Dezenas de familiares, amigos, actores e populares dirigiram-se esta tarde à Igreja do Mosteiro de Jesus para homenagear Manuel Bola. Recordaram o amigo “bem disposto”, o pai “exemplar” e o colega “generoso”
Maria Simões, colega de Manuel Bola há 36 anos recorda o companheiro do Teatro de Animação de Setúbal (TAS) como uma “pessoa bem disposta e um ser humano espectacular” que não devia morrer. “Acho que algumas pessoas deviam ser imortais e o Manuel deveria ser uma delas, não devia morrer nunca”, afirmou.
Sónia Martins, actriz do TAS também não esquece a “pessoa única e sempre com uma anedota na manga”. A última vez que a actriz contracenou com Manuel Bola foi na peça Bartoon alusiva aos cartoons de Luís Afonso, do TAS. “Apesar de estar reformado foi convidado pelo TAS, mas nos ensaios já se sentia muito cansado. Agora estava muito feliz por vir passar o Natal a casa, lembrou. “A própria família do Bola dizia que nós vivíamos mais tempo com o pai do que eles, porque entre ensaios, espectáculos e viagens passávamos mesmo muito tempo juntos. Ao pé do Bola ninguém estava triste, éramos como uma família no teatro”, disse a actriz Susana Brito do TAS.
Da ‘família do teatro’ para a família biológica, o filho Pedro Simões confessa emocionado: “Foi o pai mais competente que pude ter, porque também não me imagino a ter outra pessoa como pai”. Próximo da família, Fausto Campos conta dois dos muitos episódios que o marcaram quando conheceu o amigo Bola. “A primeira vez que nos vimos, ele ficou muito admirado porque lhe dei dois beijos. Por isso, da segunda vez marcou a distância e deu-me só um aperto de mão para brincar comigo. Lembro-me também de irmos os dois beber um copo e ele pedir-me para não dizer nada à tia dele, porque lhe fazia mal a bebida”. Já Mário Viegas, amigo da Sociedade Capricho Setubalense reforça que a morte do actor representa uma “enorme perda para a cultura setubalense”, recordando com saudade o vizinho com quem partilhou muitas alegrias. “Não há palavras para descrever o Manel. Perde-se um grande amigo, homem, tudo. Nesta altura do Natal costumamos ir ter com as crianças, eu era mágico e ele fazia de palhaço. Foram tempos espectaculares”, afirmou Acácio Guerreiro, director do Rancho Folclórico das Praias do Sado.
O funeral do conhecido actor setubalense está marcado para hoje, com partida do Mosteiro de Jesus, onde esteve em câmara ardente durante todo o dia de ontem, para o Cemitério de Nossa Senhora da Piedade, em Setúbal. De acordo com a informação divulgada pela Agência Funerária Armindo, a missa de corpo presente terá lugar esta manhã, às 10h, saindo o funeral uma hora depois (11h) para o cemitério da Piedade.
Nascido a 3 de Setembro de 1944, Carlos Rodrigues, familiarmente conhecido por Manuel Bola foi actor residente do Teatro de Animação de Setúbal e entrou em várias séries de televisão, como os Malucos do Riso, A Loja do Camilo, Jardins Proibidos e Inspector Max, entre outras. Recentemente tinha sido hospitalizado no Hospital de São Bernardo, em Setúbal, onde realizou uma intervenção cirúrgica aos intestinos, tendo recebido alta há seis dias. Faleceu em casa este domingo. Tinha 72 anos.