Dezenas de profissionais dos agrupamentos de escola da cidade estiveram em luta na Praça do Bocage
A Praça do Bocage encheu na manhã desta segunda-feira com os assistentes operacionais, assistentes técnicos e técnicos especializados dos Agrupamentos de Escolas de Setúbal, a reivindicar melhores condições de carreira e, em grande destaque, o pedido da criação de uma carreira de técnico auxiliar de educação para valorizar estes profissionais.
Na organização da manifestação esteve o Sindicato de Professores, de Técnicos Superiores, de Assistentes Técnicos e Operacionais (SINAPE), cujo secretário-geral denunciou as condições destes trabalhadores.
“O que está a ocorrer com os assistentes operacionais é vergonhoso, falamos numa sociedade de trabalho digno e o que nós temos nestes trabalhadores é que não passam do ordenado mínimo. São avaliados, têm períodos de formação, têm avaliação, e quando progridem é para o ordenado mínimo, ou seja, constantemente pulam do ordenado mínimo para o ordenado mínimo. Não há dignidade nenhuma no trabalho”, descreveu Francisco Pinto em declarações a O SETUBALENSE.
O sindicato bate-se com a valorização das carreiras mas também com a renovação dos quadros porque esta é “uma classe extremamente envelhecida, muito feminina, e talvez por isso é que é muito explorada”.
O protesto que começou pelas 9 horas e terminou cerca de duas horas depois, em espaço situado em frente à Câmara Municipal de Setúbal, não contou com presença de nenhum membro do executivo, mas não foi por falta de convite. “Enviamos um convite ao presidente da Câmara de Setúbal para estar presente, visto serem trabalhadores da autarquia, e nem sequer tivemos resposta. Leva- -me a querer que, em Portugal, o poder político está a afastar-se muito do povo”, explica o secretário-geral do SINAPE.
Entre os vários manifestantes, que a certa altura chegaram a passar uma centena de participantes, esteve Lina Modesto, assistente operacional há mais de 30 anos num jardim de infância no concelho de Setúbal e que referiu que há “trabalho de equipa entre as educadoras de infância e as assistentes operacionais”. “Recebemos os meninos de manhã cedo, quando estão a chorar por causa da separação dos pais somos nós que acolhemos”.
Acrescenta que em três décadas de profissão continua a receber o ordenado mínimo.