Partido disponível para aprovar propostas em prol da população, mas rejeita acordos com autarca que tem no seu passado “questões duvidosas”
O presidente da Comissão Política Distrital do Chega Setúbal não vê “qualquer possibilidade” de os eleitos do partido na Câmara Municipal de Setúbal aceitarem, pelouros, caso a presidente Maria das Dores Meira os queira atribuir.
Nuno Gabriel disse, em declarações a O SETUBALENSE, compreender que a distrital do PSD não veja “linhas vermelhas” no que diz respeito a negociações entre a autarca eleita pelo movimento independente e o Chega, mas assume o estatuto de oposição. Ainda assim, diz que o partido vai estar disponível para fazer aprovar propostas que sejam positivas para as populações, ainda que seja necessário analisar ‘caso a caso’.
“Sou presidente da distrital e isso são decisões que vêm da direção nacional do partido e corro o risco de a direção nacional ter um entendimento diferente do meu. Compreendo a questão de em Setúbal não haver ‘linhas vermelhas’ porque o PSD apoiou a Dores Meira. Acho muito difícil e arrisco-me a dizê-lo – apesar de não ter tido nenhuma conversa com a nacional – que jamais iríamos aceitar algum pelouro da agora presidente da Câmara de Setúbal, que tem tido no seu passado várias questões duvidosas, de irregularidades e dinheiros públicos, portanto não vejo qualquer possibilidade de aceitarmos pelouros, ou nos unirmos, ou fazer coligação, no caso específico de Setúbal. O que não quer dizer que não votemos favoravelmente quaisquer propostas que sejam para o bem da população”.
O responsável afirma que “a única coligação” possível, seja neste ou em qualquer outro concelho do distrito de Setúbal, “é com as pessoas”. No entanto, e tendo em conta os resultados eleitorais de domingo – que não deram a vitória ao Chega, mas que colocaram o partido em segundo lugar dos mais votados – sabe que os agora eleitos são necessários para viabilizar questões importantes.
Entende ainda que, o voto de confiança dos eleitores, vai fazer com que a expressão do partido nas autarquias cresça. “Em alguns órgãos municipais precisam do parecer daquilo que são os eleitos do Chega. Temos uma oportunidade, agora mais visível, porque é maior, de mostrar que somos uma alternativa competente e credível, que fazemos mais e melhor, e é uma oportunidade de mostrar que somos uma alternativa para em 2029”.
Líder distrital diz que resultados eleitorais são “agridoce”
O líder distrital do Chega não assume os resultados da noite de domingo como vitória, mas também não olha para o cenário como uma derrota. Face ao sufrágio de 2021, e relativamente à nossa região, o partido manteve-se como terceira força política mais votada, com um crescimento de quase 60 mil votos.
Com isto o partido passa de três eleitos nas autarquias – vereadores nas câmaras de Sesimbra, Moita e Seixal – para 20. Nas assembleias municipais conquistaram 63 assentos, sendo que em 2021 tinham conseguido 17 e, nas freguesias, ficam agora com 130 eleitos – há quatro anos tinham 26.
Para Nuno Gabriel “uma vitória seria ganhar câmaras”, mas ao mesmo tempo entende os resultados como “uma pequena vitória. “Um partido que tem este crescimento nunca pode ser uma derrota, é um agridoce”.
O partido sai destas eleições autárquicas a vencer a presidência de juntas de freguesia e assembleias municipais.
“Vejo com naturalidade naquilo que é um partido que está em crescimento sustentável e não esperávamos outra coisa que não fosse esse aumento. Tínhamos a expectativa de vencer algumas câmaras municipais no distrito, admito, estivemos em algumas muito próximas – como é o caso de Sesimbra, Palmela e Montijo –, vencemos assembleias municipais, vencemos a juntas de freguesia e elegemos muito mais vereadores, em algumas câmaras teremos uma palavra a dizer naquilo que é a persecução das políticas a tomar”, explica o responsável.
Questionado sobre se vão assumir o estatuto de oposição, porque apesar de há quatro anos terem conseguido três vereadores para três municípios estes acabaram por se tornar independentes, Nuno Gabriel está confiante na escolha dos protagonistas que vão agora tomar posse.
“Temos uma outra maturidade política, as escolhas foram feitas com mais maturação, e não está em cima da mesa, não estou a ver que qualquer autarca se torne independente, temos de respeitar e honrar o voto das pessoas, as pessoas votam no Chega. Este ano arrisco dizer que está completamente fora de questão que isso aconteça, agora, não conseguimos pensar pelas pessoas – nem nós, nem nenhum partido –, portanto qualquer partido está sujeito a que isso aconteça. Nós, pela nossa perceção, temos a ideia de que não, desta vez faremos a oposição e honraremos os votos que os munícipes nos deram”.