Obra “Dicionário de Imprensa Periódica do Antigo Regime em Portugal – Volume I (1704-1807)” foi apresentada na Casa da Cultura
A investigação para compreender como funcionava a censura durante o Antigo Regime acabou por se tornar numa obra cujo primeiro volume foi agora lançado. Daniel Pires assina o “Dicionário de Imprensa Periódica do Antigo Regime em Portugal – Volume I (1704-1807)”.
O escritor e professor, grande interessado pela vida e obra do poeta Bocage, debruçou-se sobre a investigação durante cerca de 20 anos, consultou jornais impressos nos tempos finais deste regime e, nomeadamente, aqueles que depois de submetidos à censura foram “inviabilizados”.
“Não queria transcrever apenas o que já havia sido escrito sobre o tema, por isso utilizei uma metodologia diferente. Comecei por ver o que havia sido impresso e encontrei algumas informações inéditas”, explicou o autor no sábado, durante a apresentação da obra na Casa da Cultura. Daniel Pires teve a ajuda de coleccionadores de jornais, que contactou, partindo daqui o trabalho que o levou a visitar arquivos e bibliotecas de vários pontos do País.
“Neste dicionário são partilhados os manuscritos enviados ao Marquês de Pombal a solicitar a publicação de nove jornais, acompanhados da anotação “escusado” feita pelo Marquês. Entre 1760 e 1776, ele autorizou a publicação de um único jornal composto apenas por anúncios, alguns dos quais também publico no livro”, adiantou ainda, como se lê na informação enviada ao nosso jornal.
A obra conta com prefácio de Viriato Soromenho-Marques que explica que este é “um objecto literário importante” pois “não se limita a ser uma mera descrição, mas sim uma obra rica de conteúdo e de contextualização”.
O professor catedrático e filósofo aproveitou ainda para agradecer à autarquia setubalense o apoio dado no desenvolvimento da cultura. “Nem sempre a cultura é vista pelos nossos representantes políticos com o interesse que o presidente da Câmara Municipal de Setúbal tem manifestado ao longo dos anos”.
José Eduardo Franco considera que o livro “vem colmatar uma lacuna grave ao revelar a história menos conhecida do germinar da imprensa em Portugal”. O historiador destaca-a ainda como uma “obra de referência para conhecer o ambiente, o contexto e os circuitos em que se movia a imprensa, bem como o que nela se publicava”.
Também presente na apresentação esteve o presidente da Câmara Municipal de Setúbal que agradeceu a Daniel Pires o “contributo que tem dado para o enriquecimento cultural da comunidade”. “Hoje partilha connosco outro tema de grande relevância e que dá a conhecer de uma forma diferente, através da Imprensa, como era a época do Antigo Regime e que foi também a época em que viveu Bocage”, disse André Martins.
O autarca considerou ainda que esta é “uma extraordinária obra” e assegurou continuar a afirmar parcerias e a apoiar iniciativas que, tal como esta, “contribuem para o conhecimento da história e para o enriquecimento cultural”.