João Cruz: “Há dias muito duros mas é nesses momentos que não podemos desistir”

João Cruz: “Há dias muito duros mas é nesses momentos que não podemos desistir”

João Cruz: “Há dias muito duros mas é nesses momentos que não podemos desistir”

Jovem patinador setubalense divide os dias entre escola, dança e treinos. Com objectivos bem traçados, realça importância da disciplina num desporto que “exige persistência”

João Cruz, natural de Setúbal, é, aos 16 anos, um dos nomes em ascensão da patinagem artística nacional e apesar da tenra idade, acumula títulos relevantes a nível nacional e internacional. Em entrevista a O SETUBALENSE, o jovem patinador fala sobre o início do seu percurso, a influência da irmã, o trabalho desenvolvido com as treinadoras e a psicóloga desportiva, os principais marcos da carreira e as metas a curto prazo, como o objectivo de se sagrar campeão europeu. Aborda ainda o papel da comunidade, a importância da disciplina e o compromisso com um desporto que, diz, exige muito mais do que talento, exige persistência.

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Em 2023, alcançou o título de vice-campeão europeu na Taça da Europa, em Ponte di Legno, Itália, onde foi o atleta mais novo em competição. Soma ainda três títulos consecutivos de campeão nacional e já representou Portugal em diversas provas internacionais desde 2021, ano em que começou a integrar regularmente a Selecção Nacional. Foi também distinguido em 2024 como “Figura do Ano de Setúbal” nos prémios Golfinhos d’Ouro.

Tem um percurso competitivo marcado por uma exigente rotina de treinos, que concilia com a escola e a formação em dança contemporânea. Com treinos diários, muitas vezes até às 23h00, João Cruz destaca-se também pela resiliência num desporto que, apesar das conquistas, continua a enfrentar dificuldades em termos de apoios.

Como começou a paixão pela patinagem artística?

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Foi através da minha irmã. Ela começou a patinar e passado um ano quis ir ver um treino dela. No dia seguinte fui experimentar e saí de lá a chorar, doía-me o corpo todo, mas desde esse dia nunca mais parei. Foi na minha primeira Taça da Europa, em 2021, que percebi que queria levar esta modalidade a sério.

Qual das tuas conquistas teve um sabor mais especial?

Foi o campeonato da Europa 2023 em Ponte di Legno, Itália, onde me sagrei vice-Campeão da Europa. Trabalhei muito, mas não  estava nada à espera, era o mais novo da competição e sabia que iria ser muito, muito difícil.

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O que sentiste ao ser eleito “Figura do Ano de Setúbal” nos Golfinhos d’Ouro?

Vou ser sincero, senti um orgulho enorme no meu trabalho. Trabalho tanto e depois sentir que foi reconhecido o meu trabalho é muito bom.

Como foi representar a selecção nacional?

Eu desde 2021 que sou chamado pela Federação a representar o nosso País. Todos os dias trabalho muito para poder representar o meu Clube, a minha cidade e o meu País.

Como lidas com a pressão das competições internacionais?

É um trabalho de toda uma equipa, desde as minhas Treinadoras à minha Psicóloga de Desporto, a dra. Gisela, da Mentalfocus.

Qual é a tua rotina de treinos?

Treino todos os dias, de manhã estou na escola, à tarde na Academia de Dança e depois das 18h30 treino em Almada, sendo chego a casa às 23h00. Ao fim de semana treino ao sábado das 8 às 12h00, e às vezes também ao domingo. Normalmente ao fim de semana tenho as competições.

Como é a relação com a tua treinadora e com o clube?

Eu adoro as minhas treinadoras e não consigo dizer de qual eu gosto mais. Elas complementam-se bem. Já em relação ao meu Clube, aqui eu sou igual a todos os outros atletas e isso é muito bom.

Que importância têm as parcerias locais na tua carreira?

Essa é uma boa pergunta. A minha mãe mandou a minha carta de apresentação, a solicitar apoio, para ‘todas’ as empresas de Setúbal, algo que para mim, sendo desta cidade, faz todo o sentido levar Setúbal comigo para todo o Mundo. E não é que ninguém nos apoiou, nem apoia. De Setúbal levo sempre comigo no meu coração, todos os nossos amigos, esses sim nos ajudam, as pessoas que “não me conhecem” e que me ajudam muito com a compra de rifas, muito obrigado.

Já tiveste momentos difíceis ou de desmotivação?

O ano passado foi um ano muito mau para mim, mas a dor é ultrapassada com mais trabalho ainda. Eu penso que isto ainda agora começou e eu só quero seguir o meu caminho sem pisar em ninguém.

Quais são os teus objectivos a curto e médio prazo?

Para este ano, gostaria muito de ser campeão da Europa.

Tens algum ídolo no mundo da patinagem artística, ou até fora do desporto, que te inspire?

Não tenho nenhum ídolo. Eu primo por ser e fazer coisas únicas e diferentes, adoro desafios.

Que mensagem gostarias de deixar a outros jovens que, como tu, sonham em destacar-se no desporto?

O meu conselho passa por sermos trabalhadores, termos rotinas, sermos rigorosos e ter muito amor pela patinagem. Há dias muito duros, em que me dói muito o corpo, mas são nesses dias em que não podemos desistir e lá vou eu treinar novamente. Já ter um dia para não fazer nada é muito raro, e eu gostava tanto.

Para os teus apoiantes, treinadores, família e comunidade em Setúbal, que palavras deixas?

Como é que eu agradeço a todos, tudo o que fazem por mim? Um obrigado não chega. Obrigado, família. Obrigado, treinadoras, colegas, à minha equipa, ao meu clube. Obrigado amigos e gentes da minha terra e a todos, todos. Obrigado à Era da Caparica. E também agradecer ao Jornal O SETUBALENSE.

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