A criação de 272 lugares para bicicletas com a instalação de 136 suportes espalhados por 50 locais considerados “prioritários” na cidade é uma das propostas de um documento que vai ser entregue esta segunda-feira na Câmara Municipal, em Juntas de Freguesia e junto de partidos políticos para melhorar as condições de mobilidade na cidade
O grupo Setúbal de Bicicleta vai entregar esta segunda feira na Câmara Municipal de Setúbal, em Juntas de Freguesia e nos partidos políticos que concorreram às eleições autárquicas um documento que propõe, entre outras medidas, a criação de 272 lugares para bicicletas com a instalação de 136 suportes de estacionamento em 50 locais considerados prioritários, numa primeira fase de implementação.
O documento “Setúbal Ciclável 2017 – Proposta de Mobilidade Sustentável em bicicleta para a cidade de Setúbal”, a ser entregue nos departamentos de Urbanismo, Cultura, Juventude e Desporto da Câmara Municipal – e a que o DIÁRIO DA REGIÃO teve acesso em primeira mão – aponta à criação de um total de 414 lugares em vários locais da cidade, num investimento total de 16.560 euros.
Uma proposta que não deixa de ser “conservadora”, explicou António Carvalho, um dos autores do estudo, ressalvando que a ideia é que “a dotação de lugares por local seja progressiva, com avaliação periódica da necessidade de adição de mais lugares de estacionamento em qualquer uma das zonas identificadas”, conforme se lê no documento.
Entre os cerca de 100 locais elegíveis para a colocação de parques, os autores do documento destacam 50 como “prioritários”, justificando que “à semelhança do automóvel, o cidadão utilizador de bicicleta precisa de locais seguros e próximos dos seus pontos de interesse (domicilio, escola, trabalho, serviços, restauração, comercio, lazer), onde deixar a sua bicicleta”.
“É preferível a existência de múltiplos pequenos parqueamentos espalhados por toda a cidade do que um grande parqueamento que não ofereça proximidade [face] aos pontos de interesse que serve”, sustentam os autores do documento, sugerindo que os parques sejam instalados perto de pontos de interesse no perímetro das freguesias União das Freguesias de Setúbal e São Sebastião.
Cerca de 11 mil euros é quanto custa a instalação dos suportes nos 50 locais da primeira fase, aponta o estudo, estimando em 80 euros o custo por cada suporte. Um valor que atingiria os 16.560 euros quando toda a rede de parqueamentos estivesse implementada, e cujo investimento poderia ser assumido pela autarquia ou privados.
Suportes que existem são inadequados
O documento deixa críticas aos locais “residuais” onde hoje existem parques para bicicletas, por estarem longe dos pontos de interesse e não oferecerem visibilidade, e aos próprios modelos de suporte, como os que se vêem no Parque Urbano de Albarquel e na Avenida Luísa Todi. “Não são adequados à maioria das bicicletas circulantes na cidade, cuja largura de roda ou do sistema de travagem é superior à largura do suporte. Daqui resulta o significativo número de bicicletas presas a postes, sinais de trânsito, gradeamentos ou árvores ou a algum desses parqueamentos de forma muito diferente daquela para que foram desenhados”, alertam.
Os autores propõem a instalação de suportes do tipo Sheffield, em U invertido ou em A ou sua variante, por ser “versátil, adaptado a vários modelos e tamanhos de bicicleta e defendido nas recomendações nacionais e internacionais”. A instalação de iluminação adequada e de estruturas que abriguem os ciclistas do vento e chuva, como os se encontram em muitas cidades europeias, é outra das propostas apresentadas.
O grupo Setúbal de Bicicleta propõe ainda a criação de parqueamentos nas novas urbanizações ou em “operações urbanísticas de construção, reconstrução, alteração e ampliação” e a criação de parqueamentos de longa duração para residentes e utilizadores diários das estações de comboios e autocarros. A melhoria dos acessos e da sinalização dos troços de ciclovias que já existem também é tida como uma prioridade.
Os setubalenses António Carvalho e Rafael Lopes, que constituem este projeto e circulam todos os dias de bicicleta na cidade por motivos de trabalho e lazer, pretendem contribuir para o aumento da “taxa modal de utilização da bicicleta nas deslocações urbanas” e para a sensibilização da população para este meio de transporte “económico, eficiente, confortável, inclusivo, ecológico, promotor de uma vida activa e mais saudável e de uma economia local mais dinâmica”.
O documento que elaboraram tem o apoio institucional da MUBi – Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta, CiclAveiro, ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável e K-Evolution.