Peça esteve em exibição na Escola Secundária Sebastião da Gama com a interpretação de Cátia Terrinca e Pedro Manana
‘Má Sorte’ foi uma das peças escolhidas para integrar a edição deste ano do Festival Internacional de Setúbal. A partir de ‘Má Sorte Ter Sido Puta’, de John Ford (1626), o clássico aborda os temas do incesto e da morte.
As peças de John Ford foram olhadas no século XVII como objectos estranhos ao tom teatral, que era reconhecido e acarinhado pelo público. Os temas que abordava, à época chocantes para a sociedade, foram, mais tarde, valorizados pelos movimentos feministas que lutavam pela liberdade sexual.
Apesar de ter sido penalizado pelo público, muitos foram os dramaturgos e ensaístas que o louvaram e elogiaram as peças de Ford. Algernon Charles Swinburne apreciou “a harmónica pureza da língua” e Samuel Taylor Coleridge a sua linguagem “clara como as estrelas de uma noite gelada”.
‘Má Sorte’, um espectáculo libidinoso com ambiente de facas e tangos, aborda a relação entre dois irmãos (Bella e Gio) que “cometem vários crimes que nos excitam os sentidos”.
Sinopse
“Dois corpos a quem o desejo é proibido, pelo sangue que partilham, cometem vários crimes que nos excitam os sentidos. Afinal, o que desejamos quando nem Deus nos vê?
Má Sorte, a partir do original Má Sorte Ter Sido Puta, de John Ford, numa adaptação que se centra num amor egoísta, diabólico e destruidor, resgata o que de mais diabólico há na perversão, o fim da humanidade.
“[…] Gio: O meu destino é morrer ou ser amado por ti. Devo morrer ou viver?
Bella: Viver, Gio, Viver. Promete pelas cinzas da nossa mãe que nunca me trairás por ódio ou por prazer. Ama-me, irmão, ou mata-te.
Gio: Promete pelas cinzas da nossa mãe que nunca me trairás por ódio ou por prazer. Ama-me, irmã ou mata-me. […].”
A partir de: Má Sorte Ter Sido Puta, de John Ford (1586-1640); Co-produção entre: Buzico!Produções, UmColetivo e CAE Portalegre; Encenação: Paulo Lage; Produção: Duarte Nuno Vasconcellos; Versão Cénica: Cátia Terrinca e Sofia Berberan; A partir da tradução de Cucha Carvalheiro; Interpretação: Cátia Terrinca e Pedro Manana; Cenografia: Bruno Caracol; Figurinos: Mónica Cunha e Olga Amorim; Adereços: Xana Capela; Desenho Luz: João P Nunes; Desenho de Som: Frederico Pereira; Design: David Costa
Observação de Teatro:
José Gil – Professor Adjunto de Teatro da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Setúbal Actor e Encenador
Maria Simas – Actriz do Teatro do Politécnico IPS e Mestranda