4 Maio 2024, Sábado
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Campanha eleitoral, aí a temos

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Campanha eleitoral, aí a temos
Juvenal José Cordeiro Danado - Professor
Juvenal José Cordeiro Danado – Professor

 

Férias a gualdirem-se, outro ano de escola e de trabalho a começar, sorte macaca, o que é bom passa depressa, prò ano há mais, é a vida. Os veraneios vão-se esgotando, e lá vem a nostalgia dum tempo de folguedos e liberdades que dará lugar à ditadura das obrigações.

Os políticos, cheios de genica, apresentam-se de armas de arremesso preparadas para o recontro eleitoral. Já se ouvem declarações inflamadas. O escárnio e o maldizer sobem de tom. A demagogia, a grande porca, sobe ao palco toda lampeira, a vender o seu produto: se queres o céu vota em nós, os outros são o inferno. E revelam-se as promessas, carradas delas, pois suas excelências não são parcas na matéria.

O PS, como quem conta fábulas a criancinhas, e na cantilena de que o paraíso é possível, diz maravilhas da maioria absoluta. Mas os portugueses lembrar-se-ão, de outros carnavais, que as maiorias absolutas são férteis parideiras de arrogâncias, nepotismos, corrupções e muitos outros desatinos governativos. Já as padeceram (às ditas cujas), verão no atual governo a prova provada de que é possível e proveitoso governar com parcerias à esquerda, e estarão prontos para o manguito da ordem. Uma maioria simples, apoiada na esquerda, refreia descaminhos, serve perfeitamente o país e agrada à maioria (o povão que sabe o que a vida custa), como se comprovou na legislatura que finda.

O governo de António Costa poderia ter feito mais e melhor – é sempre possível fazê-lo, mesmo que saibamos que os recursos serão sempre limitados para o volume das necessidades. Das medidas que agradaram, não teria tomado algumas, não fossem as exigências dos parceiros. Poderia ter evitado umas quantas trapalhadas que atrapalharam a sua administração e lhe custaram desconfortos, desgastes e um tanto de descrédito. O seu governo pisou o risco numas quantas situações, no que se pôs ao jeito das baterias de fogo das direitas e do grassar de desconfianças entre os apoiantes. Ainda agora, na greve dos motoristas (que não podia ter acontecido em melhor altura, como oportunidade para brilhar e cair no goto de muito eleitorado), revelou tiques de autoritarismo que não condizem com quem se arroga de esquerda. Contudo, e olhando as intenções de voto que se anunciam, parece que o desgaste dos quatro anos não impedirá o PS de vencer em outubro. Que vença, mas sem a tal maioria. E os deuses que nos livrem de alguma tentação de Costa para ceder aos desejos de muitos correligionários e se encostar à direita, seguindo a proverbial tendência do PS.

As direitas, atormentadas pela derrota nas europeias e com terror de apanharem outra tareia, que bem merecem, andam desorientadas, não há bússola que as guie nem personalidade que lhes valha e as una. A «geringonça», apodaram-na, não davam nada por ela, escarneceram-na e vaticinaram-lhe morte precoce, mas ela bem as tramou. A um mês das eleições, gastam os últimos cartuchos de uma oposição demagógica, trapalhona e inconsequente. Pressentem que vão perder, e aqui d’el-rei, que é real o perigo do concerto das esquerdas e do diabo se perpetuar no poder! A travessia do deserto estará para durar. Terão muito trilho a percorrer para voltarem ao poleiro. Um povo que sofre tropelias políticas, quando aprende a usar o voto e a oportunidade surge, vinga-se. E a governação severa de Passos, somada aos decénios de incontáveis proezas de má memória do cavaquismo foram de mais para a paciência e a tolerância dos portugueses. Digo eu.