Para os comunistas este problema “não pode ser ignorado” e exige uma resposta do Governo
O Partido Comunista Português (PCP), após a notícia da morte de dois mariscadores num acidente entre duas embarcações no rio Tejo, exige que sejam criadas condições para que os pescadores e mariscadores do Tejo possam exercer a sua actividade “em segurança, salvaguardando também a saúde pública, através da adopção de medidas concretas”. No seu entender a solução para um problema “que não pode ser ignorado” exige uma resposta do Governo.
Para os comunistas, os problemas que se verificam no exercício destas actividades decorrem “fundamentalmente” da política seguida ao longo dos anos, que “promove a ilegalidade e a insegurança em detrimento do pleno aproveitamento das potencialidades existentes e do contributo que elas podem dar à região e ao País”.
Nesse sentido, a Organização Regional de Setúbal (DORS) do PCP pede a tomada de medidas e fiscalização para garantir a segurança de todos os trabalhadores que intervêm no processo, a realização com frequência de estudos com vista à avaliação concreta e à correcta classificação das águas nas zonas de captura, a criação de infra-estruturas de processamento dos bivalves, o aproveitamento dos bivalves através de uma fileira produtiva, que incluísse um estabelecimento de transformação industrial, uma fiscalização eficiente, visando a “valorização do produto e dos preços pagos aos pescadores e mariscadores, melhorando dessa forma os seus rendimentos e as suas condições de trabalho e de vida” e o efectivo licenciamento de todos os envolvidos nestas actividades.
O partido, em comunicado, chama a atenção para o facto de a ameijoa japonesa, principal espécie apanhada por estes trabalhadores, ser uma espécie invasora, “que ao ter sido introduzida no Estuário do Tejo passou a exercer uma acção concorrente e predatória”.
No entender dos comunistas, a solução para um problema “que não pode ser ignorado” exige uma resposta integrada do Estado português. O PCP quer que esta resposta “contribua para o equilíbrio do ecossistema do estuário, as condições de trabalho e vida dos mariscadores, a salvaguarda da produção nacional e regulação fiscal”.
Dessa forma, e sublinhando as “sucessivas denúncias que tem feito e as propostas em que, ao longo dos anos, tem insistido”, o partido comunista manifesta a sua “preocupação face ao risco, se não forem tomadas medidas enérgicas, da ocorrência de outros acidentes, com consequências ainda mais graves”.