Espera-se que a infra-estrutura portuária possa vir a tornar-se um centro logístico para a produção desta energia
O Porto de Setúbal e a empresa RWE Offshore Wind assinaram uma carta de apoio que marca o primeiro passo para que a infra-estrutura portuária setubalense possa tornar-se um centro logístico para a energia eólica offshore flutuante.
As duas entidades vão agora trabalhar em conjunto para explorar o potencial do porto para este se tornar “num importante centro industrial para a triagem, montagem e instalação de componentes-chave para projectos de energia eólica offshore flutuante de grande envergadura”, como explica a nota de Imprensa enviada à redacção de O SETUBALENSE.
A cooperação, que vai também “tirar partido dos conhecimentos e experiência partilhados”, espera fazer com que Portugal fique bem posicionado a nível mundial por ter a oportunidade de tirar partido de todo o potencial do sector eólico offshore flutuante e até expandir-se além-fronteiras para explorar “oportunidades de sinergias”. O presidente da Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra (APSS) explica que o posicionamento da infra-estrutura de Setúbal dá vantagem para a exploração deste tipo de energia.
“Estamos orgulhosos de que a RWE, uma das principais empresas mundiais em energia eólica offshore, nos apoie no nosso desenvolvimento para nos tornarmos um centro logístico para a energia eólica offshore flutuante. O nosso porto é adequado para a triagem, montagem e instalação dos principais componentes, como subestruturas flutuantes e sistemas de amarração. Estamos bem posicionados para atender às futuras necessidades da crescente indústria de energia eólica flutuante”.
Ao referir que o propósito é transformar “o Porto de Setúbal num HUB2GREEN”, tendo em conta o alinhamento da “estratégia de desenvolvimento sustentável”, Carlos Correia espera que o porto possa transformar-se “num polo económico para projectos de desenvolvimento sustentável em áreas como os biocombustíveis, a energia eólica offshore, a bioindústria, a reparação naval sustentável, entre outros”.
Já o líder da RWE Offshore Wind em Portugal reitera o apoio no projecto e denota que o objectivo é “aumentar a capacidade do porto e das cadeias de abastecimento” para proceder à “implementação de projectos à escala comercial”. “Isto irá criar oportunidades para atrair investimento, estimular o crescimento e gerar emprego especializado”, explica ainda Álvaro de Miguel.
Tudo aponta para que o País esteja “bem posicionado para se tornar num mercado-chave no sector da energia eólica offshore flutuante” e, por essa razão, a RWE está a “explorar oportunidades e encara com expectativa os próximos passos rumo ao desenvolvimento da energia eólica offshore flutuante em Portugal”.
Em Julho do ano passado o Porto de Setúbal tinha assinado um memorando de entendimento com a empresa WAM Horizon para impulsionar o desenvolvimento da energia – também – eólica offshore tanto ao nível da produção como da exportação, tal como O SETUBALENSE noticiou na altura. A infra-estrutura portuária não explicou, entretanto, se o memorando se mantém com a assinatura desta nova carta de apoio.
Infra-estrutura setubalense cada vez mais competitiva
O Porto de Setúbal está a tornar-se cada vez mais competitivo e aberto a novos investimentos e o aumento do prazo de concessões portuárias de 30 para 75 anos, como anunciou esta segunda-feira o secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Espírito Santo, é um dos factores que vai impulsionar este desenvolvimento.
Decorre até esta sexta-feira a 5.ª edição da Porto Maritime Week, no Auditório Infante D. Henrique, do Porto de Leixões, o “encontro mais prestigiado do sector marítimo-portuário promovido em Portugal pelo Transportes & Negócios”, como explica a nota de Imprensa do Porto de Setúbal.
O presidente do conselho de administração do Porto de Lisboa (APL) e do Porto de Setúbal (APSS) esteve presente e participou na mesa-redonda dedicada à temática “Estratégia para os Portos Nacionais” onde falou nos objectivos delineados para ambas as infra-estruturas portuárias, expressando que “os dois portos estão a ser pensados de forma complementar”.
No caso do Porto de Setúbal, Carlos Correia salientou o “grande potencial de crescimento e o objectivo de consolidação das principais actividades portuárias”. A entrada no mercado de novos ‘players’ e as novas concessões e terminais no porto vão garantir “uma maior competitividade e o crescimento da Economia”.
“No Porto de Lisboa, apostamos numa lógica de crescimento através do lançamento de novas concessões e numa nova realidade que respeite os desafios que se avizinham. O objectivo passa por melhorar a operacionalidade destes novos terminais, apostando na descarbonização e integração harmoniosa no território”, complementou ainda o responsável.
Na iniciativa participaram os presidentes de todos os portos do continente e das regiões autónomas, bem como os dirigentes dos principais operadores portuários com actuação no mercado nacional.
Na sessão de abertura do evento o secretário de Estado anunciou uma nova estratégia para os portos nacionais, baseado no plano “5+” onde se destacam as medidas “mais crescimento, mais transição energética, mais intermodalidade, mais digitalização e mais cooperação e integração dentro do sector”. Sobre a infra-estrutura setubalense disse que este é o porto “com maior potencial de crescimento do País” afirmando que dispõe de um “plano de investimentos muito agressivo”.