Socialistas vão reunir com conselhos de administração das ULS Arrábida, Arco Ribeirinho e Almada-Seixal nas próximas semanas
Os deputados do PS eleitos na Assembleia da República pelo círculo eleitoral de Setúbal estão preocupados com os sucessivos encerramentos das urgências de obstetrícia e ginecologia na Península de Setúbal e, por isso, vão reunir-se nas próximas semanas com os conselhos de administração das ULS Arrábida, Arco Ribeirinho Sul e Almada-Seixal.
A Federação Distrital de Setúbal dos socialistas, repudia “veemente, o arrastamento desta situação e a inoperância das entidades responsáveis” e consideram que esta é uma situação que deixa “milhares de mulheres sem resposta adequada e atempada”, uma situação que afecta não só os cidadãos da península como também à “população do distrito, aumentando de forma inqualificável o tempo e a distância que separam as mulheres residentes nestes concelhos e a prestação de cuidados médicos emergentes especializados, com qualidade e em segurança”.
Em nota de Imprensa enviada à redacção d’O SETUBALENSE a federação lembra os constrangimentos sentidos nestas áreas da Saúde e referem “dezenas de episódios de encerramento temporário ou prolongado” nestas unidades hospitalares, “obrigando grávidas em situação de urgência a aceder a cuidados médicos no distrito de Lisboa – um risco inaceitável em termos clínicos e um desrespeito para com os utentes do SNS”.
Deixam críticas ao Primeiro-Ministro que, apesar de ter reconhecido a situação que afecta gravemente a região, “não apresentou qualquer medida concreta, empurrando o problema para respostas estruturais futuras”. O apontar de responsabilidades estende-se também à ministra da Saúde que “apresentou como única solução em estudo a concentração dos serviços num centro materno- -infantil, que concentre os serviços obstétricos da ULS Arco Ribeirinho e ULS Almada-Seixal, a funcionar neste último, com a ULS Arrábida a manter o seu papel regional, replicando modelos já usados no norte do País”.
Entendem que esta medida, além de não envolver as comunidades dos concelhos em causa nem os profissionais de saúde, está “ainda sem calendário, sem sede definida e sem garantias orçamentais”, o que causa “incerteza e sofrimento” nas milhares de mulheres grávidas da região.
“A ausência de uma estratégia clara, articulada e participada para a reorganização dos cuidados hospitalares na Península de Setúbal representa uma quebra grave do princípio da equidade no acesso à saúde e um desrespeito pelos direitos constitucionais dos cidadãos desta região, e gestão reactiva, dependente de médicos tarefeiros e de escalas improvisadas, não responde minimamente aos desafios de um território com cerca de 800 mil habitantes”, lê-se ainda no comunicado.
Terminam a pedir que o Governo apresente um plano de emergência para que se mantenham as condições para as urgências estarem a funcionar em pleno, pelo menos até ao final do Verão, e que possa servir os interesses da população. Ao afirmarem que o PS está disponível para “contribuir, apreciar e discutir” soluções, e entendem que a saúde “não pode continuar a ser secundarizada ou adiada”.
André Martins culpa “sucessivos governos” pelo estado das urgências
O presidente da Câmara Municipal de Setúbal apontou responsabilidades aos “sucessivos governos” por não estar a ser assegurada uma resposta eficaz nas urgências de obstetrícia. Numa publicação feita esta terça- -feira na sua página da rede social Facebook André Martins afirma que é “muito, muito urgente uma solução para este problema” e que os “habitantes de Setúbal e da península não podem continuar a ser tratados desta forma pelos sucessivos governos”.
“Estamos a assistir a um verdadeiro retrocesso civilizacional na assistência à gravidez e aos nascimentos, que, aliás, já está a ter consequências graves”, escreve ainda.
Como fotografia de destaque o autarca utiliza uma imagem transmitida pela SIC onde se vê que as três urgências obstétricas da região – Setúbal, Barreiro e Almada – vão estar encerradas em simultâneo sendo que, neste segundo concelho, prevê-se que a valência esteja fechada por um período de 10 dias.