Novo livro de Albérico Afonso Costa reforça importância da história local setubalense

Novo livro de Albérico Afonso Costa reforça importância da história local setubalense

Novo livro de Albérico Afonso Costa reforça importância da história local setubalense

Com janela de tempo entre 1933 e 1949, obra faz retrato da cidade na “resistência a Salazar”

Albérico Afonso Costa, professor e historiador setubalense, apresentou, na tarde de sábado, a sua mais recente obra “Setúbal sob o Estado Novo – a resistência a Salazar”. A sala José Afonso da Casa da Cultura recebeu o autor, o vereador da Cultura da Câmara Municipal de Setúbal, Pedro Pina, e o professor Fernando Rosas para uma conversa sobre o livro que se divide entre as dificuldades da oposição ao Estado Novo nos primeiros anos da consolidação do regime (1933-38), a guerra civil de Espanha, a conjuntura do pós-guerra e as eleições à Presidência da República de 1949. A moderação esteve a cargo de José Teófilo Duarte.

“Embora a história não sirva para julgar o passado,  deve ser um dos instrumentos de análise, de interpretação crítica desse passado e também um material que nos faz perceber o mundo”, começou por dizer Albérico Afonso Costa no momento de apresentação da publicação. “Para além dos quatro grandes temas que norteiam este livro, nele incluo notas biográficas de 243 presos políticos que nasceram ou viveram em Setúbal, neste período de 1933 a 1949. Fi-lo porque penso que é muito importante homenagear essas mais de duas centenas de pessoas, anónimas, que ninguém conhece, que na história da cidade ficaram esquecidas e foram tão importantes. Deram o corpo às balas, conseguiram resistir ao regime”, afirmou.

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Dos conteúdos publicados fazem igualmente parte a secção “A Guerra vista pel’O SETUBALENSE” e uma cronologia que, de acordo com o autor, “poderá ser um recurso para alunos e professores no sentido de poderem iniciar outras investigações, tratar temas muito diversificados. São mais de 800 entradas possíveis com temas da história social, política, económica e religiosa que se constituem como pontos de partida para trabalhos futuros”.

 

“Obras como esta são fundamentais para repôr a verdade histórica”

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“A ditadura do Estado Novo oprimiu Portugal durante 48 anos, teve como base a liquidação das liberdades mais elementares. É necessário, no momento em que se assiste a uma enorme campanha de falsificação da história e ao branqueamento da ditadura, falar dos 48 anos que muitos pretendem desculpabilizar ou amaciar, da ditadura que se impôs e sobreviveu pelo medo”, lembrou o vereador Pedro Pina na intervenção que realizou na tarde de sábado, em representação do presidente do município setubalense, André Martins, que por motivos de agenda não pôde comparecer. “Obras como esta, uma janela aberta entre 1933 e 1949, são fundamentais para repôr a verdade histórica de um dos períodos mais negros da história de Portugal e permitem destacar a luta e resistência ao fascismo”, continuou.

Nas suas palavras, “Setúbal sob o Estado Novo” é “um importante contributo para compreendermos melhor o nosso tempo, através da memória, e para sermos capazes, porque também é resistir é vencer, como dizia José Mário Branco”, assegurando que “da parte da Câmara Municipal, seremos resistentes ao lado da memória para conseguirmos construir um presente para um futuro em que todos acreditamos”.

Para Fernando Rosas, autor do prefácio “Setúbal, anos de chumbo”, este primeiro de dois volumes, em que o segundo prolongará a investigação “até ao 25 de Abril”, traz “um outro lado da história que faltava”. No seu entender, “faltava a história da resistência operária e popular ao regime fascista” e a publicação desta investigação constitui “um notório enriquecimento da história da oposição, sobretudo numa cidade com o passado e a importância que tem Setúbal na história do movimento operário e da resistência anti-fascista”. 

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Esta obra vem, assim, “demonstrar a importância da história local. A história local é muito importante porque ratifica ou contraria aquilo que são os padrões gerais, o que é o cânone. Há um cânone historiográfico sobre este período mas depois a história local enriquece-o ou contraria-o”.

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