Desde Março que o apoio da delegação de Setúbal da Cruz Vermelha tem sido essencial na resposta à Covid-19
Isabel Machado, membro da Comissão Administrativa e presidente da Delegação Local de Setúbal da Cruz Vermelha Portuguesa fala sobre meses de “trabalho intenso desde que a Covid-19 chegou ao distrito”, com a capacidade de resposta da instituição a correr o risco de ficar comprometida “devido aos recursos humanos e materiais extra que estão a ser necessários e representam milhares de euros a mais, todos os meses”.
Em Setúbal, a delegação da Cruz Vermelha desenvolve actividade na área da emergência, com uma estrutura operacional na zona dos Quatro Caminhos, “onde mantém uma ambulância e uma equipa disponível 24h00 por dia. E presta também serviços de transporte a doentes não urgentes, para tratamentos médicos de hemodiálise e fisioterapia”, refere Isabel Machado.
Entre voluntários e assalariados, 42 pessoas trabalham diariamente na unidade de emergência que devido à Covid-19 passou por um alargamento de serviços, “integrando vários grupos de trabalho no distrito de Setúbal, assim como as reuniões diárias da Comissão Municipal de Protecção Civil de Setúbal”. E está presente no campus do Hospital São Bernardo, com uma tenda de campanha para apoio à triagem à Covid-19.
Enfrentar a pandemia
Em Fevereiro a delegação da Cruz Vermelha começou a reforçar os stocks de Equipamentos de Protecção Individual quando deu conta do panorama que se estava a registar em outros países, “não só para garantir a segurança dos funcionários, mas também para que pudéssemos apoiar outras entidades do concelho com esse stock de material”. E durante Março e Abril, manteve uma viatura exclusivamente dedicada ao transporte de doentes Covid-19, muito para além do concelho e do distrito.
Agora se o próximo semestre trouxer uma incidência ainda maior de Covid-19 a “operacionalidade da Cruz Vermelha, assim como a de muitas associações do concelho e do país que prestam assistência social ou de saúde estará a correr risco de ruptura devido ao aumento considerável de despesa que a aquisição de Equipamentos de Protecção Individual e reforço da operacionalidade implica”, alerta Isabel Machado.
Fátima Henriques, que também integra a Comissão Administrativa da Delegação Local de Setúbal, destaca ainda o reforço no apoio domiciliário, “que conta agora com uma equipa de 12 assistentes domiciliários, desde higiene a alimentação”. Além da ajuda alimentar a cerca de 70 famílias carenciadas. “Uma área em que estamos com dificuldade, porque muitas das nossas reservas vêm das duas campanhas que realizamos anualmente, em parceria com a Missão Continente”, assume. “Devido à Covid-19 não foi possível realizar as campanhas, o que, no futuro poderá trazer dificuldade de sustentabilidade se a situação da Covid-19 de agravar”.
Insignes fundadores
A delegação de Setúbal desta instituição benemérita foi oficialmente reconhecida a 18 de Janeiro de 1916, com sede no Largo da Misericórdia, onde permanece até hoje.
Após a eleição dos corpos gerentes, a 5 de Fevereiro de 1916, João Severo Duarte da Silveira presidiu à primeira direcção, tendo como secretário Leonardo d’Apresentação Gomes e como tesoureiro Leonardo dos Santos Borges.
Dias depois estava ao serviço da delegação uma ambulância, estando inscritos 25 membros e 5 reservas, nos quais se destacava o jovem médico Galiano Esteves Vieira d’Abreu, oficial setubalense equiparado no Corpo Expedicionário Português.
Com o passar dos anos, a delegação de Setúbal sentiu que a população necessitava de apoio em várias áreas, nomeadamente os idosos em isolamento nas zonas periféricas da cidade. Foi então criado em 1998 o primeiro protocolo com a Segurança Social, de Serviço de Apoio Domiciliário (SAD) a idosos e/ou dependentes.
B.I.
Nome: Cruz Vermelha, delegação de Setúbal
Localidade: Setúbal
Data de fundação: 18 de Janeiro de 1916, 104 anos
Principais actividades: Prestação de socorro e assistência social
Actual presidente: Isabel Machado