26 Junho 2024, Quarta-feira

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Setúbal “engolida” por nuvem de fumo tóxico

Setúbal “engolida” por nuvem de fumo tóxico

Setúbal “engolida” por nuvem de fumo tóxico

Seis feridos com queimaduras ligeiras, cinco bombeiros e um funcionário da empresa, um armazém de produção de enxofre totalmente destruído, escolas fechadas e população obrigada a ficar em casa – foi este o balanço do sinistro que deflagrou na madrugada desta terça-feira, 14, na empresa

Setúbal acordou, esta terça-feira, sob uma espessa coluna de fumo a pairar sobre o horizonte e o odor intoxicante a enxofre. O alarme, porém, havia sido dado horas antes, por volta das três da madrugada. Até ao romper da aurora, bombeiros setubalenses com o apoio de elementos das corporações de Águas de Moura, Pinhal Novo, Palmela e Barreiro acumulavam o desgaste próprio de uma maratona de combate, ininterrupta, às labaredas que haviam começado a devorar dois armazéns de produção de enxofre na zona industrial da SAPEC, empresa especializada no fabrico de fertilizantes, localizada na Mitrena.

Cedo pela manhã, a batalha para controlar o sinistro e impedir que o mesmo se alastrasse à fábrica, onde laboravam centenas de operários, ainda perdurava, começando por haver registo de apenas dois feridos ligeiros, dois bombeiros. Pouco tempo depois, o registo era actualizado e aumentava para seis feridos ligeiros – cinco bombeiros e um funcionário da empresa.

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Ao mesmo tempo, aumentavam as preocupações, com a nuvem de fumo tóxico que sobrevoava o horizonte sadino a engolir distâncias, situação que levou à adopção de medidas  preventivas: todas as creches e escolas nas redondezas, incluindo o Instituto Politécnico de Setúbal, frequentado por cerca de seis mil alunos, não abririam portas, avisadas que foram pela protecção civil municipal que lançou ainda um apelo para que as populações residentes nas Praias do Sado e no Faralhão não saíssem de casa antes das 12h00, devendo também calafetar portas e janelas das habitações. O mesmo apelo seria feito, mais tarde, à população residente na freguesia de Gambia, Pontes e Alto da Guerra.

“As pessoas que sentirem alguma irritação nos olhos ou na garganta que possa ter sido provocada pela nuvem de fumo devem contactar o 112, que já está a par da situação”, alertava a protecção civil.

O fogo, que começou por ser combatido por uma brigada de funcionários da empresa devidamente vocacionada para o efeito, era dado como controlado pelas 7h00, porém, ainda se mantinha activo cerca das 8h00. Três horas e meia mais tarde, cerca de duas centenas de trabalhadores continuavam a laborar na unidade fabril. Um dos armazéns ficou totalmente destruído, mas os bombeiros conseguiram evitar a propagação das chamas à fábrica, que prosseguiu a laboração.

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As operações de rescaldo deverão prolongar-se por vários dias, admitiu o coordenador da protecção civil municipal de Setúbal, José Luís Bucho.

Bombeiro dos Sapadores transferido para São José

O sinistro provocou ferimentos ligeiros, queimaduras em membros, a cinco bombeiros e a um funcionário da empresa. Um dos bombeiros, pertencente aos Sapadores de Setúbal, escorregou e caiu, ficando ferido numa mão e acabando por ser transportado para o Hospital de S. José, em Lisboa, onde recebeu tratamento. Os restantes foram assistidos no Hospital São Bernardo.

 

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João Martins, director-geral da SAPEC

“Estavam muitas pessoas na fábrica”

João Martins, director-geral do Grupo Sapec, confirmou que se encontravam “muitas pessoas a laborar na fábrica [quando se deu o incêndio]”, apesar de não conseguir quantificar. “Não tenho indicação de quantas. O incêndio começou às três da manhã e foi dado como controlado por volta das sete”, disse, adiantando que “o armazém ficou completamente destruído”.

“Conseguiu-se controlar o incêndio de forma a não afectar a unidade fabril, que está ao lado do armazém de produção de enxofre, o que, neste caso foi importante, evitando maiores prejuízos”, observou.

Quanto à nuvem de fumo que se abateu sobre os céus da cidade, o responsável esclareceu: “O enxofre é um produto tóxico e esta nuvem de fumo naturalmente pode ser prejudicial, mas dentro de limites que são razoáveis. A toxicidade do enxofre não é muito elevada. Pode provocar irritações, náuseas e sintomas deste tipo. Felizmente não mais do que isto.”

A actividade da empresa “não ficou colocada em causa”. Toda a unidade fabril, acrescentou, continuou “a funcionar normalmente”.

 

Maria das Dores Meira

“Congratulamo-nos por não ter havido vítimas mortais”

Maria das Dores Meira, presidente da Câmara Municipal de Setúbal, salientou a capacidade de resposta dos bombeiros. “Congratulamo-nos por não ter havido vítimas mortais, apenas alguns feridos ligeiros, e por a fábrica não ter sido atingida devido à pronta intervenção dos bombeiros”, disse a autarca, que enalteceu também o papel da protecção civil.

“Houve o cuidado de se manterem as pessoas nas suas casas, para evitar-se alguns danos provocados por este fumo com alguma toxicidade. As escolas foram fechadas na freguesia próxima, a Freguesia do Sado, e por extensão, por preocupação, as escolas na Freguesia da Gâmbia, contígua à do Sado. Foi também fechado o Instituto Politécnico. Estamos ali com seis mil alunos. Portanto, tudo isto está acautelado”, realçou.

Sobre os feridos, a autarca confirmou que “sofreram queimaduras nas mãos e nas pernas por causa dos salpicos de enxofre líquido”, registando-se ainda o caso de “uma senhora que inalou fumo e foi assistida nas instalações da SAPEC”.

Qualidade do ar na Mitrena não ultrapassou limites

As estações que medem a qualidade do ar na zona de Mitrena, em Setúbal, não registaram qualquer valor acima do limite de referência, segundo a Direcção-geral da Saúde (DGS).

Em declarações à Lusa, Anabela Santiago, engenheira de Saúde Ambiental da DGS, o que foi transmitido pelos técnicos da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) indica que as estações de medição da qualidade do ar não ultrapassaram os valores de referência. “Aquilo que me foi transmitido é que, de acordo com a informação registada nas estações ali à volta e as estações que medem o SO2, o dióxido de enxofre, os valores registados não ultrapassam os valores de referência”, avançou Anabela Santiago.

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