Presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Setúbal faz balanço do atual mandato e aponta para as necessidades mais urgentes
A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Setúbal entra numa nova fase com as contas reequilibradas, mas enfrenta desafios estruturais e financeiros que continuam a marcar o dia a dia da instituição. Em entrevista a O SETUBALENSE, o presidente da associação, Sérgio Varela, faz um balanço do atual mandato, aponta as necessidades mais urgentes, como a aquisição de equipamentos de proteção individual e a renovação de meios, e sublinha a importância da articulação institucional, do voluntariado e de iniciativas, como a do ‘Ardina por um Dia’, que são de apoio comunitário e ajudam a garantir a capacidade de resposta desta corporação de bombeiros à população setubalense.
Como caracteriza a situação financeira e organizativa da associação neste momento?
Ao longo deste último mandato, conseguimos reequilibrar as contas da associação, sem por em causa o investimento nas pessoas, meios e instalações. Com um enorme rigor orçamental que impomos a nós próprios em cada cêntimo que gastamos, temos conseguido dar a estabilidade financeira necessária à nossa organização, garantindo o cumprimento integral de responsabilidades e compromissos. Numa Associação onde a palavra lucro não faz parte do vocabulário, é no empenho e rentabilidade de recursos internos, a par de uma gestão eficaz, que reside a estabilidade alcançada.
Existe articulação suficiente entre as diferentes instituições (CMS, INEM, Proteção Civil) para responder às necessidades da corporação?
Em primeiro lugar é preciso dizer que ninguém vai longe sozinho. Fazemos parte de um dispositivo municipal e possuímos um posto PEM para responder à emergência, o que aliado aos restantes parceiros desse mesmo dispositivo permite responder às necessidades da população. Como em qualquer articulação de esforços resultante de diferentes instituições, existe sempre espaço para a melhoria e acredito que tal como nós, todos os intervenientes no socorro estão focados nisso mesmo, na otimização continua dos recursos existentes para melhor responder à população.
Quais são, neste momento, as necessidades mais urgentes da associação?
Como prioridade principal temos a aquisição de equipamentos de proteção individual, que por força de nova legislação tem de ser revistos. Só esta necessidade representa um investimento de cerca de 60 mil euros.
No que respeita a meios, continuamos com a necessidade de rever a nossa frota de ambulâncias e a aquisição de um veículo tanque para aumento da capacidade de resposta em teatros de operação. Estas serão as mais urgentes num leque variado como é normal numa associação com a nossa dimensão.
O que faria maior diferença, a curto prazo, para melhorar as condições de trabalho dos bombeiros?
Aqui temos que abordar questões estruturais e nacionais como a regularização de carreiras e a definição do modelo de financiamento das associações. Ambas as questões, amplamente discutidas a nível nacional e por todos os níveis operacionais e políticos, são fundamentais para dar a quem defende o património e a vida de todos a estabilidade pessoal e familiar que também eles tem direito e precisam.
Que visão tem para o futuro da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Setúbal?
A associação celebrou este ano 142 anos de vida, sendo que a missão da mesma, no âmbito humanitário e socorro farão sempre parte do seu futuro. Nesse sentido visionamos uma Associação com a continua capacidade de responder às necessidades da população, tanto em meios como em recursos humanos e como um polo dinamizador do voluntariado na sociedade onde se insere.
Que significado é que tem para vocês a iniciativa ‘Ardina por um dia’?
Significa acima de tudo o reconhecimento da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Setúbal e do seu Corpo de Bombeiros na missão e dedicação que damos à mesma diariamente, por parte da organização deste evento e por parte de toda a população que neste dia tem a possibilidade de participar.
O valor angariado no ano passado foi usado para que fim?
Juntamos o valor angariado a tantas outras iniciativas que realizamos ao longo do ano, situação essa que nos permitiu adquirir uma viatura de combate a incêndios ligeira. Numa casa onde se trabalha para suprimir as necessidades e não a satisfação de desejos, a atividade para além do apoio financeiro resultante da mesma, constitui mais um importante marco na ligação da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Setúbal e do seu Corpo de Bombeiros com a comunidade local e com O SETUBALENSE, jornal que diariamente contribui para o reforço da comunicação em Setúbal e sobre Setúbal.
Este ano procuramos reforçar a capacidade de abastecimento de água em teatros de operação, bem como na aquisição de equipamentos de proteção individual por força da nova legislação sobre o tema, pelo que esta nova iniciativa será novamente um importante contributo para ambas.