26 Junho 2024, Quarta-feira

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Empresas concordam com medidas que protegem golfinhos e defendem fiscalização

Empresas concordam com medidas que protegem golfinhos e defendem fiscalização

Empresas concordam com medidas que protegem golfinhos e defendem fiscalização

Operadores querem ser “reconhecidos” como parte da solução após levantadas “suspeitas em relação às boas práticas das empresas”

 

As empresas dedicadas à observação de golfinhos no Sado dizem não ver “qualquer inconveniente em adoptar medidas para a protecção dos golfinhos”, assim como voltam a “alertar para a necessidade em fiscalizar esta actividade por forma a garantir a boa conduta, o cumprimento das regras de observação e o bem-estar” dos animais.

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Em comunicado conjunto, divulgado depois de o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) informar que a observação de golfinhos na entrada do estuário está interdita até 30 de Agosto, os operadores informam que “gostariam de ser reconhecidos como parte da solução, ao invés de serem apontados como parte do problema”.

Isto após terem sido levantadas “suspeitas em relação às boas práticas e conduta das empresas de turismo de natureza”. “Parece-nos clara a intenção de criar restrições à actividade.

Contudo, o que mais preocupa os operadores é a má imagem que está a passar face à sua conduta e actividade, ignorando os benefícios socioeconómicos, bem como o seu contributo para a educação e salvaguarda desta comunidade de golfinhos, e o respeito pelo cumprimento de um regulamento da sua actividade”.

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Na mesma nota, os responsáveis garantem que “na grande parte das áreas protegidas no quadro internacional, as empresas têm um papel activo na gestão destas áreas e prestam contributo na protecção e manutenção das mesmas”.

Sobre as medidas para a protecção dos cetáceos, garantem que “já o fazem, através do cumprimento de um conjunto de regras, como o tempo máximo de observação por visita e formas de aproximação aos roazes”.

Consideram, no entanto, que “permanece uma ausência em geral de equipas de fiscalização, sendo o pouco trabalho de sensibilização que se tem desenvolvido nos últimos anos feito de uma forma cada vez mais precária”.

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Além disso, dão conta de que após a divulgação da decisão do ICNF, criou-se “um autêntico alarme” junto dos visitantes que procuram ver os golfinhos no Sado, passando a ideia de que as empresas “não poderão operar, o que está a gerar inúmeros telefonemas a questionar acerca da continuidade das visitas ao estuário e aos golfinhos”.

“Na verdade, a proibição da observação está limitada a uma área. As novas medidas adicionais em concreto, destinadas às embarcações de recreio e também marítimo-turísticas, prevêem uma zona de exclusão onde não é autorizada a permanência, fundeação e observação dos golfinhos: a zona da foz, próxima ao cambalhão e cabeços muito procurados por estas embarcações, sobretudo nos meses de Verão”, esclarecem.

No que diz respeito à segurança marítima, “com a limitação do Parque Marinho Professor Luiz Saldanha”, os operadores acrescentam que se “criou um vazio no que concerne a fundear as embarcações, quer marítimo-turística quer de recreio”.

“Com os ventos predominantes de norte e com as alterações climáticas, o único local onde as embarcações possam fundear e resguardar-se em segurança é entre a Praia de Albarquel e a Comenda, local utilizado por fundeadouros e agora também ele proibido de se poder utilizar, atirando as embarcações para outros locais menos seguros”, revelam.

Decisão do ICNF pretende proteger comunidade de golfinhos

O ICNF decidiu interditar a observação de golfinhos na entrada do Estuário do Sado entre o passado sábado, 15 de Julho, e até 30 de Agosto, assim como não é permitida “a permanência de embarcações marítimo-turísticas e recreativas” na mesma zona.

A medida é implementada de forma a proteger a pequena comunidade populacional de cetáceos, sendo que não é agora “autorizada a permanência, a fundeação e a observação de cetáceos, nomeadamente golfinhos”.

Esta decisão, “aplicável a todas as embarcações marítimo-turísticas ou recreativas”, surge “na sequência das conclusões e propostas do Estudo de Reavaliação da Capacidade de Carga de Observação de cetáceos no Estuário do Sado e zona marinha adjacente”.

Isto porque, “tendo em consideração a fragilidade da população, devido ao reduzido número de indivíduos e à probabilidade de não ocorrer um aumento populacional até fi nal de 2030, foram propostas medidas a implementar a curto prazo”.

Entre as referidas decisões está “a implementação, de forma experimental, no período entre 15 de Julho e 30 de Agosto, da interdição de observação na entrada do estuário”. Actualmente, a “população residente de golfinhos roazes (Tursiops truncatus) do Sado conta com cerca de 25 indivíduos, muitos dos quais com idade superior a 40 anos”.

APECATE “A indústria naval é o verdadeiro problema”

O vice-presidente da Associação Portuguesa de Empresas de Congressos, Animação Turística e Eventos (APECATE) diz que as empresas que realizam visitas para observação de golfinhos “são tratadas como parte do problema”, mas que “a indústria naval é o verdadeiro problema”.

“São as empresas de avistamentos as principais interessadas na conservação da espécie, mas são tratadas como parte do problema. A indústria naval é o verdadeiro problema, bem como a falta de investimento em salvaguardar espécies como o choco, o alimento dos golfinhos”, considera José Saleiro.

O representante de empresas turísticas no Sado explica ainda que as empresas vão continuar a realizar as viagens para observação de golfinhos no Sado, uma vez que a proibição é apenas “numa zona de passagem de golfinhos e não em todo o estuário, onde há avistamentos desde a Comporta”.

Contudo, José Saleiro aponta para o facto de que se trata de uma medida tomada “à revelia dos operadores” e que “nem foi dado a conhecer o estudo pelo qual o ICNF [Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas] decidiu”.

A medida de proibir a observação de golfinhos surge de um Estudo de Reavaliação da Capacidade de Carga – Observação de Cetáceos no Estuário do Sado, que decorreu entre 2020 e 2023. R.M.

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