João de Almeida, primeiro secretário da assembleia-geral, fala em situação “sistemática e crónica, do ponto de vista económico”
“A missão que nos traz aqui hoje é alertar os sócios para a necessidade de se interessarem pelo clube e apresentarem candidaturas”. As palavras são de João Barbas, presidente da assembleia-geral do Naval Setubalense, que revela que o clube está à procura de uma nova direcção que o revitalize, após a demissão dos órgãos sociais a 14 de Dezembro de 2022.
Apesar disso, de pé mantém-se a assembleia-geral, que foi agora constituída como comissão eleitoral, com as eleições a estarem marcadas para o próximo dia 8 de Abril, entre as 09 e as 19 horas.
Antes desse período, acontece a 25 de Março uma reunião ordinária da assembleia-geral com vista à prestação de contas e que dará aos sócios “uma fotografia da situação económica do clube”, diz ainda João Barbas.
O clube, que conta com cerca de três mil sócios, encontra-se há vários anos “confrontado com uma situação de dificuldade que se vai tornando sistemática e crónica, do ponto de vista económico”, revelou o primeiro secretário da mesa da assembleia-geral.
Em seguida, João de Almeida pediu que “se consiga promover um debate estratégico para o clube” durante os próximos três meses.
A O SETUBALENSE, os dirigentes revelaram que a decisão da ex-direcção em cessar funções aconteceu depois da assembleia-geral recusar uma proposta para que a vigilância do Naval Setubalense passasse a ser feita através de videovigilância, substituindo os guardas que realizam esse trabalho.
A situação financeira do histórico clube é um assunto que “se arrasta desde o antepenúltimo mandato”, como dá conta João Barbas. De acordo com o presidente da assembleia-geral, quando a direcção esteve a cargo de Joaquim Carrilho do Rosário, em 2005, existiram prejuízos avultados, dos quais o clube não conseguiu ainda recuperar.
Após esse período “o senhor [Hugo] O’Neill esteve a tentar, durante dois ou três mandatos, conseguir manter o clube”, sublinhou.
Já João de Almeida citou o filósofo Séneca, ao afirmar que “não existe vento favorável a quem não sabe onde deseja ir”, para pedir aos associados que pretendam apresentar listas que ponderem sobre o que são as adversidades que o clube atravessa.
O primeiro secretário da assembleia-geral diz mesmo que é preciso travar a “batalha da sobrevivência” para que seja assegurada a “sustentabilidade económica e financeira”.
“Gostávamos que o clube fosse, primeiro que tudo, discutido e que falássemos dos assuntos e de uma estratégia para o clube, mas não de um ponto de vista muito teórico. É esperar que desse debate surja algum impulso [ou seja, listas de sócios candidatos] para levar o clube em frente”, reforçou João de Almeida.
O Naval Setubalense, clube centenário que disponibiliza aos sócios modalidades desportivas náuticas e outras, como ginástica e andebol, era desde Junho de 2022 gerido pela direcção composta por António Cavaco, David do Carmo, Pedro Malaquias, Jorge Silva e Saúl Pereira.
No conselho fiscal tinha como primeiro dirigente Sérgio de Cabo e secretários Manuel Pujol e Miguel Pedro, enquanto a mesa da assembleia- -geral é ainda presidida por João Barbas, tendo como primeiro secretário João de Almeida e Carlos Barrento como segundo secretário.
Eleições Sócios com condições para apresentar listas
De acordo com João Barbas, cabe agora à assembleia-geral “sensibilizar o maior número de sócios para se tentar arranjar uma direcção que ajude o clube a recuperar”, sendo que os associados têm de cumprir as condições impostas para apresentarem listas e participarem nas votações. Os sócios podem apresentar listas até ao dia 31 de Março, com a votação a ser permitida aos membros “com mais de seis meses de associado”.
Além disso, podem ainda ser eleitos “para qualquer cargo nos órgãos sociais os sócios com mais de dois anos de associado”, tal como descrito na convocatória da assembleia- -geral eleitoral.
O mesmo documento adianta que “o exercício destes direitos eleitorais está condicionado à verificação da inexistência de atraso de pagamento de quotas por três meses consecutivos ou outra dívida de qualquer índole para com o Clube Naval Setubalense, incluindo as quotas suplementares de parqueamento”.