27 Julho 2024, Sábado

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Luís Maurício: “Vamos fazer tudo para criar a polícia municipal”

Luís Maurício: “Vamos fazer tudo para criar a polícia municipal”

Luís Maurício: “Vamos fazer tudo para criar a polícia municipal”

Luís Maurício

Cabeça-de-lista do Chega à Câmara de Setúbal diz que concelho é inseguro e quer videovigilância em certas zonas da cidade

 

Luís Maurício, de 42 anos, cresceu na Baixa da Banheira e vive no Barreiro. Trabalha em Setúbal, na área marítima, como contramestre de embarcações. O pai também trabalhou neste sector, na Lisnave, logo nos anos 70.

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Porque aceitou este desafio de candidatar-se a Setúbal, sendo líder distrital do partido?

Foi normal, porque eu considero isto o desafio da minha vida. Esta candidatura tinha de ser para alguém que não se importasse da responsabilidade. Porque, hoje, dar a cara pelo Chega é muito difícil, nem toda a gente quer. Por trás, escondidos, todos são do Chega, mas, na hora H, dar a cara é muito difícil. E Setúbal é capital de distrito, das maiores cidades do País, e tinha de ser alguém com relevo dentro do partido.

É o desafio da sua vida porquê?

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Porque entrei na política desde que começou o Chega, sou um dos fundadores, militante número 18, fiz a primeira página do Chega, o Chega Barreiro, e organizei o primeiro jantar do partido. Foi tudo rápido de mais, não estava à espera de tão rapidamente chegarmos onde chegámos porque o Chega, neste momento, é a terceira força política e ser candidato a uma capital de distrito era algo impensável há um ano e meio.

Luís Maurício: "Vamos fazer tudo para criar a polícia municipal em Setúbal"

Pode dar-nos mais alguns nomes da sua lista?

Posso dizer que o cabeça-de-lista para a Assembleia Municipal vai ser o João Mascarenhas de Lemos, uma pessoa muito conceituada aqui no distrito, e os outros nomes brevemente vão ser anunciados. Vamos ter uma lista muito forte, pessoas da direcção nacional, da cidade de Setúbal e pessoas do povo. Vai ser uma lista do povo para o povo.

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Qual é a sua visão sobre a cidade de Setúbal?

É que a cidade de Setúbal está completamente estagnada. Não podemos olhar só para o turismo. O desemprego dos jovens está num nível impensável. Vejam o caso da Lisnave, já teve dez mil trabalhadores e, neste momento, tem mil e metade são precários. Temos de acabar com a precariedade em Setúbal.

O que pode fazer o município?

Chamar indústria. As câmaras comunistas, nessa área, são todas quase iguais, não chamam investimento.

Mas que tipo de benefícios vai oferecer?

Como fez Palmela à Autoeuropa, ofereceu-lhe a luz. Não sei quantos anos, a Autoeuropa esteve em Palmela sem pagar a luz. É um incentivo enorme. Vamos fazer isenções, oferecer alguma coisa. Porque é que Oeiras traz? Porque é que Palmela trouxe? Porque é que os outros trazem e Setúbal não traz? Temos de deixar de ser um dormitório de Lisboa, como Setúbal é. Muitos setubalenses estão a trabalhar na outra margem, estão a ir viver para a outra margem. Temos de deixar de ser uma cidade só do turismo e voltar a ter indústria, como sempre fomos. O meu pai, em 74, veio trabalhar para a Setenave, onde trabalhou 40 anos, e o estaleiro tinha cinco refeitórios. Hoje nem um tem. Isso é muito triste.

Qual é a sua primeira prioridade?

Segurança. Setúbal já atingiu todos os limites de insegurança. Vamos fazer tudo para criar a polícia municipal. Para o nível de criminalidade que tem, Setúbal já merece ter a polícia municipal. Porque é que Oeiras e outras cidades têm polícia municipal e Setúbal não tem? Prometo aos setubalenses que vamos fazer tudo para que a polícia municipal seja criada, para as pessoas se sentirem seguras em Setúbal. Para tentar que Setúbal seja a cidade mais segura de Portugal.

Algumas cidades também usam videovigilância como um instrumento de segurança interna. Também vai por aí?

Completamente. Acho muito bem, nos pontos que sabemos que são mais complicados. Na cidade temos muitos.

Já pensou nalguns?

Temos isso pensado, vamos falar com as entidades competentes, falar com eles todos para chegarmos a um consenso e vamos pôr o tal circuito de videovigilância. Isso também está no nosso programa.

Mas ainda não identificou nenhum bairro ou nenhuma zona?

Está identificado. Todos nós sabemos os problemas a nível de bairros em Setúbal. Não podemos dizer, mas todos sabemos onde são os sítios complicados em Setúbal. Não vamos ser todos anjinhos e dizer “não, Setúbal não tem bairros complicados”. Setúbal tem bairros complicados, sítios complicados para viver, inseguros, muitos, e é aí que nós temos de atacar.

Os bairros da Bela Vista têm sido apontados pela maioria CDU como um bom exemplo de políticas municipais de inclusão. Concorda?

E temos de continuar esse trabalho, porque esta Câmara não fez só coisas más, também fez coisas boas e é por aí que nós temos de caminhar, pelas coisas boas que eles fizeram. Vamos continuar isso e, como a Bela Vista, vamos ter outros, porque não é só a Bela Vista que é complicada. Há sítios mais complicados que a Bela Vista, em Setúbal.

Está a pensar fazer campanha na Bela Vista?

Estou a pensar fazer campanha em todas as freguesias do concelho de Setúbal. Porque dentro da Bela Vista também há muitas pessoas apoiantes do Chega. Nós vamos lá, falar com todos, porque nós não somos contra ninguém dentro da Bela Vista, nem contra etnia cigana, africana, árabes ou turcos. Ninguém. Somos para todos os setubalenses, contamos com todos e queremos que contem com o Chega, porque o Chega é do povo, é a única voz do povo.

O Chega é rotulado como de extrema-direita. Não concorda com essa classificação?

Isso é uma ofensa gratuita que fazem ao Chega. Já ninguém liga, porque aumentamos cada vez mais nas intenções de voto. Já somos a terceira força política. Se fôssemos extrema-direita éramos a terceira força política? Não erámos. O Chega fala dos problemas que todos sabemos que existem. Vamos esconder no armário os problemas que existem? Vamos falar deles, vamos tentar combatê-los. Não é só falar, eu não posso dizer que está mal aquilo se eu não tiver uma solução. As pessoas não estão habituadas. O nosso presidente, grande presidente, André Ventura, fala os problemas de Portugal, da sociedade. Custa a ouvir, mas são reais.

Identifica-se com toda a doutrina e todas as teses de André Ventura?

Nem Deus conseguiu ser unânime para todos. Eu também não concordo com tudo o que o Dr. André Ventura pensa e fala.

Com a castração química de pedófilos, concorda?

Concordo com a castração, mas sou a favor do aborto e o partido é contra. Eu sou a favor do aborto, mas é o Luís Maurício particular. Já o Luís Maurício como presidente da distrital é a favor da decisão do presidente.

Revê-se no discurso de Susana Garcia, candidata do PSD à Amadora, que diz, por exemplo, que o Bloco de Esquerda devia ser exterminado?

Completamente. O Bloco de Esquerda devia ser exterminado porque não faz falta. Completamente exterminado, porque a opinião deles não faz falta à nossa sociedade. Não trazem nada de bom para Portugal. Nada.

Está a usar da mesma intolerância de que o Chega se queixa.

Não! Se efectivamente o Bloco de Esquerda não traz uma medida boa para Portugal como é que podem acusar-me de alguma coisa? Só de ser sincero.

Mas quem avalia as medidas dos partidos? Não têm de ser os eleitores?

O povo! Exactamente, o povo. Por isso é que o Bloco de Esquerda está em queda.

Mas continua a ter mais deputados que o Chega.

Vamos ver na próxima legislatura. Por isso, é que eles estão completamente em queda, por isso, é que, nas autarquias, na política local, não têm nada.

Por essa ordem de ideias, se o Chega chegar a uma fase em que não tenha deputados na Assembleia da República, pode ser legalmente extinto?

Não, não pode ser. Mas o Chega não consegue dizer em dez palavras nove disparates. Não é a opinião do Chega, é a opinião do Luís Maurício, candidato.

O concelho de Setúbal é um dos que têm maior incidência de aplicação do Rendimento Social de Inserção (RSI). Concorda com este apoio social?

Concordo com esse apoio social, só que não pode ser para sempre. Tem de ter prazos, têm de dar formação às pessoas, inseri-las no mercado de trabalho. A partir daí, se as pessoas não quiserem, tem de ser cortado.

Como pode operacionalizar isso? Como fixar o limite a partir do qual deve ser cortado o apoio a uma família ou a uma pessoa?

Porque é que as pessoas que recebem o RSI não trabalham? Há tanta coisa para fazer, recebiam o RSI e iam trabalhando também. Como voluntários, em instituições. No Verão são necessárias tantas pessoas nas matas, em tanto lado, porque é que não trabalham? Porque é que não ajudam Portugal em qualquer coisa?

Além da polícia municipal, que outras ideias tem para a cidade?

Desemprego dos jovens.

Como é que se combate?

Formação, formação, formação. Formar os jovens, cada vez mais especializados, cada vez com mais formações técnicas. E, a partir daí, tentar combater ao máximo e acabar com a precariedade, porque a precariedade tem de acabar um dia. Contratos a um mês, de 15 dias ou uma semana. Temos de acabar com isso.

Como vê a taxa de IMI? E o que pode prometer?

Tenho a mesma opinião que o presidente do meu partido. Não é justo pagarmos o IMI de uma propriedade que já é nossa. O IMI é para acabar. Essa é uma das ideias que defendo a 100%.

A água deve continuar concessionada a um privado ou a gestão deve ser pública?

Esses bens, tão essenciais para a vida, têm de ir para o público. Tem de ser, outra vez, a Câmara a tomar conta, porque é um bem essencial.

E sobre o estacionamento na cidade de Setúbal?

É mais um ponto que está no meu programa. Tem de haver um estudo e perceber como podemos melhorar. O problema do estacionamento em Setúbal é horrível. O transporte público é horrível. Para virmos do Viso para o Monte Belo é uma dor de cabeça.

É horrível porque não se encontra estacionamento ou porque é pago?

As duas coisas. Não se encontra e é pago, e muito caro.

São duas coisas contraditórias. Ser pago é precisamente para que existam mais lugares disponíveis.

E as pessoas que moram em Setúbal para virem à cidade, à praça, em vez de gastarem dinheiro no peixe vão ter que gastar no estacionamento? Ou podíamos fazer uma isenção aos moradores de Setúbal?

O que defende?

Uma isenção aos moradores, todos, de Setúbal.

O concelho e a região são discriminados no acesso aos fundos comunitários. Qual é o seu pensamento sobre esta matéria?

Setúbal tem um grave problema: está ao lado de Lisboa. Lisboa absorve o financiamento de todos e nós ficamos sempre à parte, com as migalhas. Isso tem que acabar. Setúbal nunca precisou das migalhas e a nível de fundos fica tudo para Lisboa.

Vê alguma solução para o Vitória? Acha que passa pelo município ou é algo em que a política municipal não se deve meter?

Acho que a política municipal tem que se meter. O Vitória tem de voltar à I Liga. Isto não é populismo, porque o Vitória representa Setúbal por todo o nosso país. Quando estamos a ver o Vitória na televisão, estamos a ver a cidade de Setúbal. As pessoas de Setúbal gostam do Vitória, vivem o clube, amam o clube. A Câmara tem que se meter, ajudar a arranjar uma situação qualquer para ajudar financeiramente o Vitória. Arranjar patrocinadores, temos aqui grandes indústrias que têm de ajudar o Vitória.

O papel da Câmara é esse? Bons ofícios para angariar apoios?

O Vitória tem importância para a cidade. Em vez de gastarmos o dinheiro em rotundas, como aquela [do hospital] que ninguém percebe, com aquela arquitectura, no mínimo, discutível, vamos ajudar o Vitória, que é o clube dos setubalenses.

Admite a hipótese de salvar o Vitória com dinheiro público?

Admito. Acredito que muitas pessoas possam discordar, mas, se olharmos para trás, quando o Vitória subiu à primeira divisão ou quando ganhou a Taça da Liga, foram todos para a rua festejar. Também gostaram. É que o Vitória numa I Liga traz dinheiro para o comércio local, traz turistas, pessoas de todo o país. E o Vitória com uma equipa forte, com as contas consolidadas, tem tudo para ser uma potência.

Já disse que acredita na eleição de vereadores no Seixal, em Almada ou na Moita. Vê possibilidade de ser eleito em Setúbal?

A 100%! Até vejo mais: se tiver uma boa campanha, se os setubalenses me ajudarem, ser eleito presidente.

Se o Chega tiver representação na Câmara e não houver maioria absoluta admite viabilizar um executivo municipal?

Já o fizemos nos Açores, temos é de estudar todas as propostas. Não estamos fechados a nada porque temos de olhar pelos setubalenses.

Já o fizeram nos Açores com um governo de direita.

Exactamente. Acho um bocadinho difícil a CDU fazer uma coligação com o Chega.

Da parte do Chega não fecha a porta?

Acho um bocadinho difícil, mas tudo é possível nesta vida. Com o jeitinho se calhar vai lá porque os setubalenses é que estão à frente.

Admite que há obra feita em Setúbal?

Não devemos falar só das coisas más, também temos coisas boas. Este executivo esteve cá 12 anos, se não fizesse alguma obra, estava muito mal. Eles fizeram. Sou a favor de uma grande obra que gerou uma polémica enorme: as dragagens. Sou a favor porque, ao fazer as dragagens, vamos trazer outro tipo de navios para a cidade, vai haver mais movimentação de tudo, porque a porta de entrada de Setúbal é o rio. Temos de olhar para o futuro e o rio é o futuro.

Não houve problema ambiental?

Quem trabalha no mar, como eu, sabe que até há mais peixe. O peixe veio cá desovar na mesma, houve muito choco, houve tudo e mais alguma coisa. Há quantos anos é que Os Verdes querem acabar com a Lisnave? É o que temos.

O que acha dos seus adversários nestas eleições? Começando por André Martins, da maioria que está actualmente na governação da cidade.

Esse candidato, há tantos anos que é vereador e vai no seguimento da presidente. Se não concordo com muitas coisas que a presidente fez, parto do pressuposto que ele vai fazer o mesmo.

E sobre demais candidatos. Do PSD é Fernando Negrão, pelo PS Fernando José…

Prestei bastante atenção à entrevista que fez ao candidato do BE. Não consigo concordar nem com um terço daquilo que ele [Fernando Pinho] pensa para Setúbal. Acho que muitas coisas estão completamente erradas.

Uma das coisas que defendeu foi a possibilidade de haver parques de estacionamento, devidamente enquadrados em termos ambientais, na Serra da Arrábida para que as limitações no acesso às praias não sejam do grau actual. Não concorda?

Essa ideia até é a menos má delas todas, mas é um pouco complicada de concretizar. Não se pode destruir a serra para fazer um parque de estacionamento. Não é muito fácil, mas temos de reunir e falar com o grupo de trabalho. Os acessos às praias têm de ser mudados. Setúbal ficou sem Troia e sem as praias da Arrábida.

Estava a dizer que não concorda com o candidato do BE. Em quê?

Na questão da água. Ele acha muito bem que algumas pessoas não paguem água, mas a maioria paga. Muitos moradores de Setúbal, onde as rendas são altíssimas, trabalham na restauração, ganham o ordenado mínimo, e têm água e luz para pagar. Se não pagarem ficam sem o contador. E é justo essas pessoas da classe média ficarem sem água?

Como se resolve o problema da Quinta da Parvoíce? É o local que estava a ser referido pelo candidato do BE.

Temos de inserir essas pessoas, ajudá-las de alguma maneira, mas elas também têm que querer ser ajudadas.

Ajudá-las como? Habitação municipal, por exemplo?

Habitação municipal, inseri-las no mercado de trabalho. Não vamos deixar ninguém morrer, mas também temos de ajudar aquelas famílias que ganham o ordenado mínimo e que pagam uma renda altíssima, as rendas em Setúbal andam por volta dos 600 euros. Com o ordenado mínimo têm de pagar água, luz e gás e, se não pagarem, vão lhe lá buscar o contador. Essas famílias não têm os mesmos direitos das outras pessoas que fazem ligações directas à água e luz? Essas outras pessoas pagam os impostozinhos todos, as suas contribuições todas. É por esses que eu vou lutar.

Na última vez que veio a Setúbal, André Ventura foi apupado e até apedrejado. Não receia hostilidade?

Não. Porque Setúbal tem muitas pessoas de bem, muitos apoiantes do Chega. A Dra. Ana Gomes é que provocou aquilo.

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