Nuno Maia afirma que cancelamento da refinaria de lítio em Setúbal foi um revés, mas abriu uma nova visão sobre a península

Nuno Maia afirma que cancelamento da refinaria de lítio em Setúbal foi um revés, mas abriu uma nova visão sobre a península

Nuno Maia afirma que cancelamento da refinaria de lítio em Setúbal foi um revés, mas abriu uma nova visão sobre a península

“Perdemos este comboio, temos de apanhar o próximo. Vamos aproveitar o que aprendemos neste processo para acelerar”

Em finais de Outubro deste ano, a futura refinaria de lítio a ficar instalada no Parque Industrial da Mitrena, em Setúbal, era dada como certa por parte da Galp, um dos consórcio Aurora Lithium, com 70% e a sueca Northvolt, 30%, (inicialmente uma parceria de 50/50%).

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Sabia-se na altura que o gigante de baterias eléctricas Northvolt estava com dificuldades financeiras e que o governo sueco se recusara a avançar com o resgate financeiro da empresa. Mesmo assim, o administrador da Galp, Georgios Papadimitriou, assegurava que a fábrica iria avançar”

Um mês depois, em finais de Novembro, foi a própria Galp a anunciar que iria abandonar o projecto Aurora Lithium depois da Northvolt não ter conseguido acompanhar a corrida. A petrolífera ainda tentou encontrar outro parceiro internacional, mas acabou por comunicar à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários que a fábrica de conversão de lítio em Setúbal, com o objectivo de fornecer a indústria de baterias aproveitando as reservas de lítio de Portugal, cai apor terra.

“É um revés para a Península de Setúbal, perdeu-se uma grande oportunidade para a região continuar a evoluir, sobretudo, no seu perfil industrial entrando nos novos sectores das energias e formas de distribuição e na cadeia de fornecimento eléctrico e mobilidade”, lamenta o director-geral da AISET – Associação da Indústria da Península de Setúbal, Nuno Maia. “O sector da energia é importantíssimo. Seria muito interessante que tivéssemos uma empresa relevante nesse sector”, acrescenta.

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Pelo caminho, ficaram assim os 200 a 700 postos de trabalho que a futura refinaria de lítio iria proporcionar e cerca de três mil indirectos. “Neste desfecho não há qualquer responsabilidade das entidades oficiais e empresarias portuguesas. O Estudo de Impacte Ambiental, [conduzido pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo] foi feito, e anunciado como favorável na segunda-feira da passada semana, a Câmara de Setúbal fez o seu trabalho e as empresas locais e fornecedores nacionais colaboraram, avalia Nuno Maia que, inclusivamente, aponta a “disponibilidade da Sapec Bay”, proprietária do terreno na Mitrena, para receber a unidade de conversão de lítio.

Quanto à possibilidade desta fábrica vir a ser instalada noutra localidade em Portugal, ou na Europa, o director-geral da AISET não considera essa possibilidade. “A de Setúbal seria única na Europa”, afirma.

Porém, na sua opinião, todo este investimento apontado ao Parque Industrial da Mitrena, que começou a ser pensado em 2021, veio demonstrar que a Península de Setúbal “é reconhecida pela sua capacidade de atrair indústrias de vanguarda”. Por isso, “embora se tenha perdido agora uma oportunidade, temos de aprender com a capacidade da região para acolher relevantes projectos industriais em sectores da descarbonização, da economia circular, da mobilidade eléctrica e das energias renováveis”.

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Uma segunda mensagem que o processo da esperada futura refinaria de lítio deixa, diz Nuno Maia, foi que é “perfeitamente possível termos na Península de Setúbal, e no caso concreto da Mitrena, projectos relevantes que são ambientalmente adequados e compatíveis com os outros usos do território”. Projectos que “são sustentáveis e possíveis na zona de protecção ambiental do Sado e da Serra da Arrábida, além do bem-estar das populações”.

Uma coisa é certa, segundo entende o director-geral da AISET, “perdemos este comboio, temos de apanhar o próximo. Vamos aproveitar o que aprendemos neste processo para acelerar sem ficar presos à ideia de que há determinados investimentos que não podem ser feitos em Setúbal. Temos território, condições logísticas e pessoas para receberem indústrias bem estruturas e com tecnologia de ponta”.

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