13 Agosto 2024, Terça-feira

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Ricardo Serrão Santos: “A reparação naval tem que ser acarinhada porque gera riqueza não só para Setúbal”

Ricardo Serrão Santos: “A reparação naval tem que ser acarinhada porque gera riqueza não só para Setúbal”

Ricardo Serrão Santos: “A reparação naval tem que ser acarinhada porque gera riqueza não só para Setúbal”

Ministro Ricardo Serrão Santos

Ministro do Mar vê com bons olhos a renovação da concessão da Lisnave. Diz que sector tem que ser acarinhado

 

No dia em que veio à Lisnave visitar o novo navio de cruzeiro de Mário Ferreira, o ministro do Mar deu uma entrevista a O SETUBALENSE.

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Como vê o trabalho de reconversão do navio Vasco da Gama na Lisnave?

Fiquei até emocionado com o que vi aqui e muito orgulhoso pelo trabalho que esta empresa está a fazer, com o engenho e a capacidade nacional. O estaleiro da Lisnave empenhou-se em encontrar as soluções que eram necessárias para reconverter este navio. É um navio que não é novo mas que neste momento está nos patamares superiores das exigências ambientais e de emissões e, ao mesmo tempo, trabalhou com outra empresa portuguesa, a Tecnoveritas, que está a trabalhar nas questões da transição energética. É um navio que neste momento pode navegar em todos os tipos de mar. O que foi aqui feito subiu muito a fasquia de exigência e foi feito em três meses. As conversões, quer no tratamento de águas e resíduos quer no tratamento das emissões de gases, foram feitas com engenharia e inteligência nacional. Outra coisa que me fascina neste projecto é que o equipamento, nas suítes, nos bares e outros interiores, é todo feito com a indústria portuguesa, desde as carpetes às camas e aos tecidos. É uma aposta que mostra que existe engenho, capacidade e vontade de realizar, com riscos que tiveram de ser assumidos. Mas estavam cá inspetores noruegueses que vieram verificar as emissões e, de facto, estão nos níveis superiores de exigência da organização marítima internacional. O projecto cumpriu com todas as exigências da transição energética e também da transição digital.

A Lisnave está a pensar na renovação da concessão, que termina daqui a seis anos. O que lhe parece?

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A administração da empresa esteve a falar-me nessa situação e também nos investimentos que está a fazer na modernização dos estaleiros, do ponto de vista digital. A reparação naval vai ser mais exigente, uma vez que as tecnologias tem que estar mais adequadas às grandes exigências ambientais e de emissões. Este é um estaleiro que está aqui instalado desde 1973, que exige investimentos de modernização e que obviamente tem que ser planeados a muito mais longo prazo. Portanto, a administração este a pôr-me a par destas questões, das condições que terminam dentro de seis anos e que, obviamente, desejaria encontrar um acordo relativamente ao futuro.

À partida vê alguma objecção à renovação da concessão?

Não está nas minhas mãos mas obviamente que estou atento a essas questões.

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A reparação naval é importante para o País?

Sim, sim. Não só aqui. Tenho visitado os estaleiros de Viana do Castelo, já tinha visitado os pequenos estaleiros no Algarve, e agora este grande estaleiro que, no fim de contas, é a memória da reparação e construção naval nacional. A Lisnave está a fazer um trabalho excelente, está com contratos e com clientes que são rentáveis e tem encomendas de vários clientes.

No sector do Mar que potencialidades vê na região de Setúbal? O que destaca, da estratégia em curso?

Na Estratégia Nacional para o Mar, há questões relacionadas com a aquacultura que aqui são importantes. Há também questões relacionadas com a protecção do ambiente e do estuário que são muito relevantes e que tem interesse, não só ambiental como para a protecção dos ecossistemas e do capital natural, e temos toda esta área dos estaleiros da construção naval. A reparação é uma aposta que tem que ser acarinhada porque é um factor de riqueza não só para Setúbal como para o país.

Do que já teve oportunidade de perceber das dragagens, acha que houve algum problema ambiental?

Não. Acho que não. Não estou céptico e não comungo das perspectivas mais negativistas que têm sido avançadas. Porque todas as operações de que tenho tido conhecimento foram acompanhadas de estudos de impacto ambiental, quer previamente, quer durante a realização, quer à posterior. Houve correcções que tinham que ser feitas porque as agências [APA] e os institutos [ICNF] estavam a acompanhar, em diálogo, também com os próprios utilizadores do estuário. A perspectiva que tenho é que estas dragagens são necessárias e foram feitas de uma forma que não afectou as condições naturais que era preciso preservar, como as pradarias marinhas, a ocorrência das populações de cetáceos [golfinhos]. Acho que o trabalho foi acompanhado devidamente, quer do ponto de visto técnico quer do ponto de vista científico e terá, sempre, que ser feito da dessa forma. Lembro-me quando, há um ano e tal, foram propostas correcções a algumas das localizações dos depósitos das dragagens e essas correcções, que era necessário fazer, foram realizadas. As dragagens não podem ser diabolizadas, têm que ser feitas. Há uns anos, quando havia receio dos sedimentos contaminados, isso não se confirmou.

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