23 Abril 2024, Terça-feira
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O reencontro com os amigos da Praça do Brasil

“Os amigos não morrem: andam por aí, entram por nós dentro quando menos se espera e então tudo muda: desarrumam o passado, desarrumam o presente, instalam-se com um sorriso num canto nosso e é como se nunca tivessem partido. É como, não: nunca partiram.”

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António Lobo Antunes

 

Um qualquer encontro de amigos, constitui sempre uma ocasião especial.

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Desta vez, fomos ao encontro do nosso passado comum, com os queridos amigos da Praça do Brasil, que engloba geográfica e afectivamente a Estrada dos Ciprestes, a Av. de Goa, rebaptizada mais tarde Av. Guiné-Bissau e a rua Olavo Bilac.

São os nossos espaços físicos e emocionais da primeira infância que se prolongou até à adolescência.

E, portanto, reunimo-nos numa unidade hoteleira de Setúbal,  os amigos Artur Ribeiro, Hélder Justo, João Mário Pato, Manuel Palma (Troiano), Paulo Soares e eu próprio.

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Estes encontros de amigos possuem um encantamento e um sortilégio a que nenhum de nós fica indiferente.

Para além disso, acresce a alegria, a satisfação, o regozijo, o gosto, o privilégio, de convivermos, ainda que por pouco tempo,  com um conjunto de pessoas que foram importantes nos nossos primeiros passos comuns.

E estes são mesmo os primeiros passos comuns, onde iniciamos as nossas amizades com os amigos do nosso bairro.

Pertencemos todos a uma geração de rua, que fazia da dita cuja um prolongamento natural da própria casa, com as brincadeiras inerentes.

Jogar à bola, ao pião, ao prego, ao berlinde, ao lá-vai-alho, às escondidas nocturnas, às corridas de bicicleta, aos carinhos de rolamentos, aos roubos inocentes de fruta nas quintas limítrofes, etc.

A rua era um local perfeitamente seguro; hoje, infelizmente, os garotos passam a vida em casa, agarrados aos telemóveis e às novas tecnologias, que lhes retiram o carácter genuíno daquilo que eram os nossos contactos relacionais.

Os nossos amigos de infância são pessoas que povoam o nosso imaginário ao longo das nossas vidas.

Com eles, iniciamos a nossa autonomia, nessa altura ainda trémula, bamboleante e insegura, que vai continuando e consolidando progressivamente ao longo da vida, com estradas, cruzamentos, sentidos proibidos, becos sem saída, auto-estradas, numa “metáfora rodoviária”, que constituem os nossos percursos de vida.

Trilhamos caminhos diversos; profissões, amizades, amores, opções, mas, passados todos estes anos, reencontramos um fio condutor coerente que nos une, uma linguagem similar; em suma, recordações comuns, que nos enchem de uma enorme alegria.

No convívio, eramos poucos, mas bons. O Covid tem vindo, infelizmente, a deixar as suas marcas relacionais e a condicionar comportamentos e atitudes.

Nós somos todos vitorianos genuínos, do coração, que exultaram com o resultado com o Caldas, que tinha decorrido durante o repasto.

Relembrámos futebolistas lendários e desafios do Vitória Futebol Clube, que permanecem ainda muito vivos nas nossas recordações comuns. Vitórias com o Spartak de Moscovo, Fiorentina, Inter de Milão, Liverpool, Leeds, Hadjuk Split, etc.

Todos assistiram a todas. Todavia, existe a tristeza de não estarmos no lugar que merecemos.

As caras evidenciavam todas o mesmo: alegria genuína pelo reencontro. Um brilho intenso em todos os olhares.

Ficaram combinados novos encontros. Com mais gente.

Assim permita o Covid.

Quanto a mim, foi um enorme prazer e privilégio poder usufruir, ainda que por breves e fugidias horas, com gente que preenche os nossos espaços afectivos e emocionais.

Até já criámos um grupo no Facebook.

Grande categoria.

Bom Ano de 2022 para todos!

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