Escolha de número dois por Setúbal gera braço-de-ferro. Nova reunião marcada para amanhã, depois de a distrital se ter manifestado irredutível na primeira ronda negocial com a estrutura nacional
Rui Rio quer Fernando Negrão, líder da bancada parlamentar do PSD, para número dois da lista de candidatos do partido pelo círculo eleitoral de Setúbal, mas a distrital defende com unhas e dentes o nome da ex-ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, e gerou-se um impasse na reunião realizada na última quinta-feira, na São Caetano à Lapa.
O encontro redundou num braço-de-ferro entre a distrital e a nacional e para amanhã ficou marcada nova “ronda negocial”, na qual será conhecida a decisão do líder do partido: ou Rio cede ou dinamita com os restantes e frágeis elos de ligação à distrital, órgão que tem já convocada para amanhã à noite uma reunião alargada da comissão política para se debruçar sobre o processo.
Bruno Vitorino, presidente da distrital, em declarações a O SETUBALENSE, apenas confirmou que o tema foi debatido na reunião e que foi supreendido, preferindo não se alongar em comentários. “Tivemos a reunião. A caminho fui surpreendido por notícias que davam como certo Negrão como segunda indicação da nacional. Confirmo que esse assunto foi abordado, tal como o nome de Maria Luís Albuquerque como primeira indicação da distrital”, disse.
Na quinta-feira, sabe O SETUBALENSE, Bruno Vitorino, acompanhado pelos vice-presidentes da distrital António Salgueiro e Paulo Ribeiro, foi recebido na sede do PSD por José Silvano, secretário-geral do partido, mas, perante a sugestão do nome de Negrão lançada para cima da mesa (que declinou), recusou prosseguir a discussão dos restantes lugares da lista, sem que o número dois estivesse definido, passando a bola para o lado de Rio.
A intenção é clara: obrigar o líder do partido a assumir se quer ou não ter Maria Luís Albuquerque como deputada, já que a social-democrata não estará na disposição de ocupar outro lugar na lista.
Regulamentos e escolhas
Os regulamentos do PSD prevêem que o líder do partido possa escolher o cabeça-de-lista (e Rio surpreendeu ao escolher Nuno Carvalho, vereador na Câmara de Setúbal), mas não contêm qualquer prerrogativa a indicar que deva escolher o número dois.
A distrital havia enviado para Lisboa uma lista, na qual indicava Maria Luís como número um, sugestão que fora apoiada por todos no distrito, excepção feita à secção de Setúbal. Depois surgiu o anúncio da nacional de que o cabeça-de-lista pelo distrito seria precisamente o nome que a secção de Setúbal havia indicado à distrital, Nuno Carvalho, com Bruno Vitorino e restantes elementos da estrutura regional a tomarem conhecimento da decisão pela Comunicação Social.
Estava aberta uma guerra entre a nacional e a distrital, agora adensada com a discussão em torno da escolha do nome para segundo lugar da lista. Amanhã, Rio tem a última palavra.