A Sesibal soube, através das notícias, que a APSS pomete proteger a Restinga dos dragados, mas quer ouvir da presidente Lídia Sequeira de viva voz e, vai também querer esclarecer outras questões, adianta o representante dos pescadores, Ricardo Santos
Ricardo Santos, presidente da Sesibal-Cooperativa de Pescas de Setúbal, Sesimbra e Sines, vai afirmar hoje, em reunião com a Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra (APSS), a posição dos pescadores sobre a solução que esta encontrou para a deposição da primeira fase dos dragados resultantes da obra de alargamento do canal de navegação de acesso a esta infraestrutura portuária.
Na passada semana, em reunião com a associação de pesca Bivalmar, que representa dezenas de pescadores de bivalves, a presidente da APSS garantiu que “não vai permitir a deposição de dragados na zona da Restinga até que haja uma solução de consenso com os pescadores”. Lídia Sequeira indicou que “está previsto que o primeiro local a ser utilizado para deposição de dragados será o aterro, junto ao terminal ró-ró”.
O representante da Sesibal, que ficou com reunião com a APSS agendada para esta terça-feira, diz só ter tomado conhecimento desta solução através de O SETUBALENSE-DIÁRIO DA REGIÃO e vai reafirmar a opinião dos pescadores, “Registámos a expressão da presidente da APSS sobre os dragados não serem depositados na zona da Restinga, mas há outras questões de alteração que têm de ser negociadas em defesa dos pescadores”, diz Ricardo Santos sem antecipar quais as questões que vai apresentar.
“As alternativas têm de ser estudadas na defesa dos interesses da economia da pesca” e dos muitos pescadores que a Sesibal representa”, acrescenta.
Entretanto, Carlos Pratas, representante da Bivalmar, confirma que na reunião que teve com Lídia Sequeira ficou a garantia de que “a deposição de dragados se irá fazer apenas na zona de ampliação dos terminais portuários até que seja encontrada uma solução de consenso com os pescadores”.
A isto acrescenta sobre o outro local possível para a deposição de dragados “a sul da barra, numa zona com uma profundidade de cerca de 80 metros, a nossa associação não se opõe”. No entanto, alerta que “a deposição de dragados acaba sempre por ter impactos negativos”, porém, “a sul da barra, esses impactes serão muito menores do que seriam na Restinga, apenas com dois metros de profundidade e de grande importância para captura de bivalves”.
Lembre-se que a Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM) aprovou em 08 de janeiro uma licença (TUPEM – Título de Utilização Privativa de Espaço Marítimo) para a deposição de areias e lamas provenientes das dragagens para melhoria das acessibilidades marítimas ao porto de Setúbal, na denominada zona da Restinga.
“Foi com enorme estranheza e profunda preocupação que a comunidade piscatória de Setúbal e Sesimbra soube da decisão da DGRM, através da imprensa, de aprovar o TUPEM 5, para a zona da Restinga”, comentou na altura Ricardo Santos, acrescentado que “a deposição de areias e lamas, parte das quais poderá estar contaminada como refere o despacho da DGRM, na zona da Restinga, local onde cerca de 300 pescadores de Setúbal exercem a sua atividade profissional e ganham o sustento das suas famílias, constitui uma ameaça para a qualidade do pescado e para um local de captura de choco, salmonete, raias, sardinha, carapau cavala e outras espécies”.