Oposição vai votar contra o documento que estará em discussão amanhã. Decisão obriga executivo CDU a gerir em duodécimos
O Orçamento Municipal de Setúbal para 2025, que será votado nesta quinta-feira em reunião pública, vai ser chumbado, com votos contra do Partido Social Democrata (PSD) e do Partido Socialista (PS). Esta decisão da oposição obriga a Câmara Municipal de Setúbal a gerir o orçamento em duodécimos, algo que para os social-democratas permite que “orçamento megalómano” seja executado “com mais eficiência” pela CDU. O partido laranja está “muito preocupado” com as contas da autarquia e com a “falta de compromisso” dos comunistas na execução daquilo que está orçamentado.
Em declarações exclusivas a O SETUBALENSE, o vereador Paulo Calado avançou que o partido laranja vai votar contra o documento. Relativamente à tomada de posição do PS na votação, ao que O SETUBALENSE conseguiu apurar junto de fonte partidária, os socialistas vão também votar contra, causando o chumbo do orçamento.
O vereador social-democrata considera que este é um “orçamento megalómano”, que em 2025 está avaliado em cerca de 346 milhões de euros, sendo que, comparando ao ano corrente, são mais 107 milhões. Para o social-democrata o problema é que “depois, como se verificou no ano de 2023”, a CDU “só consegue executar cerca de 60% desse orçamento”.
Confrontado com a possibilidade de o orçamento ter de ser gerido em duodécimos no próximo ano, Paulo Calado explica que essa situação foi muito ponderada. “A gestão em duodécimos permite que haja uma gestão mais controlada daquilo que são os valores que estão, no fundo, à guarda ou para executar pelo executivo municipal. Dessa forma, conseguem gerir melhor”.
Para o vereador, o orçamento para 2025 é “excessivamente grande”, como havia sido “em 2024 e no ano anterior”, sublinhando que numa gestão em duodécimos a CDU consegue “executar com mais eficiência o orçamento que tem para gerir”.
Paulo Calado explica que esta decisão é, “acima de tudo”, uma decisão política, mas tem por base “o histórico” da CDU durante estes anos todos, não só neste mandato. “Obviamente que temos a noção da consequência daquilo que estamos a fazer”.
Confrontado com a possibilidade de ser apresentado um novo orçamento, Paulo Calado deixa a garantia que “cá estará” para o analisar, mas que para mudar de posição é necessário que não exista apenas uma grande mudança no documento, mas também na “forma de estar” da própria CDU. “Tem de comprometer-se com aquilo que se prevê no orçamento e actualmente não está a fazer isso, sendo que não executa sequer dois terços do seu orçamento”.
Partido laranja “muito preocupado” com contas da autarquia
O também presidente da Comissão Política da secção de Setúbal do partido laranja explica que esta decisão se deveu ao facto de o PSD estar “muito preocupado” com as contas da autarquia. “O que verificamos é que, em relação ao período homólogo do ano passado, a dívida a fornecedores cresceu 10 milhões de euros. Apesar de, em termos do pagamento de dívidas a bancos terem conseguido amortizar, o que verificamos é que eles se estão a financiar através das dívidas a fornecedores que neste momento, já vão em 30 milhões de euros, dos quais 8 milhões são dívidas que têm mais que um ano, portanto, já são passivo não corrente”.
No entender do vereador, a CDU “não está a ter capacidade” de corresponder a esses pagamentos e isso “também lesa a economia local, visto que muitos dos fornecedores da câmara são pequenas e médias empresas da região”, defende.
Analisando o trabalho do PS em Setúbal, Paulo Calado afirma que o partido rosa tem feito um trabalho “de ataque à oposição”, sendo uma “oposição da oposição”, ao “atacar em primeiro lugar o PSD e não a CDU”. Ainda sobre os socialistas, o vereador realça que o PS Setúbal está “mais preocupado com as questões nacionais do que propriamente com os setubalenses”.
“PSD tem condições para alterar futuro da cidade para melhor”
Quanto à forma de estar do PSD, Paulo Calado considera que sempre foram “dadas todas as condições para que a CDU pudesse executar as políticas para as quais foi mandatada”, mas que ainda assim “não conseguiu concretizar nada”.
Relativamente à possibilidade de a situação ser diferente caso o PSD estivesse no poder, o vereador referiu que, apesar de no Distrito de Setúbal ainda não ter existido uma Câmara Municipal liderada pelo partido laranja, está “à vista de todos que muitas ou grande parte das autarquias lideradas pelo PSD são autarquias que têm situações de sucesso”.
Paulo Calado deu o exemplo de Braga, uma cidade “que está mais ou menos a par com Setúbal em termos de população”, e que é uma cidade “muito mais vibrante, jovem e dinâmica”, como “Setúbal podia ser”. Para o vereador, o PSD terá sempre condições para alterar o futuro da cidade para melhor, desde “que seja esse o desejo dos setubalenses”.