos pais do agente Fábio Guerra, nestas circunstâncias?

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Muito obrigado, o vosso filho foi um herói, tomem lá o chequezinho e que vos faça bom proveito?

Volto a perguntar: como é que se afere o valor da vida? Pelo dinheiro de uma qualquer indemnização?

Quanto ao assassínio (porque é disso mesmo que estamos a falar), do agente da PSP Fábio Guerra, passados quatro meses, ainda não se procedeu a uma conclusão do processo e à punição dos responsáveis?

A Polícia Judiciária (PJ) deteve dois fuzileiros que estão indiciados por homicídio qualificado.

Existe ainda um terceiro elemento, civil, sob suspeita, em liberdade, que terá sido identificado pelos próprios militares e responsabilizado por estes pelas agressões fatais a Fábio Guerra.

Passados todo este tempo, o agente da PSP Fábio Guerra foi morto ainda não se sabe bem por quem, com suspeito(s) sem ainda sequer terem sido ouvidos?

Por outro lado, muita Comunicação Social encara este problema de uma forma leviana, de espectáculo, procurando captar morbidamente as audiências, sem muitas vezes encarar estes assuntos de forma corajosa e responsável.

Devemos analisar e escalpelizar estes assuntos de forma pedagógica, séria e sobretudo com sentido de responsabilidade.

Assim sendo, tudo passa pelo estabelecimento, a montante, de metodologias preventivas.

Existem dois males que corroem a Democracia: A corrupção e a criminalidade.

Quanto a ambas, é imperioso que o Estado seja forte para não ser violento.

Para isso temos que alterar as mentalidades, devolvendo a força (legal, moral e material) a quem tem de exercer a autoridade.

Actualmente isso está longe de acontecer.

Todos eles devem ter uma capacidade operativa que lhes permita agir de uma forma eficaz e célere na prevenção do crime.

Temos de saber compreender e respeitar quem representa e exerce a autoridade.

Temos de dotá-los de meios eficazes na prevenção do crime.

Nas escolas, temos de saber transmitir atitudes e valores que propiciem às crianças de hoje, poderem ser cidadãos conscientes e responsáveis.

A Democracia, tal como está, permite, infelizmente, o aumento da criminalidade.

Mas não se pense que o problema é da Democracia, mas do mau uso que se lhe dá.

Nas sociedades democráticas não há nada pior, em termos da segurança do cidadão comum, do que criminalidade impune.

E a corrupção. Impune também. Ex-primeiros ministros, empresários, gestores e banqueiros nos tribunais. Recursos e mais recursos. Sem fim à vista.

Regresso ao princípio; como é que se afere o valor da vida?

Com um cheque de retribuição mínima mensal garantida?

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