Protecção Civil e empresa garantem que explosão nos depósitos da fábrica de solventes da Mitrena não teve consequências para o meio ambiente e “em nada se relacionou” com o incêndio da Sapec Agro, do passado dia 14 de Fevereiro
O incêndio que deflagrou na passada terça-feira, 21, após uma explosão em quatro depósitos de solventes, da Sapec Química, na Mitrena, em Setúbal “não constituiu perigo para o ambiente e saúde pública”. A garantia foi dada ao DIÁRIO DA REGIÃO por José Luís Bucho, coordenador da Protecção Civil municipal. “Os produtos que arderam foram solventes, nomeadamente álcool e acetonas. Conseguimos evitar que o incêndio se propagasse aos restantes depósitos. A nuvem dissipou-se rapidamente e não constitui qualquer perigo para o ambiente e saúde pública”, adiantou.
Citada pela agência Lusa, a própria empresa do grupo Sapec também garantiu que o incêndio na unidade de enchimento da fábrica de solventes “não teve consequências para o meio ambiente”. Em comunicado enviado às redacções, a Sapec Química referiu que as causas do incêndio, dado como extinto às 13:30 de ontem não foram apuradas, mas esclareceu que “ao contrário do que foi noticiado, este incidente em nada se relaciona com que ocorreu em 14 de Fevereiro, na área industrial da Mitrena, quer ao nível empresarial quer ao nível da laboração”.
De acordo com Paulo Lamego, comandante da Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal (CBSS) no início, o combate ao incêndio foi “difícil”, em virtude da elevada temperatura. “Nós estávamos a combater uma queimada descontrolada na zona da Gâmbia quando recebemos o alerta de que havia uma explosão nos depósitos de solventes da Sapec Química. Desmobilizamos tudo e assim que a temperatura baixou, atacámos com espumífero”. No terreno estiveram seis veículos (cinco dos bombeiros sapadores e um dos voluntários) e cerca de 25 operacionais da corporação de sapadores de Setúbal. Por precaução, foram enviados meios extra-municipais, mas não foram utilizados.
Na sequência do incêndio, um trabalhador da empresa foi transportado para o Hospital de S. Bernardo com queimaduras e ferimentos ligeiros. Segundo a agência Lusa, o homem de 57 anos, encontra-se “fora de perigo” e deverá ser transferido para o Hospital de São José para ser avaliado pela unidade de cirurgia plástica. Paulo Lamego explicou que “o funcionário da Sapec Química se encontrava junto ao local, onde se deu a explosão, sendo afectado em mais de 30% do corpo, sobretudo nas costas”.
Durante a tarde de ontem realizaram-se as operações de transfega do combustível proveniente dos depósitos de solventes afectados pela explosão. Os bombeiros sapadores permaneceram no teatro de operações por precaução e garantiram que o processo decorreria dentro da normalidade.
“Não houve situação de pânico e as pessoas responderam tranquilamente”, diz Protecção Civil
Em declarações ao DIÁRIO DA REGIÃO, José Luís Bucho deu “uma mensagem de total tranquilidade” face ao sucedido na fábrica da Sapec Química na passada terça-feira. “Quando as situações acontecem, as pessoas respondem tranquilamente e neste caso, tal como no dia 14 de Fevereiro, não houve nem situação de pânico nem números anormais de pessoas avisadas”. O coordenador da Protecção Civil do município de Setúbal esclareceu que “os licenciamentos ambientais não estão a cargo das câmaras nem da Protecção Civil” e acrescentou que “a segurança contra incêndios é da responsabilidade da Autoridade Nacional da Protecção Civil e as licenças ambientais estão a cargo da Agência Portuguesa do Ambiente (APA)”, entidades que fiscalizam e aprovam os projectos. “Aqui colaboramos apenas com aconselhamento, visitas dos bombeiros às instalações e realização de simulacros para reconhecimento do terreno e recursos”, concluiu.
O incêndio na Sapec Química foi o primeiro incidente registado na fábrica de solventes, que trabalha há 20 anos e garantiu “possuir todas as certificações ao nível de qualidade e ambiente, integrando o núcleo de empresas ‘Seveso’ da península de Setúbal”, com o cumprimento de todas as exigências que daí decorrem ao nível da segurança”.
A 14 de Fevereiro, outro incêndio destruiu os armazéns de enxofre da Sapec Agro e provocou mais de uma dezena de feridos ligeiros, a maioria por inalação de fumos. Ainda que mantenha a mesma designação Sapec, a empresa visada não pertence ao mesmo grupo económico. A nuvem tóxica provocada pelo incêndio levou ao encerramento de escolas do concelho de Setúbal e a medidas preventivas junto das população residente nas localidades de Faralhão, Praias do Sado.
Confira, no vídeo abaixo as declarações de Paulo Lamego, comandante da Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal (CBSS) e coordenador da operação de combate ao incêndio no depósito de solventes da Sapec Química: