10 Agosto 2024, Sábado

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Moradores da Quinta da Parvoíce consideram louvável realojamento mas receiam que processo não avance

Moradores da Quinta da Parvoíce consideram louvável realojamento mas receiam que processo não avance

Moradores da Quinta da Parvoíce consideram louvável realojamento mas receiam que processo não avance

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Famílias temem que trabalho desenvolvido entre a autarquia e o IHRU retroceda, “como tem vindo a acontecer nos últimos anos”

 

Os moradores da Quinta da Parvoíce consideram “louvável” o seu realojamento em habitações novas, fruto de um trabalho conjunto entre a Câmara Municipal de Setúbal e o Estado, mas dizem ainda “ter receio de que o processo não avance, como tem vindo a acontecer nos últimos anos”.

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Exemplo disso é Laurentina de Oliveira, de 46 anos, que explica a O SETUBALENSE que “este passo é muito importante” pelo qual “todas as famílias há muito tempo esperam”. Contudo, diz só acreditar “quando começar a acontecer”. “Se realmente nos derem uma casa nova, nem que seja hoje, vamos já. Pegamos nas nossas coisas e vamos já embora”, confessou.

Também o facto de estarem perto do Porto de Setúbal é, para si, “um problema”. “Quando se vive ao lado do Porto não podem haver casas, devido às oscilações e aos produtos químicos. Pior ainda com crianças. É uma situação chata, também pelo perigo de incêndio”.

Maria Mateus, de 66 anos, diz ser da mesma opinião, revelando que, “com dois filhos e um neto de um ano, é ainda mais urgente” conseguir melhores condições para a sua família. Nascida em Angola, explica ter vindo para Portugal “para fugir à guerra e as más condições do país”. “Trouxe os meus filhos para terem uma vida melhor. Se nos derem uma casa é simplesmente maravilhoso”, disse.

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Este passo será também “fundamental”, na medida em que “vai permitir aos moradores chegarem a casa e saberem que o chão está bom, que não estão bichos lá dentro”, sublinhou. Laurentina de Oliveira rapidamente acrescentou: “Há duas semanas na minha casa apareceu uma cobra enorme. Já ando frustrada. Se me derem uma casa era aleluia porque ninguém gosta de viver nisto”.

Carlos Rabaçal garante que processo terá mesmo de ser concretizado

No total, vão ser 73 as famílias a realojar, para já, em habitações temporárias, cuja renda vai ser comparticipada pelo Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), no valor de 2 milhões e 387 mil euros.

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A O SETUBALENSE, Carlos Rabaçal, vereador das Obras Municipais na autarquia sadina, garantiu na passada sexta-feira, em visita à Quinta da Parvoíce, que o processo de encontrar uma casa definitiva para estas famílias “terá mesmo de acontecer em cinco anos”, visto que “o PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] tem o mesmo período de execução”, no qual está incluída “a construção de fogos para renda apoiada”.

Contudo, habitam no bairro de lata “77 agregados familiares, sendo que ficou por arranjar solução para quatro famílias”. “A Câmara Municipal, o IHRU e a Segurança Social têm trabalhado com o SEF [Serviço de Estrangeiros e Fronteiras] para resolver esta situação. Estes quatro núcleos não falam português e não têm documentos. Uma hipótese era repatriá-los, mas estamos a tentar evitar isso”, afirmou.

Para o autarca, tudo se torna ainda mais urgente “quando existe perigo de catástrofe”. “O IHRU tinha pensado que isto seria resolvido dentro de quatro a cinco anos com o 1.º Direito e com casas novas, e que até lá ficava assim. Só que a Protecção Civil identificou o risco de incêndio, de enxurrada e de insalubridade. Nós identificámos estes riscos e o programa Porta de Entrada, que responde a situações de catástrofe, foi accionado”, referiu.

Desta forma, será possível “realojar os moradores em casas intermédias, até haver uma casa definitiva”. “Nós entendemos que isto tem de sair daqui o mais depressa possível. Cada pessoa que sai daqui é demolida a barraca. Eliminando este bairro, eliminamos todos os núcleos de barracas de Setúbal. Ficamos com outra dignidade para os nossos munícipes”, reforçou.

Em ‘cima da mesa’ estiveram “outras duas soluções”: “Uma era colocar as famílias em casas de bairros de habitação pública, que não há disponíveis. Outra era construir, processo que levaria anos a estar pronto, o que levaria ao mesmo”.

“A única solução que nos pareceu susceptível de resolver isto rapidamente foi mesmo a Porta de Entrada, evocando estes riscos. Isto para nós é muito importante porque é uma linha que adoptámos já há alguns anos a esta parte e conseguimos”, disse Carlos Rabaçal.

Para o futuro, está em vista a “reconstrução da Quinta da Parvoíce para habitação de renda apoiada e renda acessível”. “O terreno terá de ser tratado para evitar o risco de catástrofe. Têm de se fixar arbustos e de se fazer barreiras de contenção. Quem fizer os fogos tem de tratar dos exteriores, mas este é um processo que faz parte do plano”, concluiu.

CDU Candidatos à Câmara e Junta de Freguesia de São Sebastião visitaram bairro

André Martins, candidato à Câmara Municipal de Setúbal pela CDU nas próximas eleições autárquicas, visitou na passada sexta-feira as famílias da Quinta da Parvoíce.

Acompanhado de Nuno Costa, que se recandidata à presidência da Junta de Freguesia de São Sebastião, André Martins percorreu todas as casas do bairro de lata, “para estar junto das pessoas e para falar com elas, para ouvi-las”, explicou a O SETUBALENSE.

No que diz respeito ao realojamento das 73 famílias assinaladas em habitações temporárias, afirma ser “uma grande vitória de todos”. “É também a conclusão de um trabalho da Câmara desde há muitos anos, no sentido de resolver este problema. Estamos muito felizes por isso”, referiu.

Este processo, que representa, para si, “um passo importante”, “tem ainda um caminho longo a percorrer”. “Finalmente fica resolvida esta questão. A Câmara Municipal assume a responsabilidade de dar sequência ao processo e de tratar de tudo com as pessoas. Fazemos este trabalho com muito gosto”, sublinhou, a concluir.

 

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