O ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, esteve na manhã desta quarta-feira nos estaleiros da Lisnave, na Mitrena em Setúbal. Uma visita do responsável pela tutela numa altura em que a empresa aguarda a prorrogação da concessão pública para a actividade de reparação naval, que termina em 2027.
A Lisnave – Estaleiros Navais, solicitou ao Estado a prorrogação da concessão e, ao mesmo tempo, transmitiu também a pretensão de ver alargado o objecto da sua actividade a duas novas áreas.
“Com mais de 60 anos de experiência, a Lisnave está a passar por uma redefinição estratégica significativa, alinhando-se com os princípios da Economia Azul, Economia Verde e Economia Circular. O objetivo é assegurar a sustentabilidade nas próximas décadas através de projetos inovadores, incluindo reparação naval (manutenção e reparação de navios com novas tecnologias e equipamentos mais eficientes, mantendo os habituais padrões de excelência), construção de equipamentos para energias renováveis off-shore (desenvolvimento de soluções para vento flutuante que promovem uma energia limpa e sustentável) e a reciclagem naval responsável (implementação da reciclagem naval com práticas que garantem a saúde e segurança no trabalho e a gestão ambiental adequada dos resíduos gerados), explicou a empresa em nota de imprensa quando revelou a visita do ministro.

O ministro Miguel Pinto Luz, que não prestou declarações aos jornalistas, percorreu os diversos pontos do estaleiro, transportado num autocarro e acompanhado por uma extensa comitiva de administradores e técnicos da Lisnave e alguns convidados.
A administração da Lisnave, através de faz saber que, desde o início da concessão, foram investidos cerca de 150 milhões de euros no estaleiro.
“A recuperação do Cais 0, a recuperação de todo o parque de meios de elevação, guindastes, pórticos, pontes rolantes, a recuperação das linhas de fluídos, todos os encanamentos dentro do estaleiro, a recuperação de sistemas de electricidade, a construção de uma oficina de criogenia, enfim, são inúmeras as áreas em que estamos a investir”, explica Nuno Santos, administrador-delegado da empresa.
Nuno Santos: Três perguntas ao administrador-delegado da Lisnave
Qual é a importância da visita do ministro nesta altura em que a Lisnave pretende a renovação e o alargamento da concessão?
Estamos em pleno período contratual para a renegociação das condições da concessão e por isso é uma visita muito importante, para que veja todo o trabalho que temos vindo a desenvolver ao longo dos anos. Nós recebemos um estaleiro em que a maior parte das infraestruturas e equipamentos já tinham ultrapassado em muito a sua vida útil de projecto quando demos inicio à concessão, e temos vindo a recuperar, reconstruir e a substituir esses equipamentos. Há um grande investimento que temos vindo a fazer e isso dá garantias de que estamos a olhar para a empresa com uma perspectiva de futuro.

Que sensibilidade tem sentido por parte das autoridades, nomeadamente da Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra (APSS) e da tutela, relativamente a essas pretensões da Lisnave?
Temos sentido que todas as entidades oficiais têm manifestado uma grande satisfação pelo trabalho que temos vindo aqui a desenvolver. Julgo que podemos afirmar que é notório que gostariam que continuasse aqui alguém com a mesma perspectiva de futuro, de investimento e de criação de postos de trabalho e de riqueza na região e no país. Nota-se que têm essa satisfação, mas enfim, há aqui um processo contratual que temos de seguir. Já comunicámos ao concedente, nos termos contratuais, o nosso interesse na prorrogação da concessão e agora estamos no processo negocial também previsto no contrato.
A prorrogação da concessão seria para abranger a actividade tradicional da Lisnave já existente? Relativamente às pretensões para o alargamento ao desmantelamento sustentável de navios e à construção de plataformas eólicas para off-shore, terá que ser de outra forma. É isso?
Terá que ser de uma outra forma porque o objecto da actual concessão não permite essas actividades. Portanto, ou se altera o objecto ou ou se faz uma nova concessão. Mas aí já são questões mais jurídicas, que estão no processo negocial e que ainda não sabemos como irão ser concluídas.