António Jorge e Maria Mariani sagraram-se campeões mundiais de kickboxing na Irlanda. A dupla conquistou três medalhas de ouro no total e, em entrevista a O SETUBALENSE-DIÁRIO DA REGIÃO, fala numa experiência que compensou todos os sacrifícios dos últimos dez anos.
António Jorge e Maria Mariani viram recompensada a energia que, nos últimos dez anos, investiram na prática de kickboxing e sagraram-se campeões mundiais no ISKA World Championship, na Irlanda. A dupla setubalense trouxe para a cidade do Sado três medalhas de ouro e uma de bronze e foi recebida em festa no aeroporto, num momento que veio fechar a aventura com chave de ouro.
“Foram cinco dias de altos e baixos mas conseguimos o ouro e foi sem dúvida a nossa melhor experiência”, contou Maria Mariani a O SETUBALENSE-DIÁRIO DA REGIÃO. A jovem de 18 anos diz estar a viver um sonho, um sentimento partilhado pelo colega António Jorge. “Quando começamos a competir, olhamos sempre para os campeões do mundo. Conseguir alcançar esse nível é um sonho tornado realidade”, afirmou.
Maria Mariani venceu a medalha de ouro em low kick e a de bronze em k1, ao passo que António Jorge chegou ao ouro em k1 e full-contact. Para o mestre Henrique Diogo, trata-se um feito incrível e merecido pela dupla. “É gratificante. É um trabalho que já fazemos juntos há alguns anos e chegar a este patamar é o topo. Eles os dois destacaram-se mais mas acredito que se todos se esforçarem como eles, conseguirão chegar lá mais tarde ou mais cedo”, afirmou, admitindo que já esperava um bom resultado: “Estávamos a espera de regressar com medalhas.”
A lutar desde os oito anos, a dupla já tinha participado noutras provas e explica quais os principais obstáculos que teve de ultrapassar. “O peso é a nossa maior batalha. Temos de fazer dietas e muitos sacrifícios, como estar num jantar e ter de nos privar de certas coisas. A segunda maior batalha é aquele pequeno momento antes do árbitro começar o combate. Depois do primeiro golpe, é sempre para a frente”, revelou António Jorge. “Temos esta vida e temos de a saber equilibrar com outras coisas. Não temos a vida de um jovem normal, mas se queremos mesmo isto temos de nos focar”, afirmou Maria Mariani, que destacou o papel do mestre Henrique Diogo: “É a base de tudo isto. Se chegámos aqui, é graças ao apoio que recebemos. Para mim, é como um pai que me acompanha desde pequena. Confio nele ao ponto de pôr as mãos no fogo.”
Conquistado o ouro, os jovens já pensam nos próximos desafios. “Era um sonho ser campeã do mundo. Agora, todos os outros sonhos tornam-se objetivos”, disse Maria Mariani, com António Jorge a destacar o feito, conseguido num país que por vezes desvaloriza os desportos de combate: “Apesar de estarmos contra tudo e contra todos, porque costumamos ficar esquecidos entre os restantes, fomos lá fora e fizemos o nosso trabalho. Trouxemos duas medalhas de ouro e isso acaba por ser uma chapada de luva branca para muita gente.”