Candidata à Câmara de Setúbal quer transformar concelho com justiça social, sustentabilidade e democracia ativa
O Bloco de Esquerda (BE) apresentou oficialmente Daniela Rodrigues como candidata à presidência da Câmara Municipal de Setúbal para as eleições autárquicas que se aproximam, numa cerimónia marcada por uma forte mensagem de defesa da democracia local, da participação cidadã e da justiça social. Com o lema “Por Setúbal, pelas pessoas”, a candidatura propõe um modelo de governação que coloca as necessidades da população no centro das decisões políticas e do desenvolvimento territorial.
Nesta quarta-feira, o partido anunciou também Sara Amieiro como candidata à Junta de Freguesia do Sado, Tiago Dinis à União de Freguesias de Azeitão, João Cruz à freguesia de Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra, Silvana Paulino à União de Freguesias de Setúbal e Tomás Fernandes à freguesia de S. Sebastião.
Com 32 anos, Daniela Rodrigues é historiadora e lidera uma candidatura que “alia experiência e renovação, envolvendo diferentes gerações numa reflexão coletiva sobre o futuro” do concelho. No seu discurso de apresentação, que teve lugar no Jardim da Saúde, a candidata destacou a necessidade de regressar às raízes da cidadania e da democracia: “É preciso recordar que o exercício da cidadania é uma experiência que tem de ser real, e reencontrar os alicerces da experiência democrática para que possamos voltar a imaginar e construir o território, a cidade e o campo em que queremos viver”, afirmou.
A candidata reforçou que o BE se apresenta como uma força progressista, inclusiva e ecológica, comprometida com a melhoria contínua de todas as vertentes que garantem uma vida digna aos cidadãos, desde a habitação e saúde até à mobilidade, educação e proteção ambiental. “Somos a candidatura da Esquerda que é a alternativa responsável, que oferece unidade na resposta aos problemas das pessoas, capaz de estancar a deriva autoritária que capitaliza o descontentamento legítimo da população”, afirmou Daniela Rodrigues.
Um dos temas centrais do discurso foi a habitação, considerada uma “ferida aberta” em Setúbal e Azeitão. Daniela Rodrigues enfatizou a urgência de habitação a custos controlados e de ampliar o Parque Habitacional Público, incluindo a recuperação do edificado municipal existente. “Não podemos recuar no acesso pleno ao primeiro direito de todos: a habitação. A autarquia tem de estar à altura de ajudar a sanar este flagrante problema de acesso à habitação”, sublinhou.
A candidata abordou também a desigualdade socioeconómica e a segregação territorial, defendendo a criação de novas centralidades e um desenvolvimento multipolar sustentado do concelho. Para Daniela Rodrigues, a coesão social e territorial é um requisito essencial para uma democracia local saudável.
A preservação ambiental e o acesso ao espaço público foram outros pontos fortes do discurso. A candidata rejeitou projetos de marinas de luxo e condomínios exclusivos que limitem o uso das docas e do território à população local, e defendeu a manutenção do Parque das Merendas da Comenda e a remoção das barreiras que limitam o acesso a trilhos na Arrábida. “O direito ao espaço público é inalienável. Estes espaços são de todos nós e a autarquia tem de estar consciente disso”, frisou.
Outro tema abordado foi a segurança, com Daniela Rodrigues a destacar que a segurança depende da justiça social, do respeito pelos direitos adquiridos e da proteção contra a violência de género, com especial atenção à violência doméstica e aos crimes sexuais.
A participação cidadã foi apresentada como um princípio central da governação do BE, com Daniela Rodrigues a defender que os cidadãos devem ser envolvidos desde a conceção até a execução das políticas públicas locais, com orçamentos participativos, conselhos municipais temáticos e campanhas de sensibilização em áreas como ambiente e inclusão social. “A política autárquica deve contribuir para a emancipação, e não para a alienação da população”, afirmou.
No encerramento do discurso, Daniela Rodrigues reforçou o compromisso do BE em ser uma força transformadora, capaz de agir em prol do bem comum e representar os interesses da população em oposição a grupos económicos e interesses privados. “Cuidarmos uns dos outros talvez seja a ideia mais revolucionária que tenhamos de defender. Não há tempo para adiar a vida, não há tempo para adiar a democracia. Este é o tempo certo para renovar a confiança na ação transformadora do Bloco de Esquerda em Setúbal”, concluiu.