Manifestação é “revolta” contra “passividade” da Agência Portuguesa do Ambiente, dizem presidentes da câmara e da junta
Algumas dezenas de moradores compareceram esta segunda-feira de manhã no protesto, convocado pela Junta de Freguesia de Pontes, Gambia e Alto da Guerra, contra a poluição na vala da Mourisca, que tem gerado fortes odores e, segundo um proprietário agrícola, destruído uma plantação.
O presidente da Câmara de Setúbal, André Martins (CDU), disse que a razão para a manifestação é a “falta de medidas” que acabem com uma situação que classifica de “lamentável e revoltante. E o presidente da Junta de Freguesia, Luís Custódio (CDU), condenou o que diz ser a “passividade” da Agência Portuguesa do Ambiente (APA).
Como O SETUBALENSE noticiou esta segunda-feira, a APA já fez análises e concluiu que se trata de descargas indústrias feitas a partir do Centro Empresarial Sado Internacional e já notificou a administração do espaço, onde funcionam dezenas de empresas e o Mercado Abastecedor de Setúbal.
Os autarcas disseram não terem dúvidas de que a responsabilidade, pelos despejos é do centro empresarial e, pela demora na resolução do problema, é da APA, cuja Administração da Reserva Hidrográfica (ARH) do Alentejo tem acompanhado a situação e que já realizou as análises às águas.
André Martins defendeu que é “necessário e urgente” resolver o problema. “Levantam-se autos, há papeis, mas o problema permanece. Chegámos ao ponto de termos de convocar as pessoas.”, disse o presidente da câmara.
O encontro transformou-se numa espécie de tribuna pública, com intervenção de vários populares, com vários moradores a relatarem despejos ilegais de camiões de limpeza de fossas.
Os autarcas pediram às pessoas que mantenham a vigilância e relatem as ocorrências que testemunharem. “Pedimos que denunciem e garantimos o anonimato”, disse Luís Custódio.
Fábio Cruz, morador, relatou que “ainda há cerca de um mês e meio, a vala estava seca, [no troço] por cima do Bairro do Capador” e que só depois é que “começou a aparecer água vinda do Centro Empresarial”.
O presidente da Junta de Freguesia da Gambia, Pontes e Alto da Guerra sublinhou que, além de ser urgente acabar com as descargas, é necessário limpar a vala.
“Tem de ser feita uma descontaminação da vala”, defendeu Luís Custódio, argumentando que a contaminação é uma ameaça à actividade de produção de ostras, que tem atraído investimento.
“O rio Sado já estava completamente despoluído e agora a produção de ostras pode estar em causa, por negligencia. O que solicitamos é que o Centro Empresarial tome medidas.”, atirou Luís Custódio.
O protesto contou também com a participação de vários outros autarcas, como os vereadores comunistas Carlos Rabaçal, Pedro Pina e Rita Carvalho e membros da Assembleia de Freguesia da Pontes, Gambia e Alto da Guerra, como Pedro Vieitas Antunes, do PSD.