Rota Clandestina “discriminada” por programa de apoio da DGArtes

Rota Clandestina “discriminada” por programa de apoio da DGArtes

Rota Clandestina “discriminada” por programa de apoio da DGArtes

Projecto promovido pela Câmara Municipal opõe-se a resultados do concurso

 

A Rota Clandestina, projecto promovido pela Câmara Municipal de Setúbal, contestou os resultados do concurso bienal de apoio sustentado da Direcção-Geral das Artes (DGArtes) de 2023-2024. Na candidatura, a iniciativa ficou elegível para receber o apoio, com uma pontuação de 76,61%, no entanto, tal acabou por não acontecer, tendo o projecto sido “discriminado por acontecer em Setúbal”.

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Apesar de a candidatura demonstrar, no entender do júri do concurso, “boa correspondência com os objectivos assinalados, com adequada e assertiva justificação e fundamentação”, tratando-se de um projecto com uma “escala considerável” a sua “estratégia de implementação situa-se bastante na escala local [Setúbal], o que poderá ser eventualmente, demasiado circunscrito territorialmente”.

Consequentemente, a plataforma artística entregou um pedido de recurso à DGArtes do resultado provisório já conhecido que a afecta, e o vereador da Cultura da Câmara de Setúbal, Pedro Pina, vai pedir uma reunião com o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, acrescentou, à Lusa, Pedro Vieira, desta plataforma.

De acordo com o director artístico da Rota Clandestina, Renzo Barsotti, este argumento é “duplamente falso”, uma vez que a plataforma não só “apresenta uma articulação rigorosa de todos os seus projectos em parceria com entidades nacionais e internacionais, não se “circunscrevendo” à cidade, como torna a Região de Setúbal num lugar de encontro entre múltiplas entidades num saudável diálogo inter-comunitário”.

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A Rota é um lugar onde “é possível a entidade mais local colaborar com referências maiores, nacionais e internacionais, numa lógica de criação de relações duradouras com a Região, invertendo a necessidade que as populações têm de se deslocar para fruir de uma actividade artística e cultural de excelência”, acrescenta Renzo Barsotti, em nota de imprensa.

Já Pedro Pina, afirmou que “foi com espanto e indignação” que tomou conhecimento dos motivos apresentados pela DGArtes para a “inviabilização de apoio financeiro ao projecto da Pirilampo Artes/Rota Clandestina 2023-2024”.

“O argumento diz-nos que as propostas apresentadas no projecto são adequadas, têm qualidade e relevância, mas são em Setúbal, uma argumentação que não nos pode deixar indiferentes. Setúbal é uma cidade que tem batalhado para melhorar a sua circunstância cultural, e tem, nos últimos anos, criado espaços que permitem não só a criação artística contemporânea como dão a possibilidade aos seus munícipes de usufruírem dessa criação”, sublinhou o vereador que detém o pelouro da Cultura.

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Questionada por O SETUBALENSE sobre quais os motivos que levaram à decisão, a DGArtes apenas adiantou que “as candidaturas são apreciadas por uma comissão constituída por especialistas, que aplicam critérios de apreciação, conjugados com objectivos artísticos e objectivos de interesse público cultural previstos no regulamento do concurso”.

Plataforma aborda “temáticas urgentes europeias”

A Rota Clandestina trata-se de um projecto de residências e produções artísticas que reflectem “preocupações e temáticas urgentes europeias” e que conta desde o início com o apoio da Câmara Municipal de Setúbal, que tem vindo, ao longo dos anos, a inserir Setúbal no mapa da circulação internacional e nacional de obras artísticas no campo das artes performativas, reconhecendo que o desenvolvimento da criação artística num local de forma duradoura e pertinente dá um sentido de comunidade ao território.

Para a Rota Clandestina, a decisão do ministro da Cultura de aumentar a dotação orçamental apenas dos apoios quadrienais representa “uma mudança de regras num concurso quando este já estava fechado”, o que constitui “uma violação evidente dos princípios da prossecução do interesse público, da legalidade, da igualdade e da proporcionalidade”.

Neste sentido, Pedro Pina sublinhou ser necessário “rever os critérios de atribuição de apoios às estruturas artísticas deste país, permitindo que projectos totalmente inovadores sejam de forma democratizada e descentralizada dadas às cidades que por norma ficam à margem e, sobretudo, abertos à possibilidade de diálogo para a concretização deste desígnio”.

Com Lusa

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