Ontem estavam 205 doentes internados com covid sendo que 18 deles em cuidados intensivos
O Hospital de São Bernardo, em Setúbal, registou ontem 205 doentes internados com covid, estando 18 dos quais internados em cuidados intensivos, sendo que este último serviço está na linha de capacidade máxima. No total, significa menos um doente que na terça-feira.
São números que colocam a unidade de infecciologia de Setúbal com uma taxa de esforço de “76%”, refere o director deste serviço, José Poças, que já na passada terça-feira afirmava que a afluência de doentes ao hospital com com o vírus SARS-CoV-2 era “avassaladora”.
Ontem, José Poças em declarações à SIC, voltava a alertar para a situação limite na unidade de cuidados intensivos e para falta de recursos humanos e das condições das instalações. “O hospital está a responder em condições muito difíceis de instalações e meios humanos. E o Ministério da Saúde bem sabe”.
Estas são situações que terão sido reforçadas em carta aberta já enviada à ministra Marta Temido, assinada pela maioria dos elementos da comissão de crise onde está representado o conselho de administração do hospital. Nesta missiva é apresentado “um retrato de uma realidade que pesa muitíssimo sobre um hospital já de si carenciado, e a brutal procura que tem todos os dias”, revela José Poças.
No mesmo documento, que o clínico diz ser um contributo para o Ministério da Saúde, está também reflectida a preocupação dos profissionais da unidade de Setúbal com a vertente dos doentes infectados com covid e que, “muitas vezes, vêm ao hospital por outras patologias”. Acrescenta que são pessoas que “estão em situação de portadores assintomática do vírus, e acabam nos cuidados da equipa covid, composta por vários especialistas”.
Outra preocupação vai para com os doentes que “não deixaram de existir, mas deixaram de procurar o hospital”, por possível receio de contágio, acrescenta o director da unidade de infecciologia de Setúbal.
A dar ainda mais relevo à situação difícil que se vive no Hospital de São Bernardo, José Poças reforça que toda esta fase tem sido suportada pelas equipas profissionais desta unidade, que tem “inventado novos planos” como referiu à estação de televisão de Paço de Arcos, e lembra que este hospital, até o momento, foi o único a declarar o estado de catástrofe.
