O funeral do crítico de cinema realiza-se amanhã, sexta-feira, às 14h15, para o cemitério dos Olivais, em Lisboa
O crítico de cinema Lauro António morreu ontem, aos 79 anos, em consequência de “um ataque cardíaco fulminante” na sua casa, em Lisboa. O funeral realiza-se amanhã, sexta-feira, às 14h15, para o cemitério dos Olivais, na capital.
Actualmente, Lauro António assegurava a programação da Casa das Imagens, em Setúbal, um espaço cultural criado a partir de uma doação de livros, filmes, fotografias e outros documentos que o crítico fez à autarquia sadina.
Em 2021, em declarações à agência Lusa, Lauro António explicava que a Casa das Imagens iria contar com cerca de 50 mil livros, filmes, fotografias, cartazes e outros documentos, para consulta pública, para que não se dispersasse ou caísse no esquecimento.
O Presidente da República apresentou ontem as “sentidas condolências” à família do realizador Lauro António, recordando a atribuição, em 2018, da Ordem do Infante D. Henrique ao cineasta pelo contributo para a literacia cinematográfica.
Através de uma nota divulgada no portal oficial da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa lembrava: “Em 2018, tive a oportunidade de, através da Ordem do Infante D. Henrique, reconhecer o contributo de Lauro António para a nossa literacia cinematográfica”
A isto acrescentou que o também crítico de cinema deixou à cidade de Setúbal “os livros, filmes, fotografias e cartazes de uma vida inteira” na Casa das Imagens, “que é o maior acervo português sobre cinema fora da Cinemateca”.
Nascido em Lisboa, a 18 de Agosto de 1942, Lauro António de Carvalho Torres Corado passou a infância e parte da adolescência em Portalegre e formou-se em História, em Lisboa.
Na década de 1960, ainda na faculdade, foi crítico de cinema nos jornais República e Diário de Lisboa, na revista Plateia, e mais tarde noutras publicações como Diário de Notícias e Se7e.
Assinou o primeiro filme profissional em 1975, quando rodou a ‘curta’ documental “Vamos ao Nimas”, sobre os cinemas de Lisboa, mas o mais conhecido dos seus filmes seria a adaptação do romance “Manhã Submersa” (1980), de Vergílio Ferreira.
A intensa actividade em torno do cinema fê-lo programar para várias salas de cinema, colaborar com a RTP e a RDP, publicar ensaios, dirigir festivais de cinema em Portalegre, Seia, Viana do Castelo e em Famalicão, e leccionar, consecutivamente, em cursos sobre cinema.
Nos anos 1990, estreou-se como encenador, com a peça “Encenação”, no Teatro de Animação de Setúbal, mas ficou mais conhecido sobretudo pelo programa televisivo “Lauro António apresenta”, título que recuperou para um blogue que actualizava com regularidade com crítica sobre cinema.
É autor de livros como “Cinema e Censura em Portugal” e “O Cinema entre Nós”.
Em 2018, Lauro António recebeu o Prémio Carreira do Fantasporto, foi distinguido pela Academia Portuguesa de Cinema com um prémio Sophia de carreira e condecorado pelo Presidente da República com o grau de comendador da Ordem do Infante D. Henrique.