João Frazão substitui Armindo Miranda à frente do organismo do partido comunista na península e garante que há muitas batalhas a travar
João Frazão é o novo responsável pela Organização Regional de Setúbal (DORS) do PCP. O nome do também membro da Comissão Política do Comité Central, com 53 anos, foi escolhido no último congresso nacional dos comunistas que decorreu entre 13 e 15 de Dezembro, no Complexo Municipal dos Desportos de Almada.
De olhos postos nas eleições autárquicas que se realizam em Setembro ou em Outubro deste ano, mas com outros assuntos em agenda, diz que o foco é com as condições “das vidas das pessoas”.
Sobre o sufrágio deste ano assume que o partido está a trabalhar “com um património de trabalho, de intervenção e de acção” a partir dos quatro municípios conquistados na península – Setúbal, Seixal, Sesimbra e Palmela – e com muita confiança para aquela que será uma “batalha muito exigente”.
“Partimos com muita confiança para estas eleições, um trabalho realizado – apesar das dificuldades, das exigências que têm hoje –, com resposta aos problemas das populações, mas o trabalho realizado, a proximidade dos nossos eleitos com as populações dos seus locais. O cuidado que temos na relação com os trabalhadores das autarquias, o investimento que fazemos na participação das pessoas, na consideração daquilo que devem ser as políticas e as respostas aos problemas, damos essa grande confiança para essa batalha, que é uma batalha muito exigente”.
Fertagus e Hospital do Seixal em foco no organismo
O novo responsável admite que, na Península de Setúbal, há muitos desafios por enfrentar, focando-se, por exemplo, na questão da Fertagus.
“Ainda ontem [terça-feira] na linha de comboio da Fertagus, fizemos a distribuição de um documento dizendo que os utentes da linha não precisam que os empurrem para dentro do comboio, precisam é de mais comboios. Colocámos a questão de que vamos continuar a bater por uma coisa que batemos há muito que é a reversão da concessão a Fertagus, mas principalmente pelo aumento do investimento e pela aquisição de comboios. Não há outra forma de responder ao problema que está colocado para as populações que todos os dias têm de se deslocar para Lisboa e têm de voltar”, explica em declarações a O SETUBALENSE.
O novo responsável pela DORS do PCP, que substitui Armindo Miranda, coloca em foco a construção do Hospital do Seixal assegurando que os comunistas vão continuar a incidir sobre esta matéria, bem como a contratação de mais médicos.
“Continuamos empenhadíssimos em colocar na prioridade da região, a construção do Hospital do Seixal porque sabemos que isso representará – não apenas para aqueles concelhos mas para o conjunto da região –, uma importante mais-valia. Naturalmente que quando o hospital for construído, e entrar em funções, o Hospital Garcia da Horta (Almada) vai sofrer menos pressão, bem como o Hospital de São Bernardo (Setúbal) e, portanto, aquela unidade é indispensável, e não deixaremos de nos bater por ela, mas ao mesmo tempo dizemos que aumentar o número de médicos, não há outra saída”.
Tocando ainda na questão dos professores e os auxiliares de acção educativa garante estar ciente de que “não há meios para tudo” e que estes “não são infinitos” mas aponta responsabilidades ao Governo e ao modo como as verbas são geridas pois, afirma, “o problema hoje é de opções”. “A saber se, no quadro do orçamento do SNS, metade do orçamento vai para pagar a privados ou se pega nesse dinheiro e se mete esse dinheiro na defesa do SNS”.
João Frazão foi membro da Juventude Comunistas Portuguesa (JCP) entre 1986 e 1991, tendo também feito parte da direcção nacional. Foi dirigente associativo no ensino secundário e dos trabalhadores estudantes e aderiu ao PCP em 1988. Fez também parte do secretariado e do executivo da Direcção da Organização Regional de Viseu do PCP e foi responsável pelas organizações regionais de Aveiro, Bragança e Braga.
Foi eleito pela primeira vez para o Comité Central no XV Congresso, realizado 1996, tendo sido reeleito nos sucessivos congressos. No último deles, que decorreu em Almada, foi eleito para os órgãos executivos, nomeadamente a comissão política.