Câmara de Setúbal atribui 14 mil euros às colectividades e associações das Marchas Populares

Câmara de Setúbal atribui 14 mil euros às colectividades e associações das Marchas Populares

Câmara de Setúbal atribui 14 mil euros às colectividades e associações das Marchas Populares

Apoios a participantes e organização do concurso geraram acesa troca de palavras entre bancada socialista e gestão CDU

 

Catorze mil euros. É este o valor do apoio que a Câmara Municipal de Setúbal vai conceder a cada uma das cinco colectividades e associações participantes no concurso deste ano das Marchas Populares. A atribuição do montante foi aprovada na reunião pública da passada quarta-feira.

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Apesar de a decisão ter sido votada por unanimidade, a mesma foi largamente debatida entre o executivo municipal, gerando-se uma acesa discussão entre a bancada do Partido Socialista (PS) e a gestão CDU.

Depois de Pedro Pina (CDU) introduzir a proposta, o vereador socialista Fernando José atirou algumas críticas. “Chegados a 2022 temos uma diminuição drástica ao nível da participação das colectividades (…), como também um constante decréscimo do apoio a nível financeiro, da responsabilidade da Câmara Municipal”, começou por afirmar o vereador do PS.

Fernando José criticou igualmente a forma como a organização do evento foi montada, uma vez que considera que “não se pode pedir, a qualquer colectividade, que em menos de três meses tome a decisão de participar e concretizar toda a logística”.

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Por esta razão, acusou a maioria CDU, que governa a autarquia, de inércia, comparando o evento em Setúbal com a situação em Lisboa, onde em Janeiro já se tinham montado as condições para o concurso das marchas populares.

O eleito do PS disse ainda que a CDU “cria barreiras à comunicação” e que não promove o diálogo com a oposição.

Pedro Pina (CDU) diz que críticas são “insultuosas”

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Sobre as críticas feitas pelos socialistas, Pedro Pina, vereador com o pelouro da Cultura, caracterizou-as como “insultuosas”, recordando o apoio prestado pela autarquia a associações e colectividades.

“Nestes últimos dois anos, apesar de um período de enormes dificuldades, a Câmara Municipal nunca deixou de apoiar as suas colectividades”, referiu o autarca comunista. Em seguida, acrescentou: “Deixamos claro que esta tradição e este trabalho [realizado por colectividades e associações] deveria de ser sempre reconhecido”.

Também André Martins, presidente da edilidade, não quis deixar passar em claro as acusações proferidas pelos socialistas e relembrou a última gestão do PS em Setúbal.

“Lembro-me das marchas não se terem realizado apenas por três ocasiões: nestes dois últimos anos, devido à covid, e uma porque a câmara não tinha dinheiro, devido a uma gestão anterior”, atirou o autarca.

O apoio financeiro será entregue em três momentos, recebendo cada entidade 3 500 euros no final de Abril, 5 500 euros durante o mês de Maio e 5 000 euros até à terceira semana de Junho.

Recomendação socialista voltou a ‘agitar as águas’

O assunto parecia ultrapassado, mas a votação de uma recomendação avançada pelos vereadores do Partido Socialista, para o concurso das Marchas Populares, voltou a acender os ânimos.

A proposta socialista pretendia a fixação de um prémio de participação mínimo de 15 mil euros a cada participante, a aplicar a partir do concurso do próximo ano, a divulgação e promoção do concurso a nível local e nacional por meios físicos e digitais, a constituição de um grupo de trabalho para a sua preparação e a criação de um museu das Marchas Populares de Setúbal.

Fernando José (PS) garantiu que a proposta foi apresentada com vista a “melhorar o concurso”, assim como “para evitar que este continue a definhar no concelho”. Lamentou também que os prémios pouco tenham subido desde a gestão socialista na autarquia.

André Martins reconheceu convergências na recomendação do PS, mas não deixou passar despercebido o ataque de Fernando José e ‘voltou à carga’. “O que acontecia há 21 anos [última gestão socialista] significou que passados dois anos nós ficámos sem marchas, porque a Câmara Municipal não tinha dinheiro para fazer as marchas”, afirmou o edil.

“Não tragam matérias do passado, porque fazem lembrar tempos difíceis que os setubalenses viveram. A ver se aprendem alguma coisa”, atirou. A bancada socialista agitou-se e Fernando José condenou a intervenção de André Martins.

“A forma como o presidente se dirige aos vereadores do Partido Socialista não é a mais correcta por parte do presidente que está a dirigir os trabalhos”, afirmou o vereador. A concluir, disse: “O senhor é mais velho do que nós, mas não é nosso pai”.

“Nem quero ser, pode ter a certeza disso”, respondeu André Martins, de forma imediata. Por parte da bancada do Partido Social-Democrata (PSD), disse o vereador Fernando Negrão querer “ver privilegiada a criação do grupo de trabalho, porque é deste que saem propostas como a criação do museu e mais investimentos”.

A recomendação acabaria por ser aprovada com os votos favoráveis do PS e PSD e com a abstenção da CDU. A edição deste ano do tradicional certame setubalense prevê a realização de dois desfiles, abertos ao público, um de apresentação, a 25 de Junho, e outro a concurso, a 2 de Julho.

Participam nas Marchas Populares de Setúbal 2022 o Clube Recreativo Palhavã, o Grupo Desportivo Independente, o Núcleo dos Amigos do Bairro Santos Nicolau, o Grupo Desportivo Setubalense “Os 13” e a União Desportiva e Recreativa das Pontes.

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