Iniciativa foi mostrada a cerca de 200 pessoas, entre comerciantes e população. Esta vai abranger 848 negócios
André Martins considera que deviam ser “reforçadas as capacidades das forças policiais” na cidade de Setúbal, mas não se opõe à implementação de sistemas de videovigilância “desde que sejam salvaguardadas todas as garantias de privacidade”. O presidente da Câmara Municipal de Setúbal refere que a questão tem sido levada a instâncias superiores.
“Por isso temos vindo a insistir, embora sem sucesso, junto dos governos, para que reforcem o número de efectivos disponíveis no concelho para que tenhamos um policiamento efectivo e de qualidade e acabemos, de vez, com os repetidos relatos de pessoas que chamam as autoridades sem que estas intervenham porque não têm meios”.
Só depois de resolvido o problema de falta de meios humanos considera que há condições para “debater com mais tranquilidade as questões da videovigilância e outras matérias associadas à segurança, porque as câmaras de vídeo, só por si, não constituem meios capazes de impedir a criminalidade, ainda que tenham potencial para ajudar a prevenir”.
O autarca falava na noite de segunda-feira aquando da apresentação do Projecto Bairro Setúbal Digital, no Fórum Luísa Todi, que juntou cerca de 200 pessoas entre comerciantes e população da cidade. Este foi também momento de o edil falar sobre os “problemas gerados por um contrato de concessão de estacionamento tarifado, negociado no anterior mandato”, afirmando que “não é o que melhor serve” a cidade.
Durante a sessão soube-se que estão elegíveis para a implementação do projecto tecnológico um total de 848 estabelecimentos comerciais, desde o Troino até ao miradouro e passando pela Fonte Nova e a baixa da cidade – com extensão até à Avenida José Mourinho e abrangendo também o Mercado do Livramento. Em nota de Imprensa da autarquia setubalense sabe-se que Beatriz Amaro, gestora do Bairro, vai passar pelos estabelecimentos para dar formação aos proprietários.
“O desafio de digitalização do comércio que hoje aqui apresentamos, as diversas possibilidades de plataformas digitais que iremos disponibilizar e as componentes paralelas de formação, de promoção, de marketing e de informação que este projecto encerra é um importante factor para reforçar a actividade comercial e a vitalidade da nossa baixa comercial, para a manter viva e em crescimento, sempre a procurar aumentar o acesso dos cidadãos a estes negócios”, considerou o autarca.
A implementação dos Bairros Digitais conta com financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e resulta de um consórcio criado pela Câmara Municipal de Setúbal e que junta a Associação Bairro Cool e a União das Freguesias de Setúbal. Conta com uma verba de 1,3 M€ e é o segundo maior investimento no País.
André Martins considera que “este projecto é um importante contributo para o sucesso do comércio tradicional e para a atractividade da baixa comercial”.
Presente na apresentação esteve também Fernanda Ferreira Dias, directora-geral das Actividades Económicas, que considera que o projecto vai trazer “mais clientes, que, se calhar, de outra forma nem saberiam que determinada loja existe”, e que “no final vai dar como resultado o objectivo pretendido”. Lembra que, no Reino Unido, esta é uma iniciativa implementada há “muitos anos”.
Já Diogo Rodrigues, representante dos comerciantes da baixa comercial, refere que o investimento é “um presente” para todas as pessoas que desenvolvem as actividades económicas no centro da cidade de Setúbal. “O bairro digital vai permitir-nos ter uma montra muito, muito grande. Mas se não aproveitarmos isto, a montra vai encolher outra vez”.