Bernardo Botelho: “A arquitectura é uma paixão que quero manter o resto da vida”

Bernardo Botelho: “A arquitectura é uma paixão que quero manter o resto da vida”

Bernardo Botelho: “A arquitectura é uma paixão que quero manter o resto da vida”

Com apenas 18 anos, o jovem aluno setubalense tem já um percurso artístico vincado, com várias obras, e muito surpreendente

 

Bernardo Botelho estudou sempre em Setúbal, entre a Escola das Areias, a Escola Básica du Bocage e mais recentemente a Escola Secundária du Bocage. No que diz respeito à sua educação e formação nas artes visuais, estas decorreram quase em ziguezague, apesar de o gosto pelas mesmas se manter inalterado.

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“No quinto ano, tive Educação Visual, mas entrei no Conservatório para estudar violino e as outras disciplinas da instituição. Quando fui para o sétimo ano, deixei de ter Educação Visual na escola e só mais tarde, no décimo, quando entrei para Artes, continuei a estudar na área de que gostava”, começa por dizer.

O desenho existe na sua vida desde criança e já nesses tempos os seus pais notavam algo diferenciador nos rabiscos e desenhos que então fazia. “Adorava replicar desenhos, sempre fui muito atento a tudo o que estava à minha volta. No primeiro ciclo, por exemplo, tive uma grande fixação pelas marchas populares. Obrigava os meus pais a irmos e depois estava meses a desenhar aquilo de que me lembrava, das roupas e de toda a envolvência”, partilha.

O interesse e a produção cresceram quando, no decorrer do seu décimo ano de escolaridade, se dá o primeiro confinamento. “Como gosto imenso de sair de casa e ir por exemplo à Praça de Bocage e à baixa, em visitas em que acabo também por absorver inspiração, obrigado a estar em casa comecei a produzir mais”, diz. “Ainda antes de começar, não sabia bem por que linha ir, se fazia algo mais cubista, mais geometrizado ou muito realista”, acrescenta.

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Depois de uma árdua pesquisa para conhecer artistas e procurar inspiração, pediu emprestado à tia o DVD do documentário “Paula Rego, histórias & segredos”. Ao ver, “achei que a forma de ela contar histórias clássicas de uma maneira tão actual e agressiva era o ideal para também eu passar a mensagem que queria”. Tendo o método de Paula Rego como inspiração, mobilizou os familiares para posar para si e “resultou. Aprendi muito, desde estética a fazer figura humana, tudo realista. Aperfeiçoei muito a técnica do pastel seco, foi uma pintora que me marcou muito”.

Neste período, “Os Lusíadas”, obra que há dois anos se encontrava a ler e a estudar, ganharam finalmente nova forma, das páginas do livro para a tela, com assinatura de Bernardo Botelho. “No secundário, tive um professor de português que despertou o grande interesse em mim pela literatura portuguesa e pela cultura portuguesa em si. Eu não dava valor nenhum ao que temos e sempre disse que gostava de ir estudar para Londres na faculdade e trabalhar para fora”, confessa. “Ele fez-me ver que temos coisas do melhor cá e a minha aposta nesta obra vem também no sentido de mostrar isso”, adianta, para depois explicar que “apesar de ser uma obra muito antiga dos descobrimentos, estou a fazer os quadros muito afastados disso. Utilizo mais as metáforas para mostrar a verdadeira mensagem por trás da epopeia, que é a mesma da ‘Mensagem’ de Fernando Pessoa”.

Foi precisamente a Fernando Pessoa que dedicou uma escultura, que hoje decora a sala de sua casa, na hora de escolher um tema para um trabalho da escola. “Sou fascinado pelas artes no geral, mas se não tivesse sido desafiado não teria feito escultura e agora dá-me muita vontade de fazer mais”, conta.

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Pegar no passado para construir o presente

Encantado por história de arte e história em si, “pego em eventos passados muito marcantes que de certa forma têm uma moral e trago-os para agora. As mensagens continuam muito actuais e gosto imenso de pegar na mensagem de pinturas antigas e fazê-las de forma completamente diferente”. Bernardo Botelho é, no fundo, “fascinado por contar histórias. Gosto sempre de ver quadros que me contam uma história e nos quais consigo identificar algo mais, sentir os sentimentos das figuras representadas como um filme feito no quadro”.

Também a partir de histórias e figuras do universo Disney, o jovem setubalense lançou recentemente uma colecção de seis tote bags pintadas por si.

Completou neste ano lectivo o ensino secundário e projecta o seu futuro na arquitectura, área na qual ingressará em breve no ensino superior, mantendo sempre as restantes artes por perto. “No décimo ano, a disciplina de geometria descritiva despertou-me muito o gosto pela arquitectura. Comecei a pesquisar, a ficar completamente rendido e a investir tudo o que podia em livros sobre o tema”, afirma. “Realmente foi uma paixão vinda do nada, mas é o que quero fazer para o resto da vida. Arquitectura fascina-me bastante mais do que pintar, apesar de ter um fascínio incondicional pelas artes e acho que isso vai estar sempre presente na arquitectura que eu vier a fazer”, termina.

 

Bernardo Botelho à queima-roupa

Idade: 18 anos

Naturalidade: Setúbal

Residência: Setúbal

Área: Artes visuais

O amor incondicional pelas artes vai estar sempre presente na arquitectura que vier a fazer

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