“O Moscatel tem de estar para a região de Setúbal como o Vinho do Porto está para o Norte”

“O Moscatel tem de estar para a região de Setúbal como o Vinho do Porto está para o Norte”

“O Moscatel tem de estar para a região de Setúbal como o Vinho do Porto está para o Norte”

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Para a responsável pela Casa Ermelinda Freitas, a premiação do Moscatel Roxo Superior 2010 no Concurso da Comissão Vitivinícola de Setúbal “foi a grande surpresa”

 

Eleito como o melhor no Concurso de Vinhos da Península de Setúbal, o Moscatel Roxo Superior 2010 “veio demonstrar que a região é boa para todas as castas”, segundo Leonor Freitas, responsável pela Casa Ermelinda Freitas. “Com alegria” recebeu esta premiação, por representar a forma como cuida das vinhas e do vinho, mas, ao mesmo tempo, considera que “foi a grande surpresa porque se dizia que na zona não seria possível obter-se boa uva para o Moscatel”. Com “os resultados à vista”, o futuro, “sempre a pensar no consumidor”, passa por “continuar a ter a melhor tecnologia”.

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Foi a produtora mais premiada no Concurso da Comissão Vitivinícola de Setúbal. Como vê esta atribuição de prémios?

 Vejo com alegria e com sentido de responsabilidade. Com alegria porque é sinal de que estamos numa grande região, em que há bons vinhos, e que estamos a fazer as coisas bem feitas. Depois acresce a responsabilidade de continuar a fazer melhor e a expectativa daquilo que os consumidores esperam de nós. É para eles que a Casa Ermelinda Freitas trabalha diariamente.

Como tem a Casa Ermelinda Freitas conseguido chegar a estes resultados?

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 Considero que é o resultado de tratarmos bem das vinhas e do vinho. Não se pode fazer bom vinho sem boa uva. Contamos, também, com uma boa equipa a acompanhar as vinhas e com um enólogo dedicado a tirar o melhor partido das uvas. A isto acresce o facto de estarmos numa grande região. Na União de Freguesias de Poceirão e Marateca existe um grande lençol freático, pelo que é uma zona privilegiada para a qualidade da uva. Também o microclima, porque estamos relativamente perto do mar, contribui para a sua qualidade. Depois contamos, também, com o consumidor, que tem feito essa justiça. No fundo, este prémio é o resultado de muito trabalho, muito amor e muita dedicação, sempre a pensar na região, no país e, principalmente, no consumidor.

Foram estes os factores que levaram o Moscatel Roxo Superior 2010 a ser o néctar mais premiado?

 É verdade. A premiação do Moscatel Roxo Superior 2010 foi, para mim, a grande surpresa. Nós só fazemos Moscatel desde 2000 e começámos a produzir Moscatel Roxo mais tarde, pelo que somos relativamente novos na sua produção. Não somos a produtora mais antiga de Moscatel, até porque se dizia que na zona, com terras de areia, não seria possível obter-se boa uva para o Moscatel. Esta premiação veio demonstrar que a região é boa para todas as castas. Foi, também, uma surpresa porque há casas que se dedicam somente ao Moscatel e, por isso, têm moscatéis muito mais velhos. Este prémio veio-nos dar confiança de que fizemos bem em arriscar. É preciso reforçar que o Moscatel tem estado sempre a estagiar em barricas. Para mim, o Moscatel tem de estar para a região de Setúbal como o Vinho do Porto está para o Norte.

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Significa que arriscar também traz sucesso?

Acho que sim, e acho que apostámos, e bem, por termos confiança em nós próprios. Para mim existem três regras que são fundamentais seguir: trabalho, dedicação e fazer bem. Continuamos a estagiar os moscatéis superiores no mínimo dez anos e, de facto, os resultados estão à vista. No fim de contas, nas terras de areia também se faz um bom Moscatel. Secalhar poderia ter sido diferente, porque dentro da própria região, possivelmente os moscatéis criados nas terras de areia são um pouco diferentes dos que são criados na zona da Arrábida. Mas é esta diferenciação das castas e dos vinhos, consoante o sítio onde as vinhas são plantadas, que faz a riqueza da região.

Com os resultados obtidos nos últimos anos, o que sente ao ‘comandar’ a Casa Ermelinda Freitas?

 Sinto-me orgulhosa. Estamos a colaborar para a dignificação dos vinhos da Península de Setúbal, de Palmela e do país, uma vez que temos também ganho prémios no estrangeiro. Consideramos que somos uma adega actual, voltada para o gosto do consumidor e queremos continuar a ser um marco para a região e que os nossos vinhos tenham cada vez mais impacto. Para mim, os vinhos da Península de Setúbal e de Palmela estão a começar a ser reconhecidos pela sua qualidade, mas ainda muito há para manifestar. Estamos numa grande região, mas temos de trabalhar para aproveitar as suas características.

Havendo ainda muito para manifestar, quais os planos para o futuro?

Com a pandemia é difícil antecipar o futuro. É um problema que nos leva a adiar os planos, mas pretendemos continuar a ter a melhor tecnologia e a plantar as castas, sempre a pensar no consumidor. A Casa Ermelinda Freitas conta com trinta variedades de uvas, mas queremos renovar as vinhas. Queremos também transformar a adega para colher as uvas na altura certa. Para isso teremos de aumentar a capacidade e de investir em novas tecnologias. Resumidamente passa por estarmos sempre actuais.

 

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