Números revelam que quantidade de utilizadores aumentou. População fala em incumprimento de horários e de menos transportes
Após dois anos ao serviço dos setubalenses, os dados da Carris Metropolitana mostram um balanço positivo, mas neste período os utentes queixam-se de incumprimento de horários, percursos longos, diminuição de autocarros à noite e falta de conexão entre os horários do autocarro e comboio.
A Alsa Todi, operadora dos transportes da Carris Metropolitana no concelho de Setúbal, refere que não recebeu queixas sobre estes problemas, enquanto a Câmara Municipal de Setúbal explica que existem “questões a serem melhoradas”.
A Alsa Todi, em declarações a O SETUBALENSE, explica que não tem recebido reclamações por parte dos utentes relativamente aos horários, sendo que “são respeitados e sempre cumprindo as normas de segurança das regras rodoviárias”. A Alsa Todi, operadora na área 4, que engloba os concelhos de Alcochete, Moita, Montijo, Palmela, Setúbal e parte do Barreiro, diz ter sido pioneira na contratação e integração “com sucesso” de motoristas de Cabo Verde, provocada pela “falta de mão de obra em Portugal”, para responder a este desafio. Os dados revelam que em Abril deste ano, comparando ao período homólogo do ano passado, houve um aumento de 520 mil utentes a utilizar o serviço, acabando por se tornar num balanço positivo para a transportadora.
Mesmo com estes números, os problemas parecem não acabar para os utentes, que descrevem o percurso como “longo”. Com “mais paragens que antigamente”, os utentes queixam-se da demora excessiva em chegar ao seu destino. Nuelma Valente expõe o problema a O SETUBALENSE, afirmando que demora cerca de 45 minutos do Bairro Padre Nabeto até Setúbal. A utente explica ainda que foi a partir de Abril que houve uma alteração no seu trajecto habi tual, e que agora existem paragens no Auchan, no Bairro São Gabriel e no Bairro Camolas. Descrevendo como “uma volta desnecessária”, Nuelma sublinha que já existem autocarros que cobrem estes locais.
Além das críticas ao trajecto longo, outra das questões levantadas pelos utentes é a falta de transporte à noite. José Vareta, utente que se desloca para Lisboa, afirma que com a diminuição de horários de madrugada tem de recorrer a transportes alternativos, algo que considera “um transtorno”. Apesar da existência destas alternativas, como é o caso do comboio, utentes como Adílson Muanza queixam-se da “falta de conexão entre os horários do comboio e dos autocarros”, incompatibilidade esta que já resultou em esperas de uma hora pelo próximo transporte, refere o utente.
Madalena Silva, utilizadora da Carris Metropolitana, explica que alguns autocarros “não correspondem ao horário que está na plataforma” e que por vezes “estão muito adiantados”.
Ainda há quem fale em “autocarros desaparecidos”, como Diogo Oliveira caracteriza o serviço. “Nem contente, nem descontente”, Diogo considera que, com a vinda da Carris, os transportes melhoraram, mas ainda existe a questão dos atrasos para ser resolvida.
Já a Câmara Municipal de Setúbal realça que nestes dois anos a transportadora teve um balanço positivo na cidade, com a autarquia sadina a reconhecer que existem “questões a serem melhoradas”, considerando que a operação está mais estável actualmente do que no início. Em declarações a O SETUBALENSE, Rita Carvalho, vereadora da Câmara Municipal de Setúbal com o pelouro
da Mobilidade, frisa que, dentro de uma “ordem aceitável das dificuldades”, existe diariamente uma revisão e acompanhamento de inconveniências que surgem à operadora.
Pagamento Utentes podem adquirir bilhete com MB Way
Desde dia 12 de Junho, quem utilizar os serviços da Carris pode aceder ao serviço de MB WAY para “adquirir e validar a tarifa a bordo”, dispensando de pagamento em numerário.
Para utilizar este serviço, os utentes apenas precisam de apresentar um código QR nos validadores dos autocarros, tornando assim o processo completamente digital. Esta “solução inovadora” pretende promover uma “melhor mobilidade, mais prática e sustentável na cidade”, sublinha Pedro de Brito Bogas, presidente do Conselho de Administração da Carris.
Em nota de Imprensa, é explicado que este método de pagamento só é possível através da parceria com a SIBS, empresa responsável pela gestão das Redes Multibanco. Madalena Cascais Tomé, directora-executiva do grupo SIBS, reconhece que a introdução desta inovação nos autocarros será uma forma de “modernização da mobilidade urbana”, proporcionando “uma forma rápida e conveniente de pagar viagens”. A administradora aponta ainda que a missão da empresa é “trabalhar todos os dias para desenvolver soluções que contribuam para a conveniência e para a mobilidade dos portugueses”.