O Pacote Laboral esteve nas principais palavras de ordem: “O pacote é para cair, não vamos desistir”, ou ainda “mais trabalho, melhores pensões”
Cerca de dois mil trabalhadores manifestaram-se ontem,11 de dezembro, dia da Greve Geral, durante a manhã em Setúbal, entre a Praça do Quebedo e o Largo Misericórdia, em protesto contra a revisão da legislação laboral que o Governo PSD/CDS-PP exige impor, e que tem sido contestada pelas centrais sindicais, CGTP-IN, UGT e também sindicatos independentes.
O Pacote Laboral esteve nas principais palavras de ordem, como “O pacote é para cair, não vamos desistir”, ou ainda “mais trabalho, melhores pensões”.
Já no Largo da Misericórdia, Luís Leitão, Coordenador da União dos Sindicatos de Setúbal / CGTP-IN dava nota da aprovação de uma resolução a ser entregue ao Governo, contra as alterações previstas na proposta do executivo de Luís Montenegro “Trabalho XXI”, que o Governo apresentou como uma revisão “profunda” da legislação laboral por contemplar mudanças em “mais de uma centena” de artigos do Código de Trabalho.
Um conjunto de propostas que vão desde a área da parentalidade, passando pelos despedimentos, alterações aos despedimentos, alargamento dos prazos dos contratos ou serviços mínimos em caso de greve.
Normas que o sindicalista referiu na sua intervenção, assim como o aumento da precariedade, aposta em baixo salários e ataque à contratação coletiva. Em seguida, lembrou que o abaixo-assinado contra o Pacote Laboral PSD/CDS-PP continua a decorrer.
Com a adesão à greve a abrir discórdia entre sindicatos e Governo, no briefing do Conselho de Ministros de ontem, quinta-feira, durante a manhã, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, afirmava que a adesão à greve era “inexpressiva” estando entre 0% a 10% nos setores privado e social. “Quem faz greve é uma minoria”, sublinhou.
Mas os sindicatos tinham números bem diferentes e reivindicam uma paralisação perto dos 90%, em alguns sectores. O secretário-Geral da CGTP, Tiago Oliveira, estimava uma adesão acima de três milhões de trabalhadores, isto quando o País tem cerca de cinco milhões e meio de trabalhadores.
Segundo o Coordenador da União dos Sindicatos de Setúbal / CGTP-IN, a adesão à greve na Autoeuropa, fábrica da VW em Palmela, e no seu complexo, “foi praticamente total” e a Visteon “não produziu”, e o mesmo aconteceu em cerca de cinco empresas do sector privado.
Quando à adesão de escolas da Península de Setúbal, centros de saúde e hospitais foi “uma grandiosa greve geral, disse. No caso dos três hospitais deste território, Hospital Garcia de Orta, em Almada, São Bernardo em Setúbal e Hospital de Nossa Senhora do Rosário, “foi grande a adesão, para cima de 80%”.
No sector dos transportes, disse Luís Leitão, que a greve foi de “90%” na empresa Alsa Todi e TST, enquanto nos comboios da Fertagus e CP foram apenas cumpridos os serviços mínimos. Por sua vez nas ligações fluviais entre a margem sul e Lisboa também se ficaram pelos serviços mínimos e, nas ligações entre Setúbal e Troia, “não houve carreiras”.
Sobre os números adiantados pelo Governo relativamente à adesão à greve geral, ontem de manhã, o Coordenador da União dos Sindicatos de Setúbal / CGTP-IN considerava estarem “completamente desadequados”.
A última Greve Geral no País, convocada pelas duas centrais sindicais (CGTP e UGT), aconteceu há 12 anos, a 27 de junho de 2013, durante a crise económica, quando Portugal enfrentou um resgate financeiro e as suas consequências.