“Longas filas de espera resultam da falta de profissionais e de condições para os fixar e atrair para o SNS”, afirma o MUSP
O Movimento dos Utentes dos Serviços Públicos (MUSP) exige que o Governo de Luís Montenegro “reveja as suas políticas para a área da saúde, acabe com a desorganização [no sector] e não culpe os utentes pelas falhas no Serviço Nacional de Saúde” (SNS), afirma Cecília Sales, porta-voz do movimento que congrega diversas organizações de utentes em defesa dos serviços públicos.
Para Cecília Sales é “lamentável o tempo de espera nos diversos serviços de urgência dos hospitais, ou dos centros de saúde na região de Setúbal, incluindo no hospital de São Bernardo”, em Setúbal, “assim como a nível nacional”.
Em nota de Imprensa enviada à redacção de O SETUBALENSE, o MUSP condena que o Governo tenha decidido “acrescentar uma pré-triagem, obrigatória, por telefone para a Linha de Saúde 24 que tem como único efeito prático atrasar ainda mais as intervenções médicas, mesmo nos casos mais urgentes, já que nos hospitais, os utentes, apesar dessa triagem, continuam a estar sujeitos a longas horas de espera”.
Para o MUSP estas longas filas de espera resultam da “falta de profissionais e de condições para os fixar e atrair para o SNS”, uma situação que diz ser tanto do conhecimento dos utentes como do Ministério da Saúde, mesmo assim, a tutela “opta, por hipocrisia política, por inventar um novo procedimento meramente burocrático criando mais uma barreira que atrasa o acto médico”, refere a mesma nota de Imprensa.
“Este é um problema sério que exige medidas sérias e profundas”, mas em vez disso, o Governo AD “responde com uma medida burocrática, contratando um call center para a saúde”, afirma o movimento no mesmo documento onde exige “mais investimento no SNS e nos seus profissionais fixando-os e atraindo-os para o SNS, através da valorização das suas carreiras, tornando-as mais atractivas”. Isto além de “apetrechar hospitais e centros de saúde com mais e modernos equipamentos, designadamente de diagnóstico”.
“Ao criar entraves no acesso dos utentes ao SNS, lançando concursos para ingresso dos profissionais de saúde, mas mantendo as baixas condições de trabalho, o Governo procura culpar utentes e profissionais de saúde pelas dificuldades no acesso ao SNS. Na verdade, o problema para o executivo é o próprio SNS”.
Um dos casos que o MUSP aponta para exemplificar a má gestão na saúde é a tutela “trocar o investimento num serviço de hemodiálise no hospital público, pela compra desse serviço no privado”, com isto o Governo “destapa a sua estratégia denunciando a sua prioridade política que, não é um Serviço Público de Saúde universal que sirva toda a população sem excepções, mas antes é cumprir uma agenda política de substituição do público pelo privado”.
Quanto ao sistema de pré-triagem por telefone, não tem dúvidas de que este “desumaniza o serviço de Saúde” ao “afastar o utente do profissional de saúde”, além disso, ao não resolver o problema dos tempos de espera nos serviços de urgência “o Governo degrada a imagem do SNS”, ou seja, “destrói no público o que vai contratar ao privado”.
Na mesma nota de Imprensa o Movimento dos Utentes dos Serviços Públicos conclui que a estratégia do Governo passa por “cumprir uma agenda política que beneficia as empresas de saúde privadas, em vez de servir a população procurando fortalecer um Serviço de Saúde que beneficie todos os portugueses independentemente da sua condição económica”, e isto, afirma, “contraria a Constituição da República Portuguesa”.
NR: Alteração na citação no segundo parágrafo