Presidente do município justificou escolha da data, assegurando que o que “está em causa é a defesa da saúde das pessoas”
A realização da vigília “em defesa do Serviço Nacional de Saúde [SNS] e do Centro Hospitalar de Setúbal” na passada terça-feira, dia 18, junto à entrada do Hospital de São Bernardo, levou a bancada socialista a acusar André Martins, presidente da Câmara Municipal sadina, com gestão CDU, de “intromissão” por promover a acção no decorrer da campanha para as eleições legislativas de 30 de Janeiro.
Para Fernando José, eleito do Partido Socialista, que garantia na reunião de câmara de quarta-feira, no período antes da ordem do dia, estar “de acordo de que é preciso reforçar o SNS”, “não se percebe a oportunidade da iniciativa, cuja decisão foi tomada sem que os vereadores do executivo se tenham pronunciado e que acabou por arrastar a autarquia para uma acção política durante uma campanha eleitoral”.
“Dizemos que não se percebe a oportunidade porque não conhecemos nenhum facto novo que tenha surgido e que consubstancie esta urgência de realizar esta vigília. Qual é a diferença entre fazer ontem [dia 18] e fazê-la dia 31?”, questionou.
No entanto, no entender do presidente da edilidade, “quem teve uma manifestação significativa de campanha eleitoral foi o vereador Fernando José na sua intervenção e no desenvolvimento que fez [na reunião de câmara]”.
“Com ou sem campanhas eleitorais, o que está em causa é a defesa da saúde das pessoas. A iniciativa contou com a participação de muitas pessoas, que não têm nada a ver com questões partidárias”, garantiu o autarca.
Contrariamente, Fernando José disse considerar que “a manifestação encerrou em si três dimensões”. “A primeira relacionada com a decisão, a segunda com a oportunidade e a terceira com o fundamento. Atentemos aos seguintes factos: o director clínico que estava demissionário já não está, foram recrutados os médicos que tinham sido assumidos e o concurso de ampliação do hospital está a decorrer, ou seja, não existem factos novos”, justificou.
Já André Martins atirou: “Alguém vir dizer que nós marcámos [a vigília] para esta data porque era a campanha eleitoral, senhor vereador, esse é que é o aproveitamento”. “No Fórum [Intermunicipal da Saúde, composto pelos autarcas de Setúbal, Palmela e Sesimbra] ficou decidido que é necessário continuar a tomar iniciativas, já que da parte do Governo não havia resposta às solicitações colocadas. A vigília foi agendada para 11 de Janeiro, mas nos primeiros dias do mês verificámos a tendência da covid-19 e entendemos protelar uma semana a iniciativa”, esclareceu.
A concluir, o presidente da autarquia explicou ainda que a acção acabou também por ter o objectivo de “alertar os candidatos do Distrito de Setúbal, para que nos primeiros dias da sua eleição possam tomar medidas para que a situação seja ultrapassada”.
Por seu turno, o eleito socialista vincou que se se quer “efectivamente tomar uma posição, deve ser tomada depois de dia 30, depois dos deputados tomarem posse”. “Então aí as câmaras municipais e nós, do lado do Partido Socialista, cá estaremos para ser parte da solução”, afirmou.