19 Maio 2024, Domingo

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Falta de comida afastou javalis das praias da Arrábida

Falta de comida afastou javalis das praias da Arrábida

Falta de comida afastou javalis das praias da Arrábida

Os animais selvagens mudaram-se para as propriedades agrícolas em Azeitão, onde alguns já foram abatidos

 

Desde o ano passado que não se avistam javalis nas praias da Serra da Arrábida à procura de comida nos contentores enterrados, instalados pela autarquia na praia do Creiro, onde era mais frequente a presença dos animais.

Sem acesso a comida na zona sul da serra, partiram para as propriedades agrícolas na zona norte, em Azeitão, onde são abatidos em média 400 a 600 animais por ano. Actualmente, o Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) recebe pedidos para caça de javali em 45 propriedades nesta zona, que sofrem prejuízos com a presença dos animais”.

Nas praias da Arrábida, de acordo com o ICNF, “a instalação de “moloks” na praia do Creiro e a recolha dos resíduos ao fim do dia, pelos serviços da Câmara de Setúbal nas restantes praias próximas da serra da Arrábida, fez com que a disponibilidade alimentar através de resíduos orgânicos resultantes do sector da restauração diminuísse ou se tornasse mesmo inexistente, resultando na redução da atractividade alimentar para a espécie”.

Pedro Vieira, presidente do Clube da Arrábida, associação que com o ICNF controla a presença de javalis na zona das praias da Arrábida, seja através da colocação de armadilhas ou da caça controlada, refere que há um ano que não são feitas quaisquer acções de caça.

“Estas só acontecem quando há avistamentos ou indicação de prejuízos provocados pelos animais na zona, e até ao início de 2020 eram frequentes”. Desde o Verão passado, como não houve qualquer denúncia, não foi necessária qualquer acção de caça”, adianta.

Com esta diminuição de avistamentos dos javalis nas praias da Arrábida, a segurança dos banhistas é reforçada e momentos como aquele que foi registado em 2017 na praia de Galapos e se tornou viral, onde uma família de javalis entrou dentro de água para se refrescar, não deverá acontecer novamente.

Pedro Vieira alerta que o javali, “mesmo mais habituado à presença humana, não deixa de ser um animal selvagem que pode investir se sentir as suas crias ameaçadas”. O ICNF aconselha a que perante um javali, há cuidados a ter tais como não se aproximar, não procurar o contacto, e especialmente não dar comida. “É um animal que em algumas situações se pode revelar extremamente agressivo, em especial as fêmeas com crias que podem investir perante qualquer ameaça à sua prole, inclusive contra o ser humano. A preocupação deve ser constante”, adianta o instituto.

A flora local e única, que estava ameaçada pela presença dos animais, já está a renascer. “Ao longo da serra, junto às praias, já não se vê com tanta frequência as bermas escavadas pelos javalis à procura de comida e na zona da Mata do Solitário, junto ao Portinho da Arrábida, onde a uma grande densidade de mato, está a renascer”, afirma Pedro Vieira.

O ICNF admite que a “presença de javali em locais de ocorrência de espécies endémicas ainda existe, ainda que com menor pressão” e tem em curso um Plano de monitorização que, “entre objectivos mais amplos, pretende avaliar a evolução das populações de espécies florísticas ameaçadas, abrangendo a flora da Arrábida”.

 

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