Famílias de vítimas da tragédia na Avenida Belo Horizonte preparam funerais

Famílias de vítimas da tragédia na Avenida Belo Horizonte preparam funerais

Famílias de vítimas da tragédia na Avenida Belo Horizonte preparam funerais

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Cerimónias fúnebres, incluindo a do homicida, devem ter lugar até sexta-feira. Corpos foram autopsiados ontem

 

Os funerais das três vítimas da tragédia na Avenida Belo Horizonte, em Setúbal, assim como as cerimónias fúnebres do homicida, Cesário Afonso, devem ter lugar até ao final desta semana. Os corpos de Alberto Almeida, Mário Andorinha, Rui Felício – atingidos domingo por tiros de caçadeira –, e de Cesário Afonso foram ontem autopsiados.

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As famílias das vítimas dirigiram-se esta terça-feira ao Instituto de Medicina Legal de Setúbal para perceber quando é que os corpos dos três homens vão ser libertados, mas até ao fim da tarde de ontem a informação disponível é que decorriam as autópsias.

Apesar disso, os familiares estão a preparar os funerais, que só serão agendados após o Instituto de Medicina Legal libertar os corpos de Alberto Almeida, Mário Andorinha e Rui Felício.

Já a Polícia Judiciária está a investigar o crime e a apurar como terá o homem arranjado a arma, uma caçadeira de canos serrados, com a qual matou na manhã de domingo três pessoas com idades compreendidas entre os 40 e os 60 anos e tirou a própria vida.

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Na origem da situação estará um conflito relacionado com as hortas e os pombais existentes na Avenida Belo Horizonte, junto aos quais o homicida morava. Os três homens foram vítimas de uma emboscada fatal feita por Cesário Afonso na manhã de domingo.

O homicida não admitia que as vítimas, que tinham pombais e hortas, o repreendessem pelo barulho e pelo ataque dos seus cães a galinheiros. Por este motivo, no domingo decidiu matar todos os que lhe aparecessem à frente, suicidando-se de seguida.

Uma das vítimas, Mário Andorinha, tinha cerca de 60 anos e estava a acompanhar a chegada de pombos de competição com o amigo Alberto Almeida. Era mecânico numa oficina na Estradados Ciprestes e tido como muito brincalhão, amigo dos vizinhos e sempre alegre. Cuidou da sua mãe bastante tempo.

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A vítima, entusiasta da columbofilia – criação de pombos de competição – morava no Bairro Afonso Costa. Mário Andorinha, que deixa dois filhos, foi o primeiro a ser atingido a tiro de caçadeira. Ainda tentou fugir para a Avenida Belo Horizonte, onde faleceu.

Já Alberto Almeida, secretário da Sociedade Columbófila de Setúbal, foi atingido a tiro de caçadeira dentro do próprio pombal quando preparava as portinholas electrónicas para receber 25 pombos de competição, que iriam chegar perto das 10 horas, numa prova de competição que partiu de Cáceres.

A vítima de 64 anos, que residia no Bairro Afonso Costa e era electricista da EDP, deixa mulher, filhos e netos. A terceira vítima, Rui Felício, com cerca de 45 anos, faleceu junto à sua carrinha.

No local tinha uma horta, tendo ainda tentado fugir do homicida quando ouviu os tiros que mataram os columbófilos. Empresário de construção civil, Rui Felício residia no Bairro da Bela Vista, junto ao Mercado 2 de Abril. Deixa dois filhos, um menino e uma menina.

Enquanto isso, o homicida, Cesário Afonso, era sem-abrigo, morava no local há vários anos e julgava-se dono do espaço por o ter ocupado antes de todos os outros.

Não aceitava que os vizinhos, que se deslocavam às hortas e pombais diariamente, o repreendessem pelo comportamento dos cães, o que acontecia há largos anos, e foi através do crime que julgou resolver os conflitos.

O alerta à Polícia de Segurança Pública (PSP) foi dado por volta das 8 horas, com a força de segurança a deslocar-se ao local com a Equipa de Intervenção Rápida. Escondido à entrada da barraca, Cesário Afonso chegou a apontar a caçadeira aos polícias. Contudo, acabou por virar a arma para si e disparou, tendo falecido no local.

Comportamento Homicida sem historial de violência

Os vizinhos e amigos descrevem o comportamento “normal” de Cesário Afonso. A solidão é apontada como o dia-a-dia do sem-abrigo, razão pela qual dormiria com os cães, ao invés de passar as noites em casa com a família.

Cesário Afonso terá abandonado o prédio em que residia, ao cimo da rua onde ocorreu o tiroteio, na Avenida Belo Horizonte, devido a problemas levantados pelos vizinhos, que alegam que o homem perturbava o ambiente, pois não teria higiene e fazia barulho.

Este comportamento, ao que O SETUBALENSE conseguiu apurar, surgiu após o falecimento da mãe do homicida, acontecimento que o conduziu ao respectivo isolamento e afastamento da sociedade.

Conhecidos garantem que Cesário Afonso, antes da morte da mãe, “nunca teve comportamentos violentos” e que era muito sociável. Um amigo de longa data recorda que o homem era simpático e que, a nível profissional, foi funcionário num estabelecimento escolar em Setúbal.

Junto ao local onde os três homens foram alvejados a tiros de caçadeira e onde Cesário Afonso, autor dos disparos, se viria a suicidar, os moradores referem o choque e o pânico experienciados, destacando que os dias se têm mostrado “difíceis” para tentar esquecer o sucedido.

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