26 Junho 2024, Quarta-feira

- PUB -
Livro aborda com leveza temas como o luto e a sexualidade na terceira idade

Livro aborda com leveza temas como o luto e a sexualidade na terceira idade

Livro aborda com leveza temas como o luto e a sexualidade na terceira idade

Obra de Yolande Cloetens conta a experiência que viveu no ano passado com Alberto Pereira

 

Depois de umas férias no ano passado com Alberto Pereira, o seu “amigo amoroso”, Yolande Cloetens soube de imediato que queria escrever um livro sobre aqueles dias em que estiveram os quatro juntos, mesmo nunca tendo escrito nenhuma obra.

- PUB -

“As quatro pessoas somos nós dois, viúvos, e é o meu marido e a esposa do Alberto [Pereira], já falecidos. Fomos os quatro de férias porque eles sempre estiveram connosco”, explica Yolande Cloetens a O SETUBALENSE.

Viúva há cerca de quatro anos, foi nas palavras que resultaram no livro “Fomos de férias os quatro” que a professora de ballet de 71 anos encontrou uma das formas para “ultrapassar o luto”.

“Senti a necessidade. Foi uma maneira de falar dos falecidos, que é uma coisa que as pessoas precisam muito e que às vezes não se consegue, por exemplo, falar com os filhos, porque estes também sofrem. O sofrimento às vezes tem de ser expressado”, considera.

- PUB -

Na obra, “cada capítulo é um dia”. “É um relato das férias e é também um roteiro. Ao longo do livro são evocados [os cônjuges] várias vezes, quase como se estivessem presentes e a falar connosco, simbolicamente claro”, afirma Alberto Pereira.

“Nós temos a consciência que fizemos o possível por eles. Demos o possível e não temos problemas de consciência. A pessoa morreu, os mortos têm de ser respeitados, mas os vivos têm o direito de continuar a sua vida”, acrescenta.

A septuagenária demorou apenas perto de duas semanas até ter a obra escrita, sendo que as correcções é que demoraram um pouco mais a ficarem concluídas. “Esta senhora é belga, uma vezes pensava em francês e outras em português e depois escrevia português à francesa. Foi revisto algumas vezes, mas estamos muito contentes”, revela Alberto Pereira.

- PUB -

Outro dos assuntos que é abordado com leveza na obra é o direito da terceira idade à sua sexualidade, tema que Yolande Cloetens diz ser muito importante de ser falado.

“Estávamos os dois na mesma situação, tivemos um ouvido simpático e o cuidado de ouvir um ao outro e acabámos por ter relações e fiquei muito surpreendida. Achei que tinha de ser falado porque é um tabu falar de sexo depois dos 70 anos e eu achei que era importante”, conta. A ideia passa também por “poder vir a ajudar ou a abrir os olhos a alguém para este tema”.

“É importante porque as pessoas passam ao lado e evitam falar do assunto. Há casais em que a partir do momento em que o marido fica impotente já não fazem nada e podem-se fazer coisas. É por isto que quis falar”, explica.

Seis dezenas de exemplares vendidos na Casa da Baía

Trata-se de uma edição de autor, em que foram impressos 300 exemplares, o que representa um investimento de cerca de mil euros por parte da autora. Já a apresentação da obra decorreu no dia 22 de Abril na Casa da Baía, em Setúbal.

“A recepção na Casa da Baía foi muito boa. O director da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Setúbal, António Marques, apresentou o livro e correu bem”, descreve Yolande Cloetens.

Enquanto isso, Alberto Pereira sublinha que foram vendidos 60 livros durante a apresentação e que o mesmo se encontra à venda em duas livrarias – na Hemus e na Uni Verso –, sendo que o preço de venda ao público é de cinco euros.

Apesar de se conhecerem há vários anos, a história de Yolande Cloetens e de Alberto Pereira começou a ser ‘escrita’ em 2021.

“Fomos eleitos da Assembleia Municipal de Setúbal nos dois últimos mandatos. Eu deixei de fazer parte e ela entretanto ficou viúva. A minha mulher morreu nas últimas eleições autárquicas e foi aí que nos voltámos a encontrar”, descreve Alberto Pereira.

Por sentir a necessidade “de ter uma companhia feminina”, com quem pudesse conversar e passear, o sénior encontrou em Yolande Cloetens a “pessoa ideal”. “Tem mais ou menos a minha idade, é viúva e conhecemo-nos há muitos anos. Fiz-lhe um telefonema e ela disse-me que também se sentia sozinha e fomos desenvolvendo esta ligação”, diz.

Contudo, fazem questão de explicar que “a vida diária cada um faz a sua”. “Cada um está no seu lado, na sua casa, com a sua vida e depois saímos juntos, vamos a concertos, comer fora ou passear. Somos amorosos amigos”, esclarece Yolande Cloetens.

Sobre a reacção da família, uma vez que Yolande Cloetens tem dois filhos e Alberto Pereira tem um filho, garantem que reagiram bem. “Não puseram obstáculos e tratam-nos muito bem”, conta o septuagenário, com a professora de ballet a reforçar que estes “ficaram muito contentes” por os seniores terem encontrado alguém.

Partilhe esta notícia
- PUB -

Notícias Relacionadas

- PUB -
- PUB -