Bispo de Setúbal informou que o valor da renúncia quaresmal deste ano será encaminhado “para duas realidades de carência, de natureza interna e externa”
O cardeal Américo Aguiar alertou esta quarta-feira para o actual “tempo de incertezas”, com a guerra na Ucrânia que “não acaba” e onde “já se passaram três anos e os bombardeamentos continuam a destruir o que já está destruído”.
Também a situação no Médio Oriente, onde o “ódio continua a determinar comportamentos e aquilo que hoje é decidido em favor da paz, amanhã pode não acontecer”, marca a mensagem do bispo de Setúbal para a Quaresma.
No texto divulgado hoje, Quarta-feira de Cinzas, Américo Aguiar remete para as “cinzas” que são “os soldados mortos nos campos de batalha, as viúvas que choram os seus maridos, as crianças órfãs vítimas de redes de tráfico infantil, os pais e as mães que recebem os corpos dos seus filhos”.
Como cristãos, “a nossa vida está marcada por uma permanente tensão, claramente explicada no mandamento da Lei que nos diz: amarás os teus inimigos como a ti mesmo… um mandamento que se vai declinando em tantas, mas tantas propostas de amor. Ignorar as ofensas que nos fazem. Colocar o bem dos outros à frente dos nossos desejos e vontades”, acrescenta o cardeal no seu texto.
“Não sabemos o que irá acontecer nos próximos dias, semanas ou meses. Não sabemos se a paz vai chegar ao povo martirizado da Ucrânia, se a Terra Santa se poderá visitar no próximo Verão, nem se a Palestina encontrará o seu território. Mas sei que Deus nunca nos abandona e que cada um de nós é muito amado. Sei que a Humanidade é capaz do pior, mas também do melhor”, escreve Américo Aguiar.
Neste contexto, volta-se para a sua diocese, Setúbal, e exorta os cristãos a que sejam “capazes de encarar os dramas das violências”.
“Que juntos, procurássemos encontrar a melhor forma de erradicar a violência doméstica capaz de matar; a violência verbal, capaz de destruir; a violência da fome, do desemprego e de tantas outras carências. Que cada cristão, cada homem e cada mulher, cada jovem da Diocese de Setúbal, assuma o seu papel, nesta luta que mata e destrói à nossa volta”, pede o cardeal Américo Aguiar na sua mensagem.
Entretanto, o bispo de Setúbal informou que o valor da renúncia quaresmal deste ano será encaminhado “para duas realidades de carência, de natureza interna e externa”.
“A parte que concerne à realidade interna destina-se ao apoio de situações de emergência na Diocese, através do Fundo de Emergência Diocesano. O restante valor recolhido reverterá, novamente, para o apoio às crianças visadas no conflito armado da Terra Santa, nomeadamente, e será entregue ao Cardeal Pierbattista Pizzaballa, Patriarca Latino de Jerusalém. Em 2024 foram entregues a Jerusalém 55.527,10 euros”.