Após debate sobre situação do Centro Hospitalar de Setúbal, autarcas garantem estar prontos para “acampar” caso não obtenham resposta governamental
Os presidentes autarquias de Setúbal, Palmela e Sesimbra querem reunir de forma urgente com a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, e garantem que, caso seja necessário, “acampam” à porta do ministério até obterem uma resposta. A decisão foi tomada no Fórum Intermunicipal da Saúde, que reúne os municípios de Setúbal, Palmela e Sesimbra, onde os autarcas debateram a actual situação do Centro Hospitalar de Setúbal e dos cuidados de saúde primários na região.
Foi no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Setúbal que decorreu esta quarta reunião do Fórum, na passada sexta-feira, com a presença dos presidentes das câmaras Municipais de Setúbal, Palmela e de Sesimbra, André Martins, Álvaro Amaro e Francisco Jesus, que os autarcas decidiram dar o prazo de 15 dias após o pedido de reunião ser feito, caso contrário, os três presidentes de câmara irão ao Ministério da Saúde com o objetivo de serem recebidos. Quem se mostrou bastante disponível para acompanhar os autarcas foram as as comissões de utentes do Pinhal Novo e da Quinta do Conde, que marcaram presença neste fórum.
Nesta reunião, o autarca de Setúbal apontou que, desde que o Governo implementou o Plano de Emergência e Transformação da Saúde, os utentes sem médico de família nos três municípios passaram a ser 75.654, ou seja, mais 13.325 do que há um ano, mais 17,6 por cento, algo que significa que só nos cuidados de saúde primários faltam “entre 40 e 50 médicos”, segundo o edil.
“No que se refere aos cuidados hospitalares, o Governo não teve sequer o cuidado de contactar previamente os municípios quando decidiu estabelecer o actual regime de urgências de obstetrícia e pediatria na Península de Setúbal, impondo o seu encerramento rotativo”, referiu, acrescentando que neste momento a situação é “pior” do que há um ano. Para André Martins é necessário colocar à ministra a “questão muito importante” relacionada com a falta de profissionais de saúde.
Para Francisco Jesus, autarca de Sesimbra, “a situação ainda é caótica” no que diz respeito ao Centro Hospitalar de Setúbal e que, mesmo com a mudança de Governo a situação “não melhorou”.
Já Álvaro Amaro, de Palmela, sublinhou a importância de voltar a reunir “urgentemente” com a titular da pasta da saúde, explicando que não houve qualquer “variância no sentido positivo”, tendo até sentido “algum agravamento”. O autarca palmelense garantiu ainda que “se for necessario”, os autarcas voltam a “acampar” à porta do ministério até que sejam ouvidos.
A realização desta quarta reunião do fórum pretendeu actualizar a avaliação das condições de acesso aos cuidados de saúde nos três municípios, nomeadamente os prejuízos para os doentes resultantes da falta de médicos de família nos centros de saúde e dos sucessivos encerramentos de urgências no Centro Hospitalar de Setúbal.