Partido não vai eleger nenhum vereador nas eleições de Outubro. A única vez que tal tinha acontecido foi em 1976
O Partido Social Democrata (PSD) não vai marcar presença, pela primeira vez na história, nos boletins de voto das autárquicas para a Câmara Municipal de Setúbal. Os social-democratas vão apoiar a candidatura independente de Maria das Dores Meira nas eleições de Outubro, o que leva a que não elejam nenhum vereador, algo que só havia acontecido uma vez – nas primeiras eleições em democracia, em 1976.
A decisão de apoiar Dores Meira já foi tomada pela comissão política nacional, com o apoio da comissão política distrital e contra a vontade da comissão política concelhia. Fundado em 6 de Maio de 1974 por Francisco Sá Carneiro, Francisco Pinto Balsemão e Joaquim Magalhães Mota sob o nome Partido Popular Democrático (PPD), o actual PPD/PSD concorreu em todos os actos eleitorais autárquicos no concelho de Setúbal desde 1976, um ciclo que termina em 2025.
Uma vez que não vão apresentar um candidato próprio, ou integrar uma coligação, apesar de ainda faltarem cerca de três meses para as autárquicas, já se sabe que o partido laranja não vai ter nenhum eleito pelo PSD na Câmara Municipal de Setúbal. A única vez que tal tinha acontecido foi nas eleições de 1976, quando foi a quarta força política mais votada, com 7,8% dos votos, ficando atrás do Partido Socialista (PS), que venceu e elegeu quatro vereadores, do Frente Eleitoral Povo Unido (FEPU), também com quatro, e do Grupos Dinamizadores de Unidade Popular (GDUP’s), que elegeu um.
Nas autárquicas de 1979, o PSD uniu forças com o CDS/PP e com o Partido Popular Monárquico (PPM), conseguindo um segundo lugar, atrás do PS, e elegeu três vereadores. Em 1982 foi a Aliança Povo Unido (APU), a antiga coligação (activa entre 1978 e 1987) formada pelo Partido Comunista Português (PCP), Movimento Democrático Português / Comissão Democrática Eleitoral (MDP/CDE), quem venceu as eleições, ultrapassando o PS e deixando o PSD no terceiro posto, com 14,33% dos votos e apenas um eleito.
Nas eleições de 1985 o PSD uniu forças com o PS, conseguindo o primeiro lugar e elegeu dois vereadores, com os socialistas a ficarem com os outros dois, sendo que um dos eleitos do partido laranja, José Sousa Pinto, ocupou o lugar de vice-presidente da autarquia, liderada por Manuel da Mata de Cáceres (PS).
Em 1989 o partido laranja voltou a coligar-se com o CDS/PP e com o PPM, ficando no terceiro lugar, com um eleito. Nas eleições de 1993 o PSD concorreu sozinho e reiterou o terceiro posto, também com um vereador. Em 1997 repetiu o terceiro lugar, mas desta feita conseguiu eleger dois. Quatro anos mais tarde, em 2001, coligou-se com o CDS/PP e permaneceu no terceiro posto, mas perdeu um vereador.
Nas eleições de 2005 conseguiu ultrapassar o PS, ascendendo ao segundo lugar, e conquistar três vereadores. No acto eleitoral seguinte, em 2009, ano em que Dores Meira foi eleita pela CDU pela primeira vez em Setúbal, o partido laranja voltou a descer em votos e em vereadores, ficando apenas com um. Em 2013 voltou a unir forças com o CDS/PP, manteve o eleito, mas perdeu vários votos, sendo que em 2017, novamente sozinho, o PSD manteve o eleito e o terceiro lugar.
Nas últimas autárquicas, em 2021, os social-democratas mantiveram o terceiro posto, mas conseguiram eleger mais um vereador. Quatro anos mais tarde os munícipes de Setúbal regressam às urnas e preparam-se para não verem, pela primeira vez na história, o PSD no boletim de voto. As eleições realizam-se no próximo dia 12 de Outubro.
Apoio a Dores Meira não dá direito a vereadores
No próximo mês de Outubro a autarquia sadina vai a votos, e apesar de o PSD ter declarado o apoio a Dores Meira, mesmo que a candidatura da ex-autarca vença ou fique numa posição de eleger vereadores, nenhum dos eleitos será considerado do partido laranja, mesmo que seja militante dos social-democratas. Tal acontece porque, uma vez que o PSD não vai constar no boletim de voto, um possível social-democrata não é considerado como eleito pelo PSD, mas sim eleito pela candidatura independente com o lema “Setúbal de Volta”, liderada pela antiga presidente da autarquia.