Paula Santos afirma que empresa não se importa com “quadro legal existente” e que responsabilidade social que esta declara “não passa de retórica”
O Partido Comunista Português (PCP) questionou o Governo sobre a alegada pressão exercida pela Navigator para despedir 54 trabalhadores nas fábricas de Setúbal e da Figueira da Foz. A deputada Paula Santos requereu esclarecimentos ao ministro da Economia e ao ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social sobre esta situação, realçando que para esta empresa, que detém um complexo industrial na zona da Mitrena, não importa o “quadro legal existente” e que “a responsabilidade social que apregoa não passa de retórica”.
Perante esta situação, o grupo parlamentar do PCP entende ser “fundamental” que sejam prestados esclarecimentos sobre que apoios foram atribuídos à Navigator nos últimos cinco anos, incluindo de fundos comunitários, que avaliação é feita pelo facto de a empresa ter recebido cerca de 75 milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e agora avançar com um processo de despedimento de trabalhadores, que diligências serão tomadas para evitar o despedimento considerando atribuição de verbas provenientes do PRR e qual o acompanhamento que tem sido feito pela Autoridade para as Condições do Trabalho à Navigator.
No entender dos comunistas, este facto é mais um dos “vários que têm marcado a actuação desta empresa ao longo dos anos”, sendo eles demonstrativos de que para a Navigator “não importa o quadro legal existente e que a responsabilidade social que apregoa não passa de retórica”, sublinhando ainda que neste grupo empresarial “vale tudo para aumentar os lucros”.
Esta reacção política surge após a União dos Sindicatos de Setúbal/CGTP-IN ter denunciado que a Navigator está a “exercer pressão” para despedir 54 trabalhadores, pertencentes às fábricas de Setúbal e da Figueira da Foz. Para este sindicato não existe justificação para este comportamento, uma vez que isto acontece quando no ano de 2024 os lucros da empresa ascenderam a 287 milhões de euros de lucro líquido e no primeiro trimestre 2025 foram de 48,3 milhões de euros de lucro líquido, mais os perto de 75 milhões de euros que receberam de fundos do PRR.
Para o sindicato existe apenas uma razão para a Navigator ter este comportamento. “Estes trabalhadores, o que têm em comum, é o facto de não se calarem ao que a administração da Navigator faz”.
No entendimento do sindicato a administração da empresa é “do tempo da outra senhora em que a democracia não existia e quem falava era penalizado”. Nesse sentido, a CGTP-IN afirma não concordar com este “tipo de intimidação” e rejeita tais atitudes, afirmando “toda a solidariedade para com estes trabalhadores”.
O sindicato, tendo em conta que se trata de uma empresa que é dada como exemplo dos lucros, entende que devia ser também uma empresa que fosse dada como “exemplo do exercício democrático onde o direito à reunião e reivindicação fosse exercido por todos, sem ser pressionado por quem tem o poder disciplinar”, realça a união sindical.